Caminhos do futuro, por Margarida Sá Costa

“Ocean skipper, planet lover and future thinker” são as principais características de Margarida Sá Costa. Lutando pela construção de um futuro melhor para todos e tendo como objetivo dar a volta à Terra por mar e o sonho de a ver da Lua, em entrevista, dá-nos também a conhecer o seu lado mais humanista, uma das razões pelas quais optou pela licenciatura em Direito.

Margarida Sá Costa
Fotos: Créditos a Tiago Caramujo/ Link To Leaders

Dizem que para conhecermos realmente uma pessoa, devemos ter em conta o seu passado e as suas origens. Assim, filha de um juiz transmontano e de uma pintora portuense, Margarida Sá Costa é natural de Braga, terra da qual tem “muito orgulho” e vive em Lisboa, cidade que a adotou aos cinco anos.

O ‘amor’ é das suas palavras de eleição e sempre esteve muito presente ao longo da sua vida. O pai, magistrado durante vários anos, incutiu nela o sentido de justiça e a vontade de fazer prevalecer o Bem perante o Mal o que, em parte, justifica a sua opção por Direito, aquando da escolha da área de formação, em detrimento da curiosidade da física e do amor à matemática, linguagem universal. De resto, juntando tudo, para a Margarida, o Direito é o conjunto de regras matemáticas sobre ética comportamental.

Após a licenciatura na Universidade Católica Portuguesa, trabalhou com o seu o pai, entretanto advogado, mas a vontade de “defender causas e pessoas” aliou-se à de ser livre, independente, e à curiosidade insaciável pelo desconhecido, e essa combinação levou-a a procurar outras “paragens”. Assim, surge a oportunidade de realizar um estágio profissional, no sector das telecomunicações, especificamente na TLP (Telefones de Lisboa e Porto) onde incorporou, no seu pensamento e atitude, a “importância da missão pública, ou seja, de servir as pessoas” e o sonho de um mundo melhor através da tecnologia. Mais tarde, esta empresa deu lugar à Portugal Telecom e, posteriormente, à atual Altice Portugal. O amor ao desafio e à inovação, de que o sector das telecomunicações são apanágio e motor, e a consequente possibilidade de estar em permanente mudança e transformação, cativaram-na e conquistaram-na e o sector, agregando num só, pessoas e caminhos a desbravar com tecnologia…levou-a, transportando-a para a gestão em várias áreas, mundos e distintos compromissos. O tempo e o espaço, que considera pilares do seu caminho, fizeram o resto, sempre num processo de autoconhecimento e autoformação.

 

Humanidade, Igualdade, Sustentabilidade

Apesar de sempre se ter considerado uma “cidadã do mundo a navegar, imparável, no infinito”, Margarida assume que sente imensamente o seu país, sendo que é, inclusive, defensora da identidade portuguesa, da marca Portugal e da missão pública por Portugal. Nutre um enorme respeito e admiração pelas pessoas que levam a cultura portuguesa aos quatro cantos do planeta, realçando o desejo de “contribuir para que estas comunidades sejam mais valorizadas”, designadamente as migrantes, e também tem uma grande ligação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), defendendo o seu reforço e fortalecimento, em prol de todos os povos e nações que a compõem.

Paralelamente, é a favor do projeto da União Europeia, numa conceção geoestratégica que classifica de “união em união, com respeito pelas diferenças e história de cada povo e região, até à União de Todos”, sendo uma acérrima defensora dos Direitos Humanos e da Paz. Desde cedo observa e, agora, colabora com o trabalho e a missão das Nações Unidas, em busca do maior equilíbrio e do desenvolvimento sustentável consciente e responsável. Neste seguimento, Margarida é ativista pela implementação da agenda 2030, das Nações Unidas, para o Desenvolvimento Sustentável, constituída por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas. É embaixadora do ODS 17 (parcerias para a implementação dos ODS) pela Aliança ODS Local Portugal, iniciativa de âmbito non-business e plataforma multistakeholder, capaz de organizar os seus membros consoante os ODS e metas que pretendem trabalhar, promovendo pontes de diálogo e cooperação, assim como criar bases sustentáveis para o desenvolvimento de parcerias e a criação de projetos, programas e ações.

Sobre este projeto, a entrevistada revela que foi um desafio que os representantes portugueses lhe colocaram e que, prontamente, aceitou, uma vez que acredita na premissa de que “juntos vamos mais longe e na realização de acordos e pontes de entendimento como o melhor caminho para solucionar problemas”, salienta.

