Abimota: Na vanguarda da qualidade

Os 44 anos de atividade da Abimota demonstram muito bem a dinâmica e a vitalidade que esta associação tem vindo a incrementar na indústria das bicicletas e dos seus componentes. A entidade responsável pelo projeto Portugal Bike Value, que já vai na segunda edição, esclarece, em entrevista a Gil Nadais – Secretário Geral da Abimota – o rumo que tem traçado para o desenvolvimento de tão promissora indústria.

Apresente-nos o balanço do programa Portugal Bike Value I.
O projeto Portugal Bike Value I foi um êxito, a medir pelo volume de captação de investimento estrangeiro para Portugal, mas também pelo aumento do volume de exportações e de produção das empresas nossas associadas. É este caminho que estamos a trilhar com o Portugal Bike Value II, que teve início há seis meses e termina em setembro de 2020. Fomentámos o crescimento quanto ao número de bicicletas produzidas, mas também quanto ao valor destas perante os mercados nacional e europeu, com especial destaque para as bicicletas elétricas que estão a ser um enorme sucesso. Este projeto, que se centra na captação de investimento estrangeiro e na internacionalização das empresas nacionais, está com algumas limitações nomeadamente pela exigência, por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, do pagamento de taxas alfandegárias muito elevadas para que esses componentes possam entrar em solo nacional. Como ainda há muitos componentes que têm de ser importados da China, essas taxas alfandegárias tornam-se proibitivas, que ascendem a cerca de 48 por cento do valor da carga, enquanto que, se os componentes entrassem por Roterdão, por exemplo, não era aplicada nenhuma taxa. Este é um fator que pesa negativamente no sucesso deste programa e em toda a economia do setor das bicicletas e dos seus componentes.

O setor enfrentou uma época menos positiva. Qual é a realidade atual?
A China inundou a Europa com uma oferta de bicicletas baratas e sem qualidade, tendo levado à retração do mercado europeu. As empresas que resistiram, afirmaram-se no mercado nacional e europeu através de equipamentos de elevada qualidade e durabilidade, cimentando a sua presença no segmento médio/alto. A região de Águeda foi muito afetada quando a oferta de material chinês inundou a Europa, mas o setor está em plena recuperação e com objetivos traçados para continuar a crescer.

O programa Portugal Bike Value II foi desenhado para ajudar neste crescimento e internacionalização. Quais as medidas que estão a ser implementadas?
Pretendemos, com este programa, fortalecer as empresas quanto à sua capacidade de produção e de exportação. Existe uma empresa que monta cerca de um milhão e trezentas mil bicicletas e pretende aumentar a sua capacidade de exportação e há muitas, mais pequenas, que têm capacidade e vontade de crescer, sobretudo no mercado das e-bikes. Nesse sentido vamos avançar para os mercados do norte da Europa, Austrália, norte de África, entre outros, de forma a trazer mais investidores para Portugal, fomentando o crescimento das empresas nacionais ligadas ao setor das bicicletas e dos seus componentes.

Refere que as bicicletas estão mais sofisticadas. A que se refere, mais especificamente?
A bicicleta tradicional é fabricada em aço, mas quando subimos na cadeia de valor temos o alumínio, que já é bastante mais difícil de trabalhar e obriga a técnicas que não estão ao dispor de todos os fabricantes. No entanto temos em Portugal a primeira fábrica no mundo a construir quadros em alumínio, inteiramente soldados por robot’s. Depois, na escala dos materiais, temos o carbono e já há empresas em Portugal que fazem rodas em carbono, mas perspetiva-se um novo investimento para começar a fabricar quadros em carbono em escala, em Portugal. Como se vê as empresas do setor das duas rodas estão a acompanhar a inovação mundial e algumas são mesmo das que maior número de patentes registam.

A Abimota, para além das atividades que referiu, desempenha um papel importante no controlo de qualidade das bicicletas e seus componentes, nomeadamente através do Laboratório de Ensaios da Abimota (LEA).
De facto, a Abimota é a única entidade nacional e Ibérica credenciada para fazer testes às bicicletas e aos seus componentes. As bicicletas são sujeitas a mais de cem testes de resistência diferentes que garantem a segurança e conforto de quem as utiliza e também somos solicitados por entidades estrangeiras, sendo estes até, individualmente, os nossos maiores clientes. É um enorme reconhecimento do trabalho que temos vindo a desenvolver dentro do LEA ao longo destes anos, mas ambicionamos crescer e ser, cada vez mais, uma referência internacional.

 

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