PMO PROJECTS: Reconhecimento em todos os continentes
Esta é a conversa que faltava com Alexandre Rodrigues, da PMO Projects. Conheça a história e o que o futuro reserva a este empreendedor português.
Para que possamos contextualizar os nossos leitores, parece-me importante começar esta entrevista pedindo-lhe que nos apresente a PMO Projects. Como é que nasce, qual a sua área de atuação e como tem evoluído o seu negócio?
A empresa nasce no seguimento do meu percurso profissional internacional entre 1992, com um Doutoramento em Gestão de Projetos na Strahclyde Business School, Reino Unido, até 1997 quando integrei uma consultora International em Boston, uma MIT spin-off. Decidi em 1999 regressar a Portugal e criar uma empresa de consultoria especializada em Gestão de Projetos. Comecei em free-lancing, quando era Professor Auxiliar na Universidade do Minho e convidei um aluno meu Leandro Pereira a constituir a empresa PMO-Consulting na qual eu detinha 67 por cento. A empresa posicionou-se num segmento de serviços altamente especializado, e, portanto, difícil de massificar. Ainda assim, até 2008 o negócio cresceu exponencialmente. A empresa decidiu então apostar na internacionalização dado que, fruto do meu networking, já havia começado a atuar no Reino Unido, Bélgica e Holanda, onde fomos acreditados pela NATO e contratados por um período de cerca de dois anos – um ponto alto no nosso percurso, pois fomos selecionados num processo muito competitivo e seletivo. Correu muito bem! Mas, chegados a 2011, fomos literalmente “abalroados” em Portugal por um conflito societário no qual a justiça cometeu um erro muito grave.
Com a crise do resgate financeiro que se viveu em Portugal nessa altura, as empresas depararam-se com sérias dificuldades. Penso que se notou a partir de 2011 uma diminuição da vossa presença em Portugal. Foi apenas devido à crise ou também se deveu ao problema que refere? O que se passou?
A crise não nos teria afetado porque a nossa internacionalização garantiria sempre que poderíamos rentabilizar a estrutura de recursos que tínhamos em Portugal. O que aconteceu é algo surreal que não queria aqui “esmiuçar”, mas que se impõe esclarecer: o meu ex-aluno Leandro Pereira, que convidei para sócio, decorridos oito anos decidiu abandonar o projeto em 2009, tendo passado para uma empresa concorrente, a GTBC. Eu andava fora do país na internacionalização. Ato contínuo, começou a bombardear a empresa com sucessivos arrestos judiciais, congelando contas bancárias, retirando bens físicos e eletrónicos à empresa, todos baseados em alegações fictícias, desde laborais até ao uso indevido da marca PMO-Consulting da qual eu era coproprietário. Coincidência ou não, toda a nossa equipa de consultores de Lisboa foi repentinamente para a GTBC, a par de muitos Clientes. A empresa beneficiava de elevado prestígio no mercado, reagiu, e ultrapassou as ditas ações de arresto num curto espaço de tempo. Achámos estranho os arrestos serem decretados pois estavam muito mal fundamentados, cópias uns dos outros, mas resolvemos o problema pois a verdade estava connosco. Para fechar pretextos, mudamos a marca para PMO-Projects, a qual submetemos ao INPI e ajustamos segundo instruções do próprio INPI no seguimento de uma reclamação de Leandro Pereira, e obtivemos o registo definitivo – lê-se no site do INPI (sic): “Concluído este processo a sua marca está protegida!”. Para nosso espanto, em final de 2011, somos confrontados por um arresto verdadeiramente assassino: a empresa é acusada de estar a usar uma marca confundível com a marca PMO-Consulting a qual o INPI não teria aceite. A Juíza Maria José Costeira decreta uma sentença que arresta não apenas os bens e contas bancárias, mas também todas as receitas futuras das empresas com objetivo de se poder pagar uma potencial indeminização a Leandro Pereira. Porque razão se paralisa a atividade de uma empresa, com o risco de a levar à insolvência, quando dela se pretende obter uma indemnização? Mas o pior de tudo foi o fundamento do arresto: a marca em uso estava aprovada (comprovável no website do INPI). E como poderia Leandro Pereira alegar prejuízo por não poder rentabilizar a marca PMO-Consulting quando eu como coproprietário teria de aprovar o seu uso (o que obviamente nunca faria)? Contudo, constatámos que nesse mesmo momento, Leandro Pereira havia saído da GTBC (que entrou então em falência) e criou a sua própria empresa Winning; as suas principais testemunhas do arresto, José Pinto, ex-contabilista e formador no Grupo PMO Projects, e Ana Carmo, ex-responsável comercial na PMO Projects, ambos testemunhas favoráveis à PMO Projects nos arrestos de 2009, tendo saído de repente e sem razão aparente da PMO-Projects em 2011 lançavam conjuntamente no mercado a empresa concorrente Ambithus (viria a falir decorridos dois anos, originando a Schopphu e a FirstOnlyTalent). No meio do que parecia não passar de um lamentável “golpe palaciano” em conluio, decidimos esperar umas semanas pelo julgamento após entrada a nossa oposição na qual apresentámos à Juíza a prova objetiva e inequívoca de que a marca PMO-Projects estava registada e aprovada no INPI.
