Uma cidade inteligente que vive de pessoas e para as pessoas

Bragança é uma cidade do interior que, por força dessa circunstância, se depara, diariamente, com alguns constrangimentos mas que, também diariamente, luta para conseguir transformar esses constrangimentos em oportunidades, o que lhe permite ombrear protagonismo com grandes urbes, de tal forma que figuramos no top 4 das cidades mais inteligentes do país.

Hernâni Dias, Presidente

Uma cidade inteligente vive de pessoas e para as pessoas. Estas devem ser e são o foco da nossa atuação. É sob esta premissa que, em Bragança, a intervenção municipal tem sido pautada, desde logo, pelo conceito de ecocidade e, simultaneamente, de acesso à tecnologia, tornando os residentes agentes ativos na gestão municipal e na facilitação da vida aos visitantes.

Como exemplo desta participação ativa é o orçamento participativo em que os munícipes são chamados a apresentar propostas que pretendam ver realizadas ou o sistema Alerta Bragança em que podem reportar, através de uma aplicação móvel para smartphones, pequenas situações problemáticas (Ex. uma fuga de água, a queda de uma árvore ou lixo na rua) ou, ainda, a app Bragança Perto, uma app de utilização gratuita destinada a residentes, visitantes e turistas, permitindo acompanhar notícias, consultar agenda de eventos, pontos de interesse, entre outros.

Mas para potenciar estas utilizações é importante proporcionar aos cidadãos acesso gratuito à rede móvel. Desta forma existem, na cidade, essencialmente no Centro Histórico, 39 pontos de acesso da rede wifi.

Ainda a pensar nos cidadãos, o Município implementou circuitos e ações tendentes a facilitar a vida dos munícipes, desde logo o Balcão Único de Atendimento onde, num único local é possível tratar de todos os assuntos relacionados com a atividade municipal.

É igualmente possível, através do Geoportal Municipal obter, de forma gratuita, plantas topográficas para instrução de processos na área do urbanismo e consulta de plantas e planos.

Ao nível da mobilidade temos uma cidade ciclável dotada de bicicletas elétricas partilhadas, de utilização gratuita e, ainda uma rede de ciclovias (de 46,59km (incluindo a EcoPista, Ciclovia Envolvente ao IPB, Ciclovia do Pólis, Ciclovia da Mãe D’Água, Circular Interior de Bragança e Pista Ciclável Partilhada Mista em Zona Urbana), estando várias outras em execução que, a curto-médio prazo, se tornarão uma realidade.

Porque a sustentabilidade e o ambiente devem ser uma preocupação constante na execução das políticas mundiais, nacionais e municipais, temos parte da frota de veículos afetos aos serviços de limpeza urbana e manutenção de jardins, dotada com veículos elétricos, levando a ganhos de eficiência e diminuição das emissões de gases com efeito de estufa, de partículas nocivas para a qualidade do ar e do ruído em meio urbano.

Assim como 50% das linhas de Transportes Urbanos estão servidas com autocarros elétricos, proporcionando uma poupança de 27.550,00€/ano em combustíveis fósseis e redução de 58 ton. de CO2.

Ainda na área da mobilidade, o projeto “Moveletur” tem uma rede de itinerários turísticos “verdes” que promovem, através da mobilidade elétrica para todos (adultos crianças e famílias – bicicletas e tuk-tuk), pontos de elevado valor natural e cultural.

Existem, igualmente, seis interfaces multimodais, em abrigos de paragem de autocarros, equipados com painéis informativos digitais e autossustentáveis, com o objetivo de prestar informação atualizada aos utentes e de gerir a circulação da frota rodoviária dos transportes públicos do Município.

Paralelamente, existe na cidade a possibilidade de pagamento do estacionamento de superfície através da app Via Verde Estacionar, sem a obrigatoriedade do dispositivo da Via Verde associado.

Ao nível construtivo, as instalações municipais, foram pensadas e concebidas para serem um bom exemplo no que toca à sustentabilidade, inovação, modernidade e eficiência energética, num verdadeiro conceito de ecocidade.

Integram algumas das mais recentes e modernas tecnologias, tendo o projeto sido distinguido com o Prémio de Excelência em Inovação.

A título de exemplo refira-se que, nos edifícios-sede do Município, dispomos de vários monitores, com informação sobre os consumos desses edifícios e a produção de energia dos 2.000 metros quadrados de painéis fotovoltaicos ali instalados. Neste âmbito a nossa autonomia energética é de 60%, ou seja, produzimos 60% da energia consumida nesses edifícios.

Possuem, ainda, sistemas automatizados de climatização e ensombramento, cobertura verde, reaproveitamento das águas pluviais, sistemas de produção de energia (fotovoltaicos, biomassa), entre outros.

Muitos seriam os exemplos a citar, que contribuem para fazer de nós um destino apetecível, acolhedor, dinâmico e inteligente, alcançado através da partilha do conhecimento e uma visão estratégica concertada entre instituições e parceiros, mas, melhor que continuar a debitar exemplos é conhecer, in loco, todas as infraestruturas e ferramentas que colocamos à disposição.

A evolução e a modificação das coisas é algo necessário e inevitável e a construção de uma “cidade inteligente”, não é diferente mas, tão importante como pensar o futuro e potenciar as melhores práticas é ter sempre em atenção a valorização dos nossos territórios, sem contudo manchar a sua história e o legado que nos foi deixado, onde as pessoas assumem o papel principal.

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