Confeitaria Moura: Um negócio recheado de história e emoção

É a confeitaria mais conhecida de Santo Tirso e a grande responsável pela criação do ex-líbris da cidade. A laborar desde 1892, a Pastelaria e Confeitaria Moura é o arquétipo do empreendedorismo feminino. Alda Moura e Fernanda Pelayo assumem a 4ª geração do negócio familiar e em entrevista à Revista Business Portugal revelam os desafios do negócio que abraçam de corpo e alma.

Quando se fala em Santo Tirso fala-se em jesuítas. Uma reputação que se deve à Confeitaria Moura, pastelaria responsável pela criação desta tradição, em 1892. A verdade é que ninguém lhes resiste. Com uma receita secreta que poucos sabem preparar, e que vem passando de geração em geração, os jesuítas da Confeitaria Moura preservam a receita e sabor ancestrais, criados há 126 anos.

126 anos de liderança no feminino
A receita por detrás do fabrico dos apreciados doces tirsenses não é o único segredo deste negócio. A verdade é que, poucos sabem que, desde a sua fundação a Confeitaria Moura vem sendo gerida no feminino. Se em 1892 a bisavó de Alda Moura e Fernanda Pelayo assumia o comando do negócio, hoje cabe a Alda e aos primos, Fernanda Pelayo e Francisco Pinheiro, a gestão do património.
As herdeiras assumem a 4ª geração desta “pesadíssima herança”, como carinhosamente apelidam o negócio, há seis anos, após receberem o legado da sua tia, a saudosa “Menina Antonieta”. Desde então, Alda reconhece que “têm sido anos de luta e de imensa dedicação. Acho que, essencialmente, somos uma família de mulheres com uma grande capacidade de trabalho e isso tem permitido alcançar os bons resultados”. Apesar de se dedicar de corpo e alma à Confeitaria Moura, ressalva que esta não é a sua ocupação profissional. Coordenadora de uma clínica de imagiologia, a entrevistada reconhece que só é possível conciliar a vida profissional com o negócio de família “com muita vontade e com muita dedicação. São muitas preocupações, mas, ao mesmo tempo, também é muito gratificante. Costumo dizer que sou uma mulher com sorte por fazer parte desta tradição”.

NorteShopping irá acolher novo espaço
Adaptar o negócio às exigências dos clientes e às novas tendências do mercado tem sido uma das principais apostas de Alda e Fernanda. “Temos tentado personalizar a empresa, conquistar novos clientes e inovar, mantendo sempre a tradição”. Se antes tínhamos de rumar a Santo Tirso para nos deliciarmos com os jesuítas, limonetes, éclairs e pivetes, hoje, com o início da expansão do negócio, é, também, possível comprovar a sua qualidade e sabor em diferentes espaços da cidade do Porto. “Este era um passo que já estava planeado, mas os grandes responsáveis foram os nossos clientes do Porto, que nos pediram para abrir espaços na cidade”. À pastelaria mãe, situada em Santo Tirso, juntou-se uma pequena banca no Mercado do Bom Sucesso, em 2012. Mais recentemente, foi a vez da Baixa da cidade ser presenteada com uma nova loja. Mas desengane-se quem pensa que os pontos de venda pararam por aqui. Julho traz uma nova e deliciosa novidade. “A experiência tem sido muito positiva. Por isso, decidimos abrir, novamente no Porto, um novo espaço”. Direcionado para “um modelo de negócio diferente”, este espaço irá abrir portas ao público no conhecido Centro Comercial NorteShopping, em julho de 2019.
A equipa vem, também, acompanhando o sucesso do negócio. Com cerca de 22 colaboradores, alguns deles com décadas de serviço, a Confeitaria Moura prima pelo atendimento personalizado.
Aqui, a simbiose entre a sabedoria e a jovialidade é perfeita. “Temos funcionários com 50 anos de casa, mas também temos bastantes jovens a trabalhar connosco. O paradigma mudou e temos que nos adaptar. Um bom atendimento é indispensável para o negócio e queremos ser uma referência pela qualidade e profissionalismo”. A equipa da Confeitaria Moura conta também com a preciosa ajuda de Miguel Silva, que recentemente assumiu a função de gestor operacional. “Achamos que estava na altura de contratar um gestor operacional e a verdade é que tem sido uma mais-valia e o resultado tem sido, sem dúvida, muito positivo”.

“A 5ª geração já está a ser preparada”
“Mesmo após 126 anos, a Confeitaria Moura continua a crescer em volume de negócio, afirma com um enorme sorriso Alda Moura. As perspetivas para o futuro são animadoras, mas ressalva que “a estratégia definida é muito ponderada e sustentada, para que os resultados alcançados sejam os pretendidos”. A grande aposta para futuro está na 5ª geração, que já está, nas palavras de Alda, “com as mãos na massa. É com agrado e com o sentimento de dever cumprido que Alda Moura olha para os seis anos na liderança. “Esta é uma área de negócio muito enriquecedora, porque há uma grande partilha de emoções onde se lida com o prazer sistematicamente.

Finalista nas 7 Maravilhas Doces de Portugal
Os jesuítas da Confeitaria Moura são, incontornavelmente, uma marca da terra, um exemplo único na arte da doçaria regional. Um exemplo vivo da preservação de sabores e tradições. É com um enorme orgulho que Alda Moura anuncia que o jesuíta da Confeitaria Moura é finalista distrital das 7 Maravilhas Doces de Portugal. “Foi uma surpresa muito agradável. Isto é o culminar do percurso de sustentação da marca. Considero que estamos a ter o reconhecimento do trabalho que temos desenvolvido na empresa”. A decisão final está nas mãos do público, que irá eleger, em setembro, os melhores doces de Portugal.

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