Café Ferreira: “Fabricamos o genuíno Pão de Ló de Alfeizerão”
É em Alfeizerão que se encontra o ex-líbris da região: o Pão de ló. Fátima e Paulo Rodrigues são hoje os gerentes do Café Ferreira, a pastelaria que guarda a receita original do verdadeiro Pão de Ló de Alfeizerão.
Tudo começou no final do século XIX, quando os mosteiros começaram a ser desocupados. Um grupo de monjas decidiu fugir para a zona de Alfeizerão onde encontraram Amália Grilo (trisavó de Fátima Rodrigues) e familiares. De bom coração a senhora ofereceu estadia às monjas fugidas sem esperar nada em troca. Mas, como tudo o que fazemos de bom, nos é retribuído, foi-lhe oferecido um dos melhores tesouros: a receita do Pão de Ló. A receita foi um sucesso e em 1923 valeu-lhe uma menção honrosa. Já no fim da sua vida, Amália Grilo, entrega o segredo à sua nora para que ela prosseguisse com a doçaria. Maria Ferreira (bisavó de Fátima Rodrigues) agarra assim no negócio e começa a explorar o produto de outra forma. Depois de uma sociedade mal sucedida em 1927, Maria Ferreira decide abrir um espaço, em 1947, e nasce assim o primeiro Café Ferreira. Existiram épocas em que chegou a ter dois espaços abertos em simultâneo, mas em 1964 decidiu demolir a casa original e criar uma de raiz onde permaneceu até falecer, em 1980. O negócio permaneceu vivo com os seus filhos. Em 1983 já estava no comando a quarta geração, ou seja, Maria Rosa Ferreira Suzano, a mãe da nossa entrevistada.. Em 1995, quatro anos após o falecimento da mãe, a casa fica fechada durante ano e meio. O negócio reabre em 1997 com Fátima Rodrigues , irmã, (quinta geração) e Maria de Fátima Ferreira Lopes, prima, (quarta geração)”. Dez anos mais tarde o irmão sai da sociedade e em 2014, por motivos de saúde, Maria de Fátima entrega a sua parte a Fátima Rodrigues com uma condição: “tens de manter o nome Café Ferreira”. Assim ficou até aos dias de hoje.
O famoso Pão de Ló de Alfeizerão
Conhecido e acarinhado por todos, o Pão de Ló de Alfeizerão tem resistido ao tempo e tem mantido as suas características mais tradicionais. “O fabrico do Pão de Ló foi ensinado com as mesmas técnicas com que se faz hoje não tendo nascido, como dizem por aí, devido a um engano por causa do rei Dom Carlos. Nós temos a noção de que temos nas mãos um legado, um produto que colocou Alfeizerão no mapa. Para isso é importante manter este produto fiel a si mesmo: fresco, fofo e com qualidade”.
Tendo como único ponto de venda a Casa Ferreira, Fátima não esconde que passam por lá todo o tipo de clientes, nomeadamente algumas figuras públicas. “Temos muitos clientes que fazem um desvio para conhecer as nossas iguarias”. Mas afinal o que tem de especial o Pão de Ló de Alfeizerão? Tem a leveza, o sabor, os produtos de qualidade da região e, acima de tudo, tem um selo de confiança inquestionável.
Uma grande diversidade de produtos
“Tudo o que produzimos é com as mesmas bases dos produtos da região, providenciando sabores diferentes. Em relação às massas dos nossos bolos, os clientes podem encontrar a de chocolate, pão de ló, amêndoa e noz. Depois temos empadas (frango, frango, caril e maçã, frango e espinafres, bacalhau), empadas doces (maçã e chocolate), trevos de amêndoa (a segunda receita mais antiga da casa), bola de berlim de alfarroba, bolos de aniversário, bolo-rei (só por encomenda), bolo rainha (com os verdadeiros frutos secos), folares de Páscoa, bolo de maçã e mel, broas (com uvas-passas, amêndoa ou noz), entre outros. Queremos estar sempre a inovar e procuramos ser melhores todos os dias”.
Futuro doce
Os sonhos são muitos. Desejam modernizar e aumentar o fabrico e começar a fazer distribuição para pontos-chave, mas todos estes planos são a longo prazo. Por enquanto, pretendem manter a essência do projeto e honrar o nome de família.