RSA – Reciclagem de Sucatas Abrantina S.A. : ‘Revalorizamos a matéria usada’

A RSA-Reciclagem de Sucatas Abrantina S.A. celebra 30 anos de atividade e a Revista Business Portugal esteve à conversa com Delfina Baptista por forma a conhecer um pouco mais sobre o percurso e crescimento desta empresa.

Fundada em 1989 pelos irmãos João e Emídio dos Santos Baptista, a RSA surgiu com o objetivo claro de se tornar numa referência empresarial. Especializada na reciclagem de sucatas metálicas ferrosas e não ferrosas (incluindo veículos em fim de vida, cabos elétricos, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, resíduos de construção e demolição) e armazenamento temporário de resíduos, a RSA tem vindo a crescer de uma forma sustentada, resultado do contínuo investimento desde 2004, não só em equipamentos e tecnologias, mas também em recursos humanos e na organização interna da empresa, com sistemas produtivos estruturados para a produção de materiais ferrosos e não ferrosos e para a receção de novos tipo de resíduos, movidos, também desde 2004, com um sistema integrado de Certificação em Qualidade e Ambiente (ISO 9001 e ISO 14001). “O grande impulso de crescimento foi dado entre 2004 e 2006 devido à criação de novas instalações, aos licenciamentos, certificações e parcerias diversas e aos investimentos em novas pessoas, equipamento e tecnologias. Todo este investimento foi feito com um objetivo muito específico: recuperar e transformar a maior quantidade possível de metais ferrosos e não ferrosos para a reciclagem através da sua incorporação como matéria –prima secundária nos processos produtivos das siderurgias e fundições e diminuir o depósito de materiais metálicos em aterro, contribuindo para um melhor ambiente e maior sustentabilidade de recursos”, esclareceu Delfina Baptista.
A RSA está habilitada para desmantelar, selecionar, cortar, compactar, triturar, fragmentar e transportar materiais: “Distinguimo-nos pela tecnologia que possuímos e pela arte de trabalhar os materiais devido ao know-how de mais de 30 anos de duas gerações de família, já com 3ª geração ativa e de todos os colaboradores da empresa, com a sua capacidade em fazer aquilo que os outros ‘não querem’ ou não sabem fazer. Provavelmente esta nossa característica, resulta desta interioridade em que nos localizamos, que nos moveu sempre a fazer um pouco de tudo, devido à falta de escala na nossa localização especialmente nos primeiros tempos. A nossa mais-valia está, assim, na qualidade que conseguimos atingir no produto final e nas relações pessoais que conseguimos estabelecer dentro e fora da empresa, ao longo dos tempos”.

Burocracia trava evolução
Segundo a porta-voz da RSA “existe demasiada burocracia no mundo da reciclagem”. Chega a ser limitador para empresas como a RSA, que possuem licenciamentos, certificações e parcerias com entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos, terem que competir com empresas não detentoras dessas responsabilidades, mas que detêm atividade e influenciam preços de mercado. Por outro lado, para além de todas estas obrigações, temos ainda as constantes e sucessivas inspeções e vistorias, com os respetivos custos associados, que em exagero, se tornam estranguladoras para as empresas visadas, enquanto “outras” como “não existem” não são “incomodadas”, lamentou.

“É preciso que os nossos governantes reconheçam mais a importância do setor da reciclagem e da gestão de resíduos pelos OGR’s (Operadores de Gestão de Resíduos), não só na economia como no desenvolvimento sustentável. Até lá, cabe-nos a nós continuar a investir na economia circular, valorizando os resíduos produzidos pelas pessoas e pelas empresas e, quando não houver valorização possível, fazermos o seu encaminhamento de forma responsável, para eliminação em condições ambientalmente corretas e economicamente eficientes.
A obrigatoriedade da eGAR (Guia Eletrónica de Acompanhamento de Resíduos) desde 1/1/2018, apresentou grandes constrangimentos e lacunas nos primeiros meses de uso, diria mesmo, ao longo de todo o ano de 2018. As pessoas e as empresas tiveram que fazer grandes adaptações nos seus processos de trabalho e mesmo assim muitas foram as situações que não se adaptavam às regras inicialmente legisladas para a sua utilização.
Teve que haver um envolvimento e cooperação setorial a nível nacional (empresas e associações), o que nem sempre é fácil, no sentido de adaptar a ferramenta imposta aos OGRs, que tiveram que desenvolver Web Services para poderem obter algum retorno em termos de eficiência o que não era possível com a plataforma da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), no SILIAMB, o que trouxe mais custos associados e tempos de espera, uma vez que esses Web Services careciam de aprovação da APA o que gerou mais alguns meses de espera.
Eu costumo dizer que as coisas não se fazem com a mesma velocidade com que se dizem, mas o que é certo, é que temos que trabalhar todos os dias e por vezes os tempos de espera não se compadecem com as necessidades económicas e financeiras das empresas que têm responsabilidades todos os dias”.

“O facto de termos ainda connosco os dois fundadores tem sido muito importante na atividade da empresa. Eles são o elo de ligação entre o passado e o presente, foram e são eles que aconselham a 2ª e 3ª gerações da família, que já se encontram à frente da empresa (sete filhos e um neto), colocando-lhes travão quando o entusiasmo é demasiado ou apoiando e incentivando a arriscar quando os objetivos e o mercado assim o exigem. O conhecimento obtido através da escola da vida e a sensibilidade deles, em conjunto com a lealdade, dedicação e muito trabalho de todos quantos constituem a equipa de colaboradores, tem sido sem dúvida a chave e a base do crescimento da RSA”.

30 anos de sabedoria
Com cerca de 45 trabalhadores diretos, com uma atuação a nível nacional e internacional (Espanha, Itália, Marrocos e Nigéria), a RSA encontra-se preparada para continuar a assumir a sua importância na economia local e nacional e no seu contributo para proteção do meio ambiente (como dizia Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” ).
Prova disso é a iminente ampliação das instalações, que deverá ser feita entre 2019/2020, que irá permitir “o aumento e melhoria da nossa capacidade produtiva, ao mesmo tempo que recuperaremos um espaço que há muito queríamos recuperar: o local onde esta empresa teve a sua origem”, finalizou a nossa entrevistada.

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