“O meu trabalho é ter liberdade para fazer acontecer”

Luísa Teixeira, Advogada

 

Luísa Teixeira é advogada e garante que é uma mulher realizada, quer a nível pessoal, quer profissional. Acredita que trabalha na profissão mais bela do mundo e que, comparativamente aos colegas da área, tem uma visão inovadora.

 

Começou a exercer atividade individualmente em 2004, mas só em 2006, abre o seu próprio escritório. Porque é que decidiu dar este passo? Podemos afirmar que este está a ser o grande desafio da carreira?

Eu terminei o curso em 2004 e estive a estagiar durante dois anos numa sociedade de advogados. Ao longo desse tempo, fui ganhando os meus clientes, mas estava nos “bastidores”, porque quem assinava as peças processuais feitas por mim era o advogado sénior ou um sócio. Comecei a pensar que não era aquilo que queria para a minha vida. Queria ser advogada desde os cinco anos de idade e o objetivo de trabalhar em prática isolada e ter o meu nome na “praça” foi surgindo. Portanto, decidi arriscar e abrir o meu primeiro gabinete.

Considero que a minha profissão é um desafio diário. Trabalhar em prática isolada exige muito de um advogado e esta é uma profissão bastante solitária, mas claro que é desafiante, porque todos os dias temos de enfrentar situações novas e recebemos clientes novos. Por isso, abrir o meu escritório foi um desafio e mantém-se até hoje.

 

Tendo em conta que anteriormente havia estagiado numa sociedade, quais considera serem os benefícios da prática isolada comparativamente ao exercício em sociedade?

Provavelmente há mais desvantagens do que vantagens, no que diz respeito à prática isolada. Mas, para mim, há uma vantagem que se sobrepõe ao resto, que é a liberdade. O Dr. Rui da Silva Leal, que é uma inspiração para mim e foi meu formador, diz que a advocacia é a mais bela profissão do mundo e que não há ninguém mais livre que um advogado que trabalhe em prática isolada. E é assim que eu me sinto, com a máxima liberdade. Posso decidir como gerir o meu escritório, a forma como vou atender e receber os clientes. Podia ter corrido mal, mas até agora tem corrido muito bem e eu sou muito grata à vida. E isto também me trouxe a projeção que tenho hoje, quer a nível nacional, quer a nível internacional. O meu trabalho é ter liberdade fazer acontecer.

 

Que serviços disponibilizam aos clientes? A vossa prioridade é garantir sempre a sua total satisfação?

Os nossos serviços são multidisciplinares. Fazemos assessoria jurídica e empresarial, nacional e internacional. Tratamos de todo o tipo de problemas relacionados com os vários ramos do direito. A minha maior preocupação é a satisfação do cliente, porque a publicidade ao meu trabalho baseia-se no “passa a palavra”. Tenho clientes que estão comigo desde 2006, tanto empresas como pessoas singulares, e isso faz com que fique orgulhosa de mim própria.

 

Falamos de um escritório jurídico que procura manter as práticas tradicionais que a profissão assim exige e, em simultâneo, apostar na inovação servindo-se de novas ferramentas e métodos de trabalho? 

Exatamente. Eu quero que os meus clientes se sintam confortáveis no meu escritório. Eu tenho a preocupação, não só da resolução jurídica da questão, mas também em ajudar a pessoa no que esta precisar. Quando é necessário, vou ao domicílio dos clientes, como já aconteceu com um senhor que tinha mobilidade reduzida. Este gabinete inova pela proximidade e nas minhas redes sociais também sou muito interventiva. Semanalmente, faço um vídeo de esclarecimento, a rubrica “Direito no dia a dia”, na qual falo sobre situações que me acontecem no quotidiano e que acho que é importante partilhar. Para mim, partilhar conhecimento é maravilhoso. Quanto mais eu partilho, mais cresço, e sou feliz assim. O meu método de advocacia preventiva e a minha proximidade com o cliente é muito importante. É preciso eliminar a barreira entre o advogado e o cliente. Os meus clientes percebem tudo o que digo porque eu não falo com  linguagem técnica nas consultas. Consigo falar para todos os estratos sociais, e é isso que também importa ao cliente. Portanto, acho que sou inovadora, relativamente aos meus colegas advogados.

 

De uma forma geral, como é que avalia o desempenho da advocacia portuguesa? E relativamente ao público, acha que este continua muito cético em relação à justiça portuguesa?

A justiça portuguesa está um caos. É lenta, o que se deve também à falta de meios humanos e informáticos. Penso que há, cada vez mais, a necessidade de os juízes sentenciarem para chegar a certos números e estatísticas. Isto gera insegurança nas pessoas, como é lógico. A Justiça e a Ordem dos Advogados precisam de ser reformuladas, para que todos se possam sentir mais protegidos. As pessoas estão céticas, precisamente por estes motivos.

 

Que características definem Luísa Teixeira enquanto mulher e profissional? Acredita que o cunho feminino é uma mais-valia para o mundo dos negócios? E em relação ao futuro, onde se vê daqui a cinco anos?

Eu caracterizo-me como uma mulher focada, resiliente, determinada e muito positiva, algo que é muito importante na advocacia. Sou uma mulher realizada. O percurso até aqui não foi fácil, mas valeu a pena. O balanço que faço é muito positivo.

O cunho feminino é essencial neste mundo, porque as mulheres têm uma energia diferente para lidar com determinadas circunstâncias. Na área da advocacia, ainda mundo tradicionalista e conservadora, ser mulher é difícil.  É preciso ter uma verticalidade muito grande, mas se souber de onde venho e para onde vou, torna-se mais fácil.

No futuro, quero continuar no meu escritório, mas imagino-me a crescer muito. Temos clientes em toda a Europa e noutros continentes. Daqui a cinco anos, vejo-me com ainda mais clientes e a seguir o rumo da internacionalização.

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