Finangeste: “Mais do que investir, criamos soluções”

Paul Henri Schelfhout, presidente do Conselho de Administração da Finangeste, esteve à conversa com a Revista Business Portugal, com a intenção de transmitir os valores da empresa e desmistificar o setor onde se insere.

Empreendedor e visionário, o entrevistado, conta já com 25 anos de experiência no setor imobiliário português e internacional, com especial enfoque na concretização de transações e desenvolvimento nas áreas residenciais, comerciais e de resorts. Desde cedo geriu projetos imobiliários relevantes e promoveu serviços de consultoria e colaboração com um leque significativo de investidores e empresas imobiliárias.

Um percurso moldado ao longo dos anos
Porém, a existência da Finangeste é anterior ao seu legado e Paul Henri Schelfhout reconhece o valor do trabalho dos seus antecessores. Fundada em 1978 pelo Governo Português a empresa tinha como acionistas o Banco de Portugal e, mais tarde, um vasto leque de bancos portugueses. Em 2015, a empresa foi vendida e o rumo alterou-se. “Um grupo de investidores nacionais e internacionais com o intuito de potenciar o elevado nível de conhecimento e experiência da empresa numa altura em que o mercado imobiliário português começava a recuperar” tomaram conta da empresa. O presidente ressalva que o “importante é focar-nos no hoje. Hoje, a Finangeste é uma das empresas líderes na gestão de portefólios de imóveis, na promoção e construção de projetos imobiliários e na aquisição e gestão de créditos em incumprimento em Portugal. Na sua base de operação no nosso país a Finangeste, investe e gere elevados montantes financeiros em carteiras de propriedades e de créditos, sendo seus parceiros e co – investidores alguns dos maiores private equity e outros fundos de gestão de ativos internacionais. “A Finangeste é uma empresa que está em constante evolução e podemos dizer que também é a máquina de reciclagem do sistema bancário português”, explica.

Crescer para abraçar a Europa e o mundo
Portugal enfrentou, nos últimos anos, uma vaga de exposição europeia e mundial que, pela sua dimensão, nos surpreendeu. Paul Henri Schelfhout deixa bem claro que é imprescindível que se abrace esta oportunidade. “Nós deixamos de ser de Portugal para ser do mundo e observar o que está a acontecer nas cidades portuguesas é uma prova disso. O turismo crescente e a procura por novas residências tornaram as cidades do Porto e Lisboa mais próximas de serem cidades europeias e temos de aproveitar todos os fatores favoráveis para crescer em termos económicos e consolidar a nossa posição enquanto destino turístico. A questão prende-se em saber gerir o sucesso, não pode ser oito nem oitenta, há que encontrar um equilíbrio. O crescimento económico tem de ser benéfico para os empresários, para os colaboradores e para a economia nacional no seu todo”. A Finangeste, sendo responsável pela gestão de grandes investimentos, aderiu a uma política de investimento responsável (ESG Environment, Social & Governance policy) que compreende uma série de princípios definidos pelas Nações Unidas sobre o investimento, os direitos humanos, o trabalho, o ambiente e a corrupção. De facto parte muito significativa dos investidores em fundos de investimento são reformados e famílias, pelo temos de ter a consciência de nos focar em investimentos responsáveis”.

A vasta oferta de serviços
São diversos os serviços oferecidos pela empresa. Co-Investimento: “A Finangeste encontra-se numa posição privilegiada para identificar e criar novas oportunidades comerciais para a aquisição de portefólios real estate e de non performing loans em Portugal. Trabalhamos em conjunto com os nossos parceiros e clientes internacionais na avaliação, aquisição e gestão de grandes portefólios de ativos junto dos bancos portugueses, assim como de outras grandes entidades financeiras e grandes empresas em Portugal”.
A Gestão de Créditos é também uma das especializações. “A Finangeste tem elevadas competências para diagnosticar e gerir os mais complexos créditos em incumprimento dos diferentes tipos de entidades. São equipas multidisciplinares, constituídas por asset, legal e real estate management, e estão distribuídas nos centros de Lisboa, norte e no Algarve para uma maior proximidade com os seus clientes locais. Têm uma larga experiência de trabalho com as entidades intervenientes, o que permite uma otimização dos prazos de resolução, sempre que possível”, explica o Presidente do C.A.
A Gestão de Imóveis é um serviço que não pode ser esquecido. “A Finangeste tem sido reconhecida, em Portugal, como uma das empresas líderes na gestão de ativos imobiliários de grande complexidade. As equipas de Real Estate da Finangeste têm as competências especializadas para encontrar as melhores soluções para cada imóvel, em função das tendências do mercado e dos programas de enquadramento urbanístico em curso. A nossa equipa de engenheiros e outros especialistas, conta com o apoio de uma vasta rede de prestadores de serviços externos tais como arquitetos, projetistas, designers e mediadores, em função das necessidades específicas da gestão e acompanhamento de cada projeto imobiliário”.
Para além destes, existem outros serviços que a empresa pode prestar aos seus clientes e co-investidores internacionais, onde se destacam os seguintes: Project Management que presta um serviço completo de gestão de projetos de desenvolvimento e investimento imobiliário que compreende todas as fases do ciclo de vida do produto, desde a origem e desenvolvimento, à gestão e comercialização e Accounting que dispõe de parcerias com entidades especialistas em contabilidade que podem prestar aos clientes soluções completas nesta área.

