“As farmácias melhoraram o acesso à Saúde em Portugal”

Manuela Pacheco, Presidente AFP

Manuela Pacheco, Presidente AFP

Manuela Pacheco dá a conhecer o contributo das farmácias comunitárias durante a pandemia para aumentar as respostas em saúde à população. No ano em que a associação comemora o seu 30º aniversário, a responsável sublinha que os serviços de proximidade que têm sido prestados a titulo excecional pelas farmácias permitiram melhorar o acesso dos utentes e descongestionar o SNS.

O atual contexto de pandemia colocou o Setor da Saúde no centro da discussão e sublinhou a importância de Portugal melhorar o acesso e garantir a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos. Durante estes mais de 18 meses, as farmácias comunitárias reinventaram-se e assumiram um lugar na linha da frente no combate à pandemia, reforçando o serviço de proximidade e chegando onde muitas vezes o SNS ainda não chega.

 

Qual a sua opinião sobre o sistema de saúde em Portugal?
Eu tenho uma opinião positiva sobre o nosso Serviço Nacional de Saúde e é inegável que se assume como um valioso legado para todos os portugueses. No entanto, também é verdade que o SNS tem fragilidades estruturais, nomeadamente relacionadas com a sua sustentabilidade financeira e com a pressão sociodemográfica, e que foram muito expostas pela pandemia.

 

O que pode ser feito para melhorar a prestação de cuidados de saúde da população portuguesa?
A pandemia da Covid-19 colocou a descoberto um conjunto de dificuldades estruturais do Sistema de Saúde em Portugal e exigiu que o setor rapidamente se reorganizasse, criando soluções que permitissem dar resposta ao expectável aumento da procura de cuidados de saúde por parte dos cidadãos.
Assim, demonstrou que o Estado, sozinho, não tem os recursos financeiros, humanos e técnicos necessários para atender a todas as necessidades de saúde da população. A solução, no nosso entender, assenta na criação de uma resposta conjunta, que integre os diversos agentes do setor da saúde, desde as entidades reguladoras, passando pelos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, técnicos de saúde, indústria farmacêutica, distribuidores de medicamentos e farmácias comunitárias, pois todos são cruciais para melhorarmos o acesso aos cuidados de saúde da população.

 

 

“A pandemia demonstrou que o Estado sozinho não tem recursos para atender todas as necessidades da população”

 

 

Em que medida a pandemia sublinhou a importância da colaboração entre as farmácias e o SNS?
Durante a pandemia, os serviços de saúde, nomeadamente os hospitalares, estiveram sob uma enorme pressão assistencial devido à crescente procura de doentes. Por outro lado, também os cuidados primários não conseguiram responder a todas as solicitações dos utentes.
Neste sentido, as farmácias têm estado, desde o início da pandemia, a disponibilizar um conjunto extraordinário de serviços por forma a dar resposta às necessidades da população que, face à situação pandémica, não encontra resposta nos centros de saúde.
Nos últimos meses, os centros de saúde e hospitais têm estado focados no combate à pandemia, deixando para segundo plano a prevenção, a continuidade do tratamento e a estabilização de diversas outras doenças graves. Assim, os utentes encontram nas farmácias um serviço de proximidade que, no caso dos doentes crónicos, lhes permite viver a sua doença com mais segurança.
Têm sido meses muito desafiantes também para os farmacêuticos comunitários que, demasiadas vezes, se têm assumido como primeiro e último contacto dos cidadãos com o sistema de saúde. Informando, aconselhando, mas também ajudando os utentes a monitorizar e controlar a sua doença, fazendo a referenciação e reencaminhamento para os cuidados de saúde primários e hospitalares apenas quando necessário. Deste modo, as farmácias têm contribuído ativamente não só para o acompanhamento da população, mas também para o descongestionamento do SNS.

 

“As farmácias têm contribuído para o acompanhamento da população e também para o descongestionamento do SNS”

 

 

Que serviços foram disponibilizados pelas farmácias durante a pandemia?
Atualmente, as farmácias comunitárias já não são apenas naturais dispensadoras de medicamentos. Hoje, prestam um conjunto alargado de serviços, onde se incluem o aconselhamento prestado aos utentes; a preparação individualizada de medicação; a administração de vacinas; as consultas de acompanhamento de doenças crónicas ou a disponibilização de rastreios e de testes bioquímicos.
Durante a pandemia, as farmácias comunitárias acrescentaram à lista de serviços prestados a disponibilização de medicamentos hospitalares, a entrega de medicamentos ao domicílio, a renovação de medicação crónica e a testagem da Covid-19, que contribui para a quebra de cadeias de transmissão e para a mitigação do novo coronavírus.
Com este serviço em proximidade, todos os dias as farmácias acompanham os utentes, evitando deslocações desnecessárias aos hospitais, e contribuindo para melhorar as respostas em saúde aos nossos cidadãos.

 

 

Projeto inovador recolhe mais de 300 mil seringas dos diabéticos usadas

O projeto inovador “Seringas Só No Agulhão”, criado em 2019 pela Associação de Farmácias de Portugal, já recolheu gratuitamente mais de 300 mil seringas e agulhas usadas que seriam depositadas no lixo doméstico.

O projeto, realizado em parceria com a empresa especializada na gestão de resíduos hospitalares, Stericycle, consiste na instalação de um contentor – o Agulhão – nas farmácias onde todos os cidadãos poderão colocar as suas seringas usadas.

A iniciativa foi criada com o objetivo de encontrar uma resposta para a falta de soluções seguras e ecológicas de recolha das seringas usadas pelos doentes diabéticos, bem como de todos os doentes que necessitam de medicamentos injetáveis.
“A AFP teve conhecimento das preocupações de alguns doentes diabéticos que se deparam com a inexistência de um sistema de recolha de seringas usadas. Sabemos que estes doentes têm muitas vezes de colocar as seringas dentro de garrafas de plástico que depois depositam no lixo comum. Este não é de todo o destino mais adequado para este tipo de resíduos”, explica a Presidente da AFP, Manuela Pacheco. “Neste sentido, a AFP considera ser absolutamente fundamental a criação de soluções nas farmácias que permitam aos utilizadores de medicamentos injetáveis entregarem as suas seringas usadas”, adiantou a responsável.
Recorde-se que até agora as farmácias faziam a recolha das seringas apenas no âmbito do PTS (Programa de Troca de Seringas) – um programa especialmente dirigido às Pessoas que Utilizam Drogas Injetáveis (PUDI). No caso do PTS, as farmácias recolhem as seringas usadas (que depois são destruídas) e, em troca, devolvem aos cidadãos material esterilizado.
Pode consultar a listagem das farmácias aderentes a este serviço gratuito através do site www.afp.com.pt

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