Olivais: o verdadeiro jardim de Lisboa

Há sete anos presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, Rute Lima de Jesus conseguiu posicionar os Olivais no início da lista das melhores freguesias de Lisboa. Grandes desafios de gestão que servem de exemplo para outros organismos públicos, como nos diz orgulhosamente a autarca.

Uma freguesia que alcança esta posição e é galardoada duas vezes com o Rótulo Europeu de Responsabilidade Social é sinónimo de um bom trabalho?

Na minha perspetiva, sim. De realçar que este destaque da Freguesia dos Olivais, por duas vezes consecutivas, foi conseguido de entre os melhores a nível europeu. Significa que as nossas práticas de gestão têm aspetos de boa governação e de responsabilidade social que servem de exemplo para outros organismos públicos e privados de outros países. Para mim é um orgulho muito grande liderar um projeto e operacionalizá-lo por forma a ser replicado além-fronteiras.

Olivais tem escala de cidade e é um território muito heterogéneo, que representa grandes desafios de gestão, tanto ao nível da gestão corrente, como da gestão do investimento. A Câmara Municipal de Lisboa surge neste espectro como parceiro de excelência naquela que é a conceção e concretização de projetos de dimensão municipal.

A Freguesia dos Olivais tem vários equipamentos urbanos e sociais que continuam a acolher os cidadãos para momentos de lazer e de convívio. Quais foram as obras que mais contribuíram para este crescimento?

Olivais é uma Freguesia pensada onde não é preciso inventar quase nada, tendo em conta as suas características urbanísticas e beleza natural. O que nos cabe a nós fazer? Manter, requalificar e criar novas zonas de estadia e lazer. Estabelecemos com o Município de Lisboa um Contrato de Delegação de Competências em que, em conjunto, vamos requalificar várias praças e ruas da Freguesia. Nesse âmbito, estão a decorrer as obras de melhoria do espaço público na Quinta do Morgado, uma obra essencial para a valorização do território e para darmos uma resposta em termos de mobilidade pedonal e rodoviária. Também está a acontecer a intervenção de rebaixamento de dezenas de passeios um pouco por toda a Freguesia com novas passagens de peões, para darmos mais segurança aos mais idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou, por exemplo, aos pais ou avós que estão a passear com os seus filhos.

Estão em curso concursos públicos para a requalificação da Rua Vila Bissorá, próxima do Spacio Shopping, que irá alterar todo aquele espaço verde circundante à Escola C+S e ao bloco habitacional da Rua Cidade da Praia. Uma obra que tornará toda a zona mais agradável, a também grande requalificação dos impasses da Rua Almada Negreiros, da Avenida Cidade de Lourenço Marques junto à Rua Cidade da Beira. Todas as intervenções têm como foco a construção de novos caminhos pedonais, renovação dos espaços verdes, plantação de mais árvores e reordenamento do estacionamento para aumentar o número de lugares disponíveis para os residentes.

Também existirão – e algumas já estão a decorrer – intervenções que serão feitas em colaboração com a Junta de Freguesia, mas concretizadas pelo município. A requalificação da célebre Praça do S, na Rua Alferes Barrilaro Ruas, do impasse da Rua Sargento Armando Monteiro Ferreira, junto ao muro da Quinta Conde dos Arcos, ou as repavimentações totais das ruas Cidade da Praia, de Tete e da Beira. Junto à Rua Cidade da Praia. Tudo obras que vão melhorar a qualidade de vida dos Olivalenses e que contamos que estejam prontas até ao final de 2021.

Em 2020 havia vários projetos para implementar, como a criação da Loja do Cidadão e a reabertura do Centro Clínico. Apesar da chegada da pandemia, os objetivos foram cumpridos?

Um deles sim – O Centro Clínico, o outro ainda não – Loja do Cidadão, embora este último já esteja em negociações com a AMA. O Centro Clínico, que esteve para ser inaugurado em setembro do ano 2020, não o foi por via da Covid-19, porque acabou por ser um equipamento utilizado para o combate e prevenção. Será reaberto dia 31 de maio, com todas as valências previstas e com um balcão do SNS24, através do qual a Junta de Freguesia terá um papel fundamental junto dos Olivalenses em algumas matérias que só são tratadas atualmente no Centro de Saúde. Passaremos a ter um serviço de saúde pública de proximidade. Quanto à Loja do Cidadão, o motivo do atraso é exatamente o mesmo. Todos os serviços foram afetados pela Covid-19 e inúmeros projetos passaram para segundo plano visto que a prioridade foi e continua a ser, a emergência social. Ainda teremos o Miradouro do Aeroporto, na Rua Cidade de Tete, um megaprojeto que ascende a cerca de 700 mil euros. A obra está a ser iniciada, mas a sua conclusão está prevista apenas para o próximo mandato. É um projeto que nasceu pequeno e que depois foi crescendo tendo em conta a potencialidade do espaço e, à medida que foi sendo construído, foram acrescentadas novas valências. A Câmara Municipal de Lisboa já avançou com a limpeza e vai continuar a trabalhar na conceção do miradouro e no próximo mandato será feita a execução final.

