Artigo de Opinião: A importância da Vitamina D no nosso organismo
Indispensável à nossa saúde, a Vitamina D é um problema que, na sua maioria, não padece de sintomas óbvios e por isso existe uma carência maior em determinados grupos de risco. O Professor José Silva Nunes explica quais as consequências e de que forma se podem resolver.
Vitamina D
A vitamina D funciona como uma hormona com múltiplas ações, das quais a classicamente assumida é o seu papel fulcral no metabolismo do cálcio e fósforo. Entre outras funções, a vitamina D é responsável pela absorção intestinal do cálcio que é ingerido nos alimentos. Além da sua ação no metabolismo fosfocálcico, a vitamina D tem sido implicada na modulação do sistema imunológico, influência sobre o risco cardiovascular e sobre a oncogénese.
Mas onde podemos encontrar a Vitamina D?
A principal fonte de vitamina D provém da formação cutânea, por ação dos raios ultravioleta B, a partir do 7-dehidrocolesterol (um derivado do colesterol) existente na pele dos indivíduos. Complementarmente, embora em muito menor importância, há um conjunto de alimentos ricos em vitamina D (nomeadamente, alguns peixes e nos ovos) que podem contribuir para os níveis circulantes da hormona.
A carência de Vitamina D é particularmente prevalente em alguns grupos de risco. Destacam-se os idosos, devido à menor capacidade de produção de Vitamina D da pele e sua ativação no rim, as pessoas com excesso de peso (por sequestração de vitamina D no tecido adiposo), os indivíduos de pele muito escura, os doentes que efetuam alguns medicamentos (como corticoterapia, fármacos anticonvulsivantes, antifúngicos e antirretrovirais).
Como podemos saber que temos carência de Vitamina?
A esmagadora maioria das pessoas com carência de Vitamina D não tem sintomas óbvios que a denunciem. A evidência científica sugere, contudo, que possam ter uma saúde menos robusta traduzida em maior tendência à ocorrência e à gravidade de doenças variadas como infeções respiratórias, doenças neurológicas, insuficiência cardíaca e neoplasias.
Caso se confirme que existe uma deficiência de vitamina D (quando os níveis de 25-hidroxivitamina D se encontram abaixo dos 20 ng/mL) deveria ser instituída terapêutica substitutiva para corrigir aquela hipovitaminose.
Como o défice de vitamina D, sobretudo com implicação clínica, cursa com aumento ligeiro a moderado dos níveis sanguíneos de paratormona, o doseamento desta hormona pode ser utilizado como alternativa em contextos em que não é possível efetuar o doseamento de vitamina D.
Quais as consequências do défice de Vitamina D?
Esta vitamina assume um papel importante na proteção cardiovascular e na modulação do sistema imunológico logo, o seu défice induziria induziria aumento do risco cardiovascular e quebra da homeostasia a nível imunológico (com aumento do risco de desenvolvimento de várias doenças imunomediadas).
Face aos níveis reduzidos de vitamina D, existe um compromisso na absorção intestinal do cálcio alimentar. Para que não ocorra hipocalcemia, com todas as múltiplas consequências nefastas de tal condição, o organismo procura manter a eucalcemia através da mobilização de cálcio a partir das maiores reservas que o organismo humano possui: o osso. Para tal, ocorre aumento da síntese de paratormona (PTH) pelas glândulas paratiroideias a qual, por ação sobre os osteoclastos, promove a mobilização do cálcio dos ossos para a corrente sanguínea.
A necessidade de Vitamina D é comum a todas as faixas etárias?
A utilização de vitamina D é obrigatória em todos os bebés durante o primeiro ano de vida, de acordo com recomendações nacionais e internacionais. As recomendações internacionais alargam-se a todas as crianças até aos 18 anos que pertençam a grupos de risco, nomeadamente com obesidade, pele escura ou com indevida exposição solar. Na idade adulta, pessoas com mais de 65 anos são o principal grupo alvo das recomendações da maioria das especialidades médicas.