Restaurante Manjar Real: “Cozinha temperada com amor”

Situado em Santa Cruz, o restaurante Manjar Real dedica-se à cozinha tradicional portuguesa há mais de 25 anos. António Elisiário é o atual proprietário e chefe de cozinha que encontrou a oportunidade perfeita para realizar o sonho de abrir o seu próprio negócio.

Conhecido pela comida tradicional, o Manjar Real é um dos restaurantes mais conceituados da região de Santa Cruz. Há cerca de um ano, António Elisiário aproveitou a sua formação técnica de alimentação e bebidas para encarar um novo projeto: ser proprietário de um restaurante que conta com mais de 25 anos de histórias.

Uma carta completa(mente) portuguesa
Naturais de Azambuja, os antigos proprietários, tinham uma ementa muito relacionada com a comida típica da região. De forma a dar continuidade, o chefe de cozinha manteve alguns pratos e fez algumas alterações na apresentação dos empratamentos e nos acompanhamentos. Exemplo disso é o bacalhau à Manjar, polvo à lagareiro com legumes salteados, feijoada de gambas, bacalhau com natas, lombo de porco grelhado com batata à murro e legumes, cozido à portuguesa e a caldeirada de peixe. Nos pratos sazonais está disponível o sável acompanhado com açorda de ovas, ensopado de enguias e as enguias fritas.
Nos pratos de peixe, introduzidos por António, estão presentes a açorda de bacalhau com gambas, arroz de marisco e uma magnífica sopa real do mar. Já nos de carne há espaço para as frigideiras que podem ser de novilho com ovo a cavalo, com molho de mostarda Dijon, com molho de cogumelos e molho moscatel (uma continuidade), rolinhos de frango com alheira de Mirandela, costeletas de borrego grelhadas e bochechas de novilho com esmagada de batata-doce e migas.
Em relação aos vinhos existe uma diversidade de referências que o proprietário faz questão de manter. Apesar de ter vinhos de diversas regiões, há uma grande procura pelos vinhos da região de Lisboa, acrescentando ainda que “fui à procura de novos vinhos consoante aquilo que o cliente pergunta. Fui buscar vinhos que não se encontram nas prateleiras de supermercado”, refere.
Para finalizar a refeição, não podemos prescindir das maravilhas tradicionais portuguesas, nomeadamente a “montanha russa” (claras em castelo no forno acompanhadas com dois cremes, canela e amêndoa), arroz doce, pudim caseiro de ovos, musse de chocolate, baba de camelo, serradura, a “deliciosa espuma de banana – que temos como doce da casa – é receita de família e não pode passar sem ser o doce nas festas em família” . Por fim, os doces conventuais também fazer parte da lista, nomeadamente a sericaia, fidalgo e toucinho do céu.
“Todos estes pratos são preparados numa cozinha temperada com amor, mas não só. São produtos frescos, como o peixe de Peniche que é vendido nas praças de Santa Cruz, os pastéis de feijão de produtores locais e ainda a qualidade depositada em cada iguaria confecionada”. António Elisiário ressalva que com isto “quer que o cliente saia satisfeito e que se sinta como se estivesse em casa”.

Os desafios que se vivem na restauração e na região
Questionado sobre as dificuldades do setor, o proprietário afirma que existem vários desafios na atualidade, nomeadamente a sazonalidade e a mão de obra qualificada. “É difícil encontrar pessoas qualificadas que se empenhem e que tenham gosto pelo trabalho”, acrescentando ainda que “há um grande número de pessoas que não estão interessadas em trabalhar na restauração devido à carga horária. A própria lei laboral, neste plano, não se ajusta à realidade para muitos restaurantes e similares”, confessa.
Outro aspeto a realçar é a formação dada nas escolas. António considera que quem dá formação deve incutir a passagem do aluno por uma primeira fase, ou seja, “devem passar por várias etapas até chegar a chefe de sala ou de cozinha. É importante dar bases e incutir valores que foram perdidos”.
No que diz respeito às acessibilidades a Santa Cruz, António deixa um apelo às entidades responsáveis para que melhorem os acessos à região. “O turismo pode ser uma mais valia para o concelho mas devem investir na acessibilidade, nos eventos e manter as tradições”.
O proprietário e chefe de cozinha não termina a entrevista sem antes deixar um convite aos nossos leitores: “Convido os leitores a visitar o Manjar Real e até mesmo aqueles que não conhecem as magníficas praias de Santa Cruz”, finaliza.

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