Mega projetos como a requalificação integral do Bairro da Encarnação, Mercado da Célula B e Praça da Viscondessa estão ultimados, mas tendo em conta os valores envolvidos e a complexidade técnica, tiveram o atraso próprio dos processos complexos.

Vamos construir uma estação, com todas as condições, para as autocaravanas ficarem estacionadas enquanto os seus condutores visitam a nossa cidade e região. A cidade de Lisboa é deficitária deste tipo de equipamentos, ficando as autocaravanas paradas e sem condições, um pouco por toda a cidade. O local identificado é um espaço algo abandonado, com hortas clandestinas, junto às bombas da Galp, na 2ª circular. O projeto está concluído e iremos encetar os procedimentos para a sua execução. O mesmo permitirá, para além de contribuirmos para a criação de riqueza e empregos em Lisboa, dinamizar o turismo e potenciar o comércio local.

O combate ao isolamento, à exclusão social e outras formas de discriminação são também uma preocupação, nomeadamente no contexto atual. Que medidas têm sido tomadas nesse sentido?

Neste contexto, surgiu a necessidade de reforçar a resposta social a vários níveis. A nossa capacidade de resposta foi a mesma de sempre, apenas ampliada. Não nos dá felicidade dar essa resposta, mas há orgulho em saber que somos a primeira linha de apoio da nossa população na distribuição de centenas de refeições todos os dias aos mais idosos e vulneráveis ou na distribuição de alimentos essenciais no nosso Banco Alimentar.

Neste momento, numa medida da Câmara Municipal de Lisboa, em conjunto connosco, estamos a disponibilizar vales de refeição às pessoas que deles necessitam para depois os utilizarem nos estabelecimentos da nossa economia local.  Apoiar as pessoas, mas também as empresas e os empregos que criam.

Flagelos como o isolamento, a exclusão social e outras formas de discriminação são fenómenos que tentamentos prevenir e acompanhar de forma muito próxima, através das nossas equipas multidisciplinares e das nossas linhas de apoio. O trabalho em rede com os nossos parceiros, PSP, CPCJ, Santa Casa e outros permite uma atuação discreta e eficaz.

O ambiente e higiene urbana e manutenção dos espaços públicos são também preocupações da autarquia. Dar o exemplo e adotar uma posição firme de sensibilização é uma das vossas grandes responsabilidades?

Não é em qualquer território urbano, nomeadamente em Lisboa, que se pode viver quase paradisiacamente. Os Olivais são o verdadeiro jardim de Lisboa. Não é fácil fazer a sua manutenção pela densidade, amplitude e características. As coisas vão mudando, o próprio planeta mudou e os desafios da emergência climática e da proteção do ambiente são cada vez mais prementes. A JFO e a CML têm vindo a adotar, nos últimos anos, medidas de poupança e gestão de água para a rega.

Manter a Freguesia limpa e verde dá muito trabalho. Temos as nossas equipas e empresas para tratamento dos relvados, das árvores, dos arbustos e das flores. É uma enorme envolvência e um dispêndio orçamental, que ronda os 800 mil euros por ano, que revela a importância que a Junta de Freguesia dispensa ao jardim da cidade de Lisboa.

Está entre os compromissos do presente mandato a elaboração da Estratégia Energético-Ambiental. É importante num futuro próximo promover uma cidadania ativa?

A freguesia de Olivais é uma das 24 freguesias da cidade de Lisboa, cujo município subscreveu o “Cumprimento do Pacto dos Autarcas” e aprovou Estratégia Energético-Ambiental, que se centra na redução dos consumos de energia, água e materiais e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. A Estratégia cumpre o objetivo de criar as condições necessárias para promover eficientemente a melhoria da qualidade do ar exterior, a redução de ruído, a redução do consumo de água potável por habitante, a redução do consumo de energia por habitante, e a redução da produção de resíduos para aterro por habitante. Acredito que a sensibilização da população para estas questões, devem ser alimentadas junto dos mais jovens. Em março de 2020 tivemos as XXVI Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental, organizadas  pela ASPEA em parceria com a JFO, a CML e a Lisboa e-Nova. Alusiva ao tema “Educação Ambiental como processo (trans)formador para a construção de eco comunidades”, as jornadas abordaram 4 eixos temáticos prioritários: Educação Ambiental como contributo para a ação climática; Educação Ambiental na preservação da biodiversidade e dos sistemas aquáticos; Educação Ambiental como ferramenta para promover a economia circular; Educação Ambiental nas estratégias de mobilidade suave e de energia limpa.  Sensibilizando as crianças, sensibilizamos toda a população.

Devemos todos ser responsáveis enquanto cidadãos e, enquanto líderes das organizações, promover outras formas de pensar a sustentabilidade e adotar que contribuam para uma maior eficiência de recursos. A promoção de uma melhor gestão da água, travar a perda de biodiversidade e a degradação dos serviços ecossistémicos, melhor gestão do ordenamento territorial e dos solos, transformação dos resíduos em recursos através de uma reciclagem e reutilização mais orientada, da recolha seletiva e da valorização energética são só alguns exemplos do que já se pratica nos Olivais. Mas muito mais há a fazer e cabe a cada um fazer a sua parte.

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