Por outra via, o ODS14, relacionado com a vida marinha, também lhe toca particularmente, tendo em conta que é “patrão de alto mar e mergulhadora”, alertando para o facto de que é urgente proteger e promover a recuperação dos Oceanos e da biodiversidade marinha, a grande plataforma de ligação entre territórios e pessoas, sempre lembrando a água como fonte de toda a Vida. Para além disso, a Margarida refere que, pensando em Portugal e sendo a nossa ZEE (Zona Económica Exclusiva) de espaço marítimo das maiores do planeta e estando em discussão a correta delimitação da mesma a nosso favor, torna-se especialmente crucial a nossa intervenção e gestão de todo o potencial que a mesma comporta, não só em termos de equilíbrios ambientais, mas também de crescimento económico sustentável, em matérias que vão desde inovação em novas fontes de energia, proteção da riquíssima biodiversidade, gestão portuária de recursos e de recreio, defesa e preservação de estuários, entre outras, tanto de oceano, quanto de oportunidades e desafios de inovar, preservando e recuperando, sustentavelmente. Na sua opinião, temos de saber valorizar o nosso oceano, até por que constitui a maior parte do território português.

A paridade de género, a diversidade e a inclusão, são parte da vida da Margarida Sá Costa, acreditando que o mundo será mesmo melhor com o contributo de todas as pessoas, destacando, também aqui, o importante papel da agenda 2030 das Nações Unidas como uma “agenda do bem e para o bem”. Apesar disso, Margarida reconhece que, no que concerne à igualdade de direitos entre homens e mulheres, “ainda existe um longo caminho a percorrer”. É uma das fundadoras da Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CE CPLP, organização cujo objetivo primordial passa pela melhoria do ambiente de negócios no espaço CPLP, para a qual deve contribuir a identificação e resolução dos principais entraves, o levantamento das oportunidades existentes no universo CPLP e o incentivo para a abertura a novos mercados, juntando aqui duas temáticas que tem na sua missão de vida. Tendo também na sua ação a presidência do LIDE Mulher de Portugal, para dar mais palco a mais mulheres, em todas as áreas e sectores.

Ainda no âmbito da defesa de mais humanismo, designadamente, a nível empresarial, a entrevistada apoia o HumanityE, fundado por Pedro Loupa, o primeiro movimento global de Liderança Consciente que pretende juntar todos os movimentos, organizações e indivíduos interessados em investigar, promover e inspirar uma revolução na liderança. Liderança essa que cruza todos os âmbitos da sociedade e todos os movimentos existentes, onde todos são parte do todo. A Humanidade Unida. Trata-se de criar uma rede de líderes ao redor do mundo, verdadeiramente comprometidos com o desenvolvimento da liderança, baseada no “despertar” da consciência e na liberdade de ser. Margarida é, em simultâneo, embaixadora do BSN Humanitário, Direitos Humanos e Reconciliação, no âmbito da ligação deste movimento à “Rede do Empresário”, dedicada ao desenvolvimento de PME nacionais e internacionais. Faz, igualmente, parte do projeto Sharing Knowledge, criado pelo economista Jaime Quesado, que como, o nome indica, é um movimento cívico de partilha de conhecimento, pois acredita que é desta partilha que se gera a sabedoria necessária para a construção o de uma sociedade melhor  e mais sustentável.

 

A UNA Portugal 

Margarida Sá Costa é fundadora e membro da direção da “Unidade das Nações, Associação para o Desenvolvimento – UNA Portugal” –, associação recentemente criada que visa contribuir para a difusão de conhecimento sobre as Nações Unidas, os seus objetivos e programas, bem como desenvolver ações concretas para os implementar, para maior abertura ao mundo e progresso material, científico e cultural de Portugal. Trata-se de uma Associação totalmente independente de qualquer outra entidade, a qual seguirá apenas as linhas de orientação emandas da World Federation of United Nations Associations, WFUNA, a que pertence.  Em toda a sua ação, terá sempre em conta os dez princípios da United Nations Global Compact e a adoção de políticas de sustentabilidade, em todas as suas três dimensões: social, ambiental e económica.

Os trabalhos que as UNA fazem são muito abrangentes e de extraordinário impacto, designadamente na Juventude, Direitos Humanos, Migrações, ODS, Relações internacionais, Oceanos, Espaço, Paz e Segurança, Cooperação, Clima.

 

 

Projetos no horizonte

O pensamento que tem comandando a vida de Margarida é o de contribuir, com o que está ao seu alcance, para melhorar o mundo à sua volta. Deixar, no fundo, uma marca positiva.

Esta preocupação em ser melhor, aliada à vontade de progredir, conduzem-na a uma busca incessante por novos desafios e, por isso, entre os objetivos que tem delineados para o futuro, está já na calha o lançamento de dois livros, um de experiências de vida e outro de ficção, e a criação de uma start-up, dedicada aos temas que a apaixonam, como é o caso dos oceanos, da terra e do espaço, com “uma base de intervenção de consciência e responsabilidade num pensamento em sustentabilidade e futuro”.

O seu sonho de ser astronauta, nunca esquecido, fez dela ocean skipper (patrão de alto mar), permitindo-lhe navegar pelas estrelas (voar) sem limites impostos, cabendo-lhe escolher os que quer. Tal, levará a novos projetos para mostrar ao mundo o mundo, numa outra vertente, criativa, de produção de conteúdos e de disseminação de ideias de futuro e por um futuro melhor! Em especial neste desafio, diz, estará com outro patrão de alto mar e seu marido, o homem que é o amor da sua vida, agradecendo infinitamente este encontro de almas e a força e a paz que lhe traz.

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