“Tenho muito orgulho no percurso profissional que consegui trilhar”

Inês Albuquerque e Castro está na empresa Eversheds Sutherland FCB desde 2015 e, atualmente, coordena o Departamento de Direito Laboral e da Segurança Social. Em entrevista à Revista Business Portugal, falou sobre o percurso profissional e sobre os planos para o futuro.

Inês Albuquerque e Castro, Sócia e Coordenadora

A Inês tem mais de 20 anos de experiência na área Laboral e da Segurança Social, e presta Assessoria aos Departamentos Jurídicos e de Recursos Humanos de várias empresas. Como é que surgiu o interesse por estas áreas? Quais os maiores desafios de coordenar o Departamento de Direito Laboral e da Segurança Social?

Recém-licenciada (e, provavelmente, influenciada pelas séries e filmes americanos), a minha convicção era a de que a área Criminal seria aquela que me iria enriquecer. Rapidamente me apercebi que a realidade (quer motivacional, quer do mercado) era outra e o meu estágio foi-me “empurrando” para a área Laboral, que abracei com entusiasmo e que se mostrou ter sido uma aposta ganha.

O maior desafio de quem se dedica a esta área é, definitivamente, a vertente da gestão pessoal e emocional, envolvida nos temas que os clientes nos trazem. A Advocacia Laboral vai para além da vertente legal pura e dura, pois abrange sempre pessoas e a vida profissional e pessoal de cada um. Como tal, um advogado laboral não é um profissional que possa, simplesmente, dar uma opinião jurídica, ainda que simples, prática e adequada às necessidades do cliente. Um advogado laboral só consegue ser bem-sucedido, se antecipar a reação das pessoas a quem a decisão empresarial afeta, encontrando um equilíbrio entre a solução legal e a expectativa das pessoas a quem a decisão pode impactar.

A coordenação de um Departamento Laboral não se afasta desta preocupação fundamental, pois é necessário que todos estejamos alinhados com estes desafios, num espírito de equipa interna e externa, formada de mãos dadas com os nossos clientes.

 

De que forma descreve o seu percurso e que que significado tem a evolução na carreira e o sucesso, no meio em que se insere?

Tenho muito orgulho no percurso profissional que consegui trilhar, e tive o privilégio de o ter conseguido, cruzando-me com pessoas brilhantes que me enriqueceram, quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Tive a oportunidade e a sorte de o meu caminho ter passado por sociedades de renome no nosso mercado e de, mais tarde, ter recebido o honroso convite para integrar a então FCB, hoje Eversheds, a que tento, todos os dias, humildemente corresponder.

Este reconhecimento não é indissociável do facto de o ter feito no mercado da advocacia, ainda essencialmente marcado por uma presença masculina e no qual as mulheres têm vindo a conquistar as suas posições. Isto dá-me, no entanto, um, ainda maior, sentido de responsabilidade e espírito de missão no que faço todos os dias.

 

Acredita que as mulheres possuem características diferenciadoras e fundamentais para o mundo dos negócios? Quais é que são fundamentais para a área do Direito?

Acredito que a diversidade, que tanto se tem vindo a discutir no mundo empresarial, é uma ponte necessária para a criação de soluções e ideias mais adaptadas ao contexto geral do mercado, do trabalho e da prestação de serviços. A diversidade tem ínsita uma abordagem sob diferentes mindsets, o que, no trabalho em equipa focado num mesmo objetivo, permite resultados mais eficientes e com maior qualidade.

A advocacia não é exceção a essa lógica, pelo que entendo que a diversidade neste sector representa também um valor acrescentado e um caminho necessário para atingir um elevado grau e nível de qualidade, na prestação de serviços para os nossos clientes.

No entanto, a verdade é que a assimilação desta paridade, ao nível executivo e no mundo dos negócios, ainda está em fase de construção, na medida em que uma sociedade com características conservadoras tende a continuar a colocar a mulher num plano diverso e mais ligado à família, obrigando-a a seguir carreiras alternativas.

 

Quer a nível pessoal, quer profissional, como se vê daqui a cinco anos?

Estou certa de que o mercado da advocacia se vai transformar com a evolução das tecnologias e com os novos desafios sociais e ambientais, e é nele que viveremos daqui a cinco anos. Esse contexto vai-nos trazer mais desafios e uma concorrência mais aguçada, que teremos de ser capazes de atingir.

Fazer sempre mais e melhor será ainda mais fácil neste contexto, desde que nos consigamos adaptar e reinventar, para servir um cliente mais exigente na procura de qualidade, criatividade e eficiência.

Ao mesmo tempo, daqui a cinco anos, espero poder estar a construir um legado que permita sucessores e que os mesmos beneficiem do que também eu fui recolhendo como ensinamentos.

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