Os conflitos sobre marcas e propriedade intelectual até são comuns, mas a forma de os resolver inicia-se através das entidades criadas para o efeito, como o INPI e o Tribunal Arbitral especializado. Não foi por essa via que o seu ex-sócio tentou resolver o assunto? Como é possível um grupo de empresas ser alvo, tão repentinamente, de uma ação cautelar tão violenta?
Isso foi exatamente o que explicou na sentença final o Juiz que mais tarde levantou o arresto e no julgamento da ação principal anulou o pedido de indemnização que Leandro Pereia reclamava. Disse mesmo que se assim não fosse, o INPI não serviria para nada. Agora a razão pela qual a juíza responsável pelo arresto fez o que fez, só ela poderá explicar. Mas o que é mais curioso é que a juíza em vez de marcar o julgamento semanas após a nossa oposição, como manda a Lei, manteve, sem dar notícias, as empresas arrestadas durante quase cinco anos privando-as da defesa a que tinham direito.
Como é possível ter decorrido tanto tempo?
Eu penso que qualquer pessoa que tome conhecimento dos factos retirará as inevitáveis conclusões. Veja que nestes arrestos a alegada ‘debilidade financeira’ das empresas era julgada com argumentos falaciosos; por exemplo: a empresa tem uma elevada dívida de curto prazo ao Estado. Ora a conta ‘Dividas ao Estado de curto prazo’ refere-se ao IVA a pagar e ainda não vencido. Portanto quanto maior o seu valor, mais vendas a empresa realizou. Portanto, a debilidade da empresa era alegada por a empresa ter muitas vendas! Parece difícil de acreditar, mas foi isso que aconteceu e está documentado. Nos julgamentos realizados decorridos cinco anos, o Juiz que julgou deu como provado tudo ao contrário: a empresa usava legitimamente uma marca, não estava mal financeiramente, a marca PMO-Consulting nunca poderia ser explorada comercialmente por Leandro Pereira sem Alexandre Rodrigues autorizar e, portanto, Leandro Pereira não tinha direito a qualquer indemnização. Falta ainda um último retoque sarcástico: decorridos cerca de três anos o Tribunal do Comércio de Lisboa terá contactado os nossos advogados a questionar se não quereríamos desistir dos julgamentos, dado que já tinha passado muito tempo.
Ou seja, considera que a justiça falhou com as empresas do Grupo PMO Projects e, em particular, com o Alexandre?
A justiça ainda terá a oportunidade de retificar o que fez. Agora, a forma como se comportou na origem deste incidente é no mínimo incompetente, negligente, e, quiça, mesmo dolosa. Quero, contudo, acreditar que o comportamento da justiça não deve ser generalizado a partir do comportamento circunstancial de algumas pessoas que integram o sistema da justiça em Portugal, porque isso seria muito grave pois em qualquer sociedade sempre aparecerão pessoas de má índole capazes de tudo; agora, em face dessa realidade o sistema de justiça não apenas não atuar eficazmente contra quem prevarica, mas, em vez disso colocar-se ao seu lado, é gravíssimo! Eu tenho um percurso profissional baseado no mérito, tendo alcançado reconhecidos sucessos e sendo muito respeitado no mercado internacional onde atuei mais de 50 por cento da minha carreira. Nunca fui tratado desta forma em nenhuma outra parte do mundo.
E que impactos é que esta decisão judicial trouxe ao vosso projeto empresarial?