As barreiras legislativas
A legislação portuguesa está a colocar entraves ao crescimento do setor de arrendamento. “Nós temos de estar preocupados com os nossos portefólios e com os investidores. Temos sempre de ser cautelosos, porque é a eles que devemos a nossa lealdade”, afirma. Com a nova legislação, os que investiram em alojamento para arrendamento têm novas e difíceis condicionantes. “Com isto, não quero dizer que desalojar as pessoas foi a atitude correta e com a especulação imobiliária, existiram histórias que não se deveriam ter sucedido. No entanto, não podemos ser radicais. Os mais carenciados têm de ser protegidos pela lei e os investidores têm de ter um enquadramento legal estável e claro bem como terem a liberdade de gerir os seus próprios imóveis. Se realmente o legislador quer adotar medidas de proteção aos mais carenciados deve ser o Estado e as Câmaras Municipais a assegurar esta função social”.
É nesta falta de equilíbrio que se prende um dos maiores problemas neste contexto imobiliário. Por isso, é importante desmistificar as situações. “Desmistificando, a essência do investimento resume-se a isto: Quanto é que eu pago? Quanto é que me custa? Quanto é que eu recebo? E tem de haver liberdade de investimento. Tem de haver proteção para as classes mais desfavorecidas pelo Estado, já que esta é uma das suas funções”, afirma Paul Henri Schelfhout.

Caldas da Rainha: uma aposta na qualidade de vida
“A localização é privilegiada e a cultura local é uma referência. Sendo assim, porque não investir nas Caldas da Rainha”? Lança o mote, o nosso entrevistado. O investimento foi de 10,5 milhões de euros e permite o avanço do projeto de reabilitação urbana que pretende criar 150 empregos e recuperar cinco edifícios. O empreendimento Caldas Terrace dará origem a 73 novas habitações, lojas e serviços. “O projeto Caldas Terrace, cujo primeiro dos cinco blocos se encontra em fase final de acabamentos, insere-se numa área urbana em renovação, com a criação prevista de novas superfícies comerciais, serviços de saúde, parques, ginásios, entre outros. Este investimento mostra de forma patente o posicionamento da Finangeste enquanto marca dinamizadora e impulsionadora da reabilitação urbana. Ao desenvolvermos este grande projeto, nas Caldas da Rainha, estamos não só a contribuir para a política de reabilitação que a Câmara Municipal está a implementar, como também a alavancar um empreendimento que, estamos certos, será relevante para a economia e para as famílias da região”, refere a administração da Finangeste.
Com a missão de apostar na reabilitação urbana encaram este projeto como um desafio de gestão das cidades e de reabilitação de edifícios que não foram finalizados e que se encontram em degradação. “O mercado português tem, só neste segmento imobiliário de carteiras de créditos não produtivos (NPL), mais de três mil milhões de euros em ativos expectantes de intervenção, com potencial comercial após reabilitação superior a 10 mil milhões de euros pelo que há ainda um vasto caminho que a Finangeste vai percorrer neste setor”, sublinha.
Para além da gestão e da requalificação dos edifícios, a empresa está preocupada com o ambiente e é nesse sentido que “tentamos implementar uma filosofia verde nos nossos edifícios. Quando são feitos de raiz nós já os fazemos com essa filosofia. Quando fazemos reabilitação é mais complexo, mas tentamos, ao máximo, implementar as medidas essenciais. Nas Caldas da Rainha é o que estamos a fazer. Este tipo de empreendimentos dão uma qualidade de vida superior aos seus moradores”, explica.
A reabilitação urbana é um desafio muito aliciante para os investidores que retiram desses investimentos, diversas vantagens. “Para cada tipo de capital e de investimento, se o trabalho for bem feito, nós conseguimos redirecionar os nossos clientes para zonas mais vantajosas porque existem mercados onde a qualidade de vida é superior, comparando com as grandes cidades nacionais. Com os mesmos investimentos, mas mais afastados dos grandes centros, é possível viver com mais qualidade de vida, com melhores serviços e comércio”, afirma.

Um olhar cauteloso para o futuro
“É essencial que as pessoas não se esqueçam que estamos a viver uma época de ouro, mas que, em 2013, e não foi assim há tanto tempo, não sabíamos onde íamos chegar e não tínhamos qualquer tipo de garantias ou perspetivas de melhorias. Hoje, é importante que pensemos também no futuro. Um futuro do qual não temos garantias e em que tudo pode mudar”, sublinha.
O objetivo principal já foi alcançado, mas existe vontade de continuar o percurso com a aposta em novas cidades, implementando as medidas adotadas nas Caldas da Rainha. “Abranger mais cidades nesta política, e com esta missão, é o próximo passo. Figueira da Foz já faz parte dos planos, assim como toda a costa central de Portugal, desde Peniche até Coimbra, onde existe um grande potencial imobiliário. São vários os projetos para o futuro e, acima de tudo, o objetivo é apostar em Portugal. A construção de novos recintos, fazer mais reabilitações e a compra de empresas com dificuldades são objetivos a conquistar”, conclui Paul Henri Schelfhout, presidente do Conselho de Administração da Finangeste.

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