Casa das Bôlas: As Bôlas de Lamego chegam ao Porto

Pastelaria da Sé foi o primeiro nome e aquele que abriu portas à famosa Casa das Bôlas. Lamego foi a sua primeira casa, mais tarde voou até ao Porto. Hoje conta com três lojas, no total, sendo que a perspetiva é que, no próximo ano, o número aumente. A Revista Business Portugal esteve à conversa com Guilhermina Pereira, uma das três irmãs que viu o negócio crescer.

O início da Casa das Bôlas
Tudo teve início no dia 18 de maio de 1966, quando o seu pai, com a ajuda e apoio da sua mãe, decidiu abrir por conta própria e fazer um verdadeiro milagre pasteleiro. Guilhermina acrescenta que existe uma história que faz todo o sentido contar e que tem muito que ver com o espírito da família. “Os meus pais só souberam trabalhar a vida toda, começaram do zero e fizeram o que puderam. O primeiro dinheiro que entrou na loja, foi oferecido pela minha mãe à Capela do Santíssimo da Sé Catedral de Lamego e, a partir daí, o movimento do negócio aumentou significativamente”. O pai com uma capacidade enorme de trabalho e a mãe com uma vontade imensa de arriscar, convenceram-se de que seria uma boa ideia começarem a fazer algumas especialidades: a famosa bôla recheada. Uma massa baixinha, folhadinha e deliciosa. Passado 40 anos, de enorme sucesso, eles diziam que apenas esperavam que as três irmãs se formassem e, assim, terminariam a sua jornada na pastelaria. Embora fosse um plano conciso, Guilhermina e as suas irmãs decidiram que seria uma pena se uma casa daquelas fechasse. Dessa forma, deixaram as suas áreas de formação e assumiram o comando do negócio. Com o exemplo de dedicação, que sempre existiu em casa, conseguiram levar as suas bôlas até às bocas dos portuenses. “O Porto é a nossa cidade do coração porque as três estudámos aqui e, por isso, não havia outro local que fizesse mais sentido do que abrir uma nova casa nesta cidade”. Até à data, e já com mais de 50 anos de casa aberta, existem três Casas das Bôlas: duas em Lamego e uma no Porto.

As autênticas e originais bôlas
Em Trás-os-Montes, a bôla é conhecida e confecionada por todos. A fama da Bôla de Lamego surge a partir do momento em que começou a ser comercializada pelo pai de Guilhermina. “Essa é diferente de todas”, afirma. Tem características como o facto de ser baixa, folhadinha e de se desfazer na boca. Voltando o tempo atrás, os ingredientes eram escolhidos conforme aqueles que davam para conservar, como o presunto. “Lembro-me de muitas vezes os meus pais irem à segunda-feira – o dia de folga – às aldeias comprar presuntos caseiros, que eram salgados e por isso demolhados nas águas do rio”. Para além do presunto, também se adicionava à lista carne de vinha de alhos, bacalhau, sardinha, entre outros. Hoje em dia, a que tem mais saída é a Bôla da Casa, que é a que leva presunto e fiambre. Optam por colocar fiambre para não ficar tão salgada e as pessoas apreciam a combinação. Outra combinação que resulta muito bem é uma fatia de bôla acompanhada por uma taça de espumante. Guilhermina garante que é “uma combinação incrível”.

Manter o bom nome de Lamego até ao Porto
Sabemos que a reputação em Lamego é a melhor, mas tivemos curiosidade em perceber se houve algum segredo para que na casa do Porto fosse de igual forma. “Somos pessoas presentes e fomos muito bem recebidos. Por acaso não tinha ideia da comunidade de lamecenses que há no Porto, o que ajudou muito”, Contou Guilhermina Pereira. Pode-se dizer que o verdadeiro segredo é o de manter a receita e aspeto visual em todas as lojas, “é igual comprar uma Bôla de Lamego lá ou no Porto”, afirma.

Balanço de 2019 e projetos futuros
O ano que está a terminar foi exigente. Depararam-se com obstáculos que foram sucessivamente superados. “Agora ou subimos ou descemos… Não somos uma empresa pequena, mas também não somos uma grande empresa. Estamos nesse intervalo”. Colocando tudo isto na balança garante que, no fim, fica o sentimento de positivismo. Já com os olhos em 2020, soubemos que existem projetos como mudar novamente de instalações até porque o dia-a-dia assim o exige. “A partir do momento em que abrimos no Porto, não temos mãos a medir no fabrico em Lamego, o espaço já se tornou muito pequeno, temos que aumentar a área de fabrico. Caso seja concretizado será um espaço grande que lhes concederá maior capacidade de produção, mas não fica por aqui. “Todos os dias nos telefonam de Lisboa, Braga e outras localidades, porque querem perceber o conceito da nossa loja, se é um franchising ou se poderá vir a sê-lo. Temos de ponderar todas as situações”. Gostam de se deixar levar pela intuição e pelo coração – o que tem resultado – e, por isso, não tencionam fazer planos concretos.

Uma mensagem de Natal apetitosa
Como não poderia deixar de ser, aquilo que Guilhermina mais deseja para todos é que tenham muita saúde até porque, se realmente a tiverem, poderão deslocar-se até à Casa das Bôlas para comer um docinho ou um salgado e apreciar de um momento garantidamente delicioso.

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