Não é difícil imaginar o que acontece quando bens, contas bancárias, e receitas futuras são arrestadas durante cinco anos: deixa-se de poder pagar salários, a fornecedores… enfim, uma morte lenta e agonizante, que trabalhadores, fornecedores e o mercado têm dificuldade em compreender. Sem uma sentença de julgamento a nosso favor, o que poderíamos nós dizer ao mercado de credível? Alguém acreditaria na nossa história?… O mercado nunca compreenderia. É uma morte lenta, com o capricho de uma ‘mordaça’, com o tempero de um sentimento de impotência ao ver-se que ‘o polícia troca o assassino pela vítima´. Estamos a falar de dezenas de milhões de euros de prejuízo – em devido tempo deverão ser indemnizados por quem tem responsabilidades.
Entendo que uma das soluções passou por apostar mais firmemente na internacionalização. Como correu então essa aposta?
Sim, o negócio do projeto PMO Projects concentrou-se então nas empresas estrangeiras. Apesar de prejudicados por já não podermos recorrer a uma forte estrutura de recursos centralizada em Portugal, foi o prestígio e o bem trabalhar que nos levou a bons resultados. Temos ganho projetos interessantes em organizações de elevado prestígio em todo o mundo, incluindo ADVA (Alemanha), Agência Nacional de Energia Nuclear Russa, VALE e Samarco (no Brasil), Cutter (EUA), Acciona e GasnaturalFenosa (na Espanha), Promigas (Colômbia), ArcelorMittal (África do Sul), South32, BHPBilliton e Rio Tinto (em Moçambique), tudo empresas ou organizações de grande porte, líderes no seu setor no mercado internacional – hoje temos clientes em todos os continentes.
Nesta edição falamos sobre os desafios para 2018. Que desafios se apresentam hoje à PMO Projects?
Para além de pretendermos voltar a apostar no mercado nacional onde temos já conquistado alguns clientes de elevado prestígio, e contribuir dessa forma para a retoma da económia nacional, tencionamos apostar muito em Espanha, reforçar na Colômbia e África, e entrar no sudeste Asiático. Estamos também apostados em melhorar o nosso modelo de atuação global a partir de vários escritórios. Em termos de áreas, estamos a apostar na Engenharia de Custos, a qual foca na Gestão dos Ativos que os projetos criam, e na Gestão de Desempenho que foca na medição e controlo dos grandes empreendimentos e ativos. Somos já a única empresa em Portugal e Espanha acreditada pela Association for the Advancement of Cost Engineering International (AACE) e uma das cinco empresas selecionadas em todo o mundo (as demais quatro são Norte-Americanas) pelo College of Perforamance Management (CPM), que acabou de lançar a certificação IPPM (Integrated Program Performance Management) que só as empresas certificadas podem formar e certificar. Em 2018 o nosso caminho será continuar a inovar com serviços de qualidade, em clientes de prestígio, com ética e responsabilidade.
PERFIL
Licenciado em Engenharia e Sistemas e Informática pela Universidade do Minho, Doutorado em Ciências de Gestão pela Universidade de Strahclyde (Reino Unido), certificado PMP pelo Project Management Institute, tem mais de 25 anos de experiência profissional internacional tendo trabalhado para prestigiadas organizações. É atualmente presidente da Secção da Associação Norte-Americana AACE Internacional em Portugal, tendo sido nomeado por esta associação como representante para a Comissão Técnica Internacional responsável pelo desenvolvimento da norma ISO 21500 (Gestão de Projetos), sendo também o coordenador para esta mesma norma na Comissão Técnica Nacional (CT175) do IPQ em Portugal. Foi presidente Fundador do Capítulo do PMI em Portugal e convidado a coordenar os Capítulos do PMI na Europa de 2005 a 2007. Participou no desenvolvimento das normas do PMI o Guia PMBOK® (3ªEd.) e OPM3® (1ªEd.), tendo sido em 2010 convidado pelo PMI a integrar a equipa de oito peritos internacionais selecionados para o desenvolvimento da norma para controlo de projetos (EVM). Desde 2001 que é Consultor Sénior convidado do Cutter Consortium nos EUA e recentemente integrou por convite o Painel Internacional de Peritos que aconselha o Government Accountability Office (GAO) dos EUA quanto às práticas de Gestão de Projetos. Desde 1991 que foi docente convidado em várias Universidades em Portugal, Reino Unido, América do Sul e África. Tem sido orientador e membro de júris de vários estudos de investigação de Mestrado e Doutoramento em Gestão de Projetos. O seu trabalho de Doutoramento foi financiado pela NATO e apoiado pela British Aerospace, tendo sido premiado e distinguido pela Operational Research Society no Reino Unido.