Montalegre conquista Prémio Autarquia do Ano
A Presidente da Câmara de Montalegre, Fátima Fernandes, considera o título Autarquia do Ano um reconhecimento motivador para os colaboradores e um impulso ao orgulho comunitário. O município tem-se focado em políticas de incentivo à natalidade, valorização cultural e sustentabilidade ambiental, transformando os desafios da região interior em oportunidades para atrair investimento e fixar população.
Como avalia o impacto do título Autarquia do Ano para o município para os seus colaboradores e população local? Que desafios considera fundamentais para continuar a manter este nível de excelência?
Este reconhecimento é muito motivador porque reflete o trabalho e empenho dos colaboradores do município, valorizando-os, assim como valoriza todo este território, sendo motivo de orgulho e de incentivo. Este orgulho abrange toda a comunidade, validando a estratégia do município e o trabalho realizado para aumentar valor, atrair investimentos e fixar pessoas. A estratégia articula tradição e inovação, transformando os desafios da interioridade em vantagens competitivas, destacando as boas práticas da autarquia e da comunidade. O objetivo da autarquia é atender às necessidades das pessoas, promover o seu bem-estar e identidade territorial. A atribuição e divulgação destas distinções são inspiradoras e motivadoras, mas também exigem um esforço contínuo para fazer sempre mais e melhor, trabalhando em rede com parceiros estratégicos, o que representa o maior desafio coletivo: a colaboração em prol do bem comum.
O projeto “Concessão de apoio financeiro à família” foi premiado na categoria de apoio social. Considerando o problema da desertificação rural, como avalia o sucesso desta iniciativa e que ajustes ou novas medidas considera necessários para amplificar os seus resultados?
As autarquias têm a responsabilidade de implementar políticas que valorizem a família, prevenindo situações de risco e vulnerabilidade e garantindo que as necessidades dos municípios sejam atendidas. A dispersão populacional, o envelhecimento e a diminuição da população têm impactado negativamente o desenvolvimento económico local. Para estimular a natalidade e fixar habitantes, é oferecido um subsídio anual, pago em seis prestações, a todas as famílias com segundos filhos e seguintes até aos doze anos, assim como apoio à frequência em creches não financiadas pelo Estado. Este subsídio, indexado aos dois primeiros escalões do subsídio familiar para crianças e jovens, destina-se a apoiar famílias de menores recursos e a melhorar as condições de vida dos grupos mais carenciados. Como resultado, tem-se observado um ligeiro aumento da natalidade, interrompendo a tendência de diminuição dos nascimentos dos últimos anos. O próximo passo é encontrar formas de inverter esta situação, especialmente no interior do país.
A Feira do Fumeiro foi premiada na área de Cultura e Património. Quais os desafios que a autarquia enfrenta para equilibrar a preservação das tradições culturais com a necessidade de inovação e modernização para manter o evento atrativo?
A Feira do Fumeiro visa promover os produtos locais, valorizando economicamente o fumeiro e estimulando a economia local, ao mesmo tempo que promove a cultura e a identidade barrosã. Este acolhimento caloroso, aliado à qualidade dos produtos, gera um forte sentimento de pertença entre residentes e visitantes, atraindo um vasto público e tornando-se na maior Feira do Fumeiro do país em termos de vendas. O evento conta com um espaço interior amplo para a comercialização de fumeiro e produtos derivados do porco, e uma área exterior dedicada a produtos endógenos como pão, mel, licores e compotas. Na Praça de Sabores, os visitantes podem degustar os produtos da feira, acompanhados por sopa de lavrador cozinhada em grandes potes de ferro. À noite, a animação é garantida por espetáculos musicais. A qualidade dos produtos é assegurada por uma fiscalização rigorosa desde a criação dos animais até à transformação em iguarias, preservando a tradição e cumprindo exigências sanitárias modernas. Reconhecida como Património Agrícola Mundial, a feira combina gastronomia com natureza, oferecendo passeios, trilhos temáticos, provas gastronómicas e demonstrações culinárias por chefs de renome, evidenciando a riqueza e variedade do concelho.
Montalegre foi destacada pela implementação de eventos como a “Sexta 13”, que tem um impacto económico e turístico significativo. Como tem sido possível manter a sustentabilidade do evento, especialmente com a sua certificação como EcoEvento? Há planos para expandir ou replicar noutras áreas?
A Sexta 13 tornou-se uma marca de identidade do concelho, destacando-se pela sua projeção mediática e pelo sucesso de cada edição. Este evento, que celebra a cultura celta e as tradições locais, como os serões de Barroso, onde se contavam histórias de magia e superstição, revive a cultura popular e atrai milhares de visitantes com um espírito mágico. A organização preocupa-se com a qualidade, a inovação e a responsabilidade social, considerando que o concelho está inserido na bioregião da Rede Natura 2000 e no Parque Nacional da Peneda Gerês. Para garantir a sustentabilidade do evento, investe-se na gestão de resíduos, na recolha seletiva, no uso responsável de água e energia, e na sensibilização dos participantes. O objetivo é minimizar o impacto ambiental, promovendo uma experiência culturalmente rica e ecologicamente responsável, uma estratégia também aplicada na Feira do Fumeiro.
Em termos de política social, Montalegre foi premiada com o projeto “Olhares pela Maternidade”. Como vê o papel da autarquia na luta contra a desigualdade social e a criação de oportunidades para as famílias mais vulneráveis? Que outros apoios ou programas estão a ser desenvolvidos para reforçar essa inclusão?
É um grande orgulho para o município ser distinguido com este galardão, que prova a nossa dedicação ao desenvolvimento da terra e ao bem-estar da população. As necessidades das famílias, especialmente as mais vulneráveis, são uma prioridade. Esta medida não só apoia as famílias, mas também a economia local, através de reembolsos mensais de despesas em bens e serviços essenciais para o desenvolvimento de crianças até aos três anos. Além disso, é um incentivo à natalidade, pois se prolonga no tempo e é complementado por outros apoios destinados a famílias com poucos recursos. Outros projetos estão em preparação, todos com o objetivo de aumentar o orçamento familiar de quem enfrenta dificuldades e, acima de tudo, de elevar a autoestima de grupos mais vulneráveis, dignificando a sua participação social.
Qual é a sua visão para o futuro de Montalegre em termos de desenvolvimento sustentável, valorização dos recursos naturais e promoção da identidade cultural? Como a autarquia pretende responder às novas exigências sociais e económicas sem comprometer a essência local?
O nosso concelho é um espaço no interior norte repleto de recursos e oportunidades. O desafio consiste em promover a sustentabilidade ambiental, respeitar as características de um espaço predominantemente rural e impulsionar o desenvolvimento através da transição ecológica e digital, da inovação social, do turismo sustentável, da valorização cultural, da melhoria dos cuidados de saúde e da promoção de um envelhecimento saudável. Acreditamos que a qualidade de vida, as potencialidades endógenas e a paisagem, juntamente com uma forte dinamização cultural, são fatores importantes para atrair e fixar jovens. No entanto, é necessário que o governo central demonstre arrojo e visão estratégica na implementação de uma política de gestão do território sustentável.