Um percurso de sustentabilidade económica, social e ambiental

Carlos Garcia, CEO

Carlos Garcia, CEO

Com mais de duas décadas de história, a Reginacork tem conseguido marcar a diferença no mercado através de pressupostos de inovação, qualidade e sustentabilidade, assumindo-se hoje como uma referência nacional na área da indústria corticeira. Carlos Garcia é o rosto da liderança da Reginacork, um homem dinâmico e carismático, reconhecido pelo seu empenho, dedicação e mérito no mundo dos negócios. Em entrevista à Revista Business Portugal, o empresário deu a conhecer as áreas de negócio e o circuito do processo desde a floresta até chegarmos ao produto final, destacando que o grande desafio é rentabilizar o produto e sustentabilizar a empresa. 

 

A Reginacork, empresa sediada em Pinhal Novo, distrito de Setúbal, iniciou o seu percurso, em 1998, com a preparação de cortiça, mais tarde, com os triturados e, posteriormente, com os granulados de cortiça. Mais recentemente, em 2016, deu início à produção de um novo produto, constituindo uma unidade de produção de pellets (um combustível ecológico alternativo ao fóssil, com custos muito inferiores para o consumidor e benefícios acrescidos para o meio ambiente) de uso industrial e doméstico, representando um investimento na ordem dos 8,5 milhões de euros. “Instalámos uma unidade para produção deste produto, um modelo de negócio diferente, mas com muitas sinergias oriundas do sector corticeiro, nomeadamente, o abastecimento de matéria-prima e a sustentabilidade das florestas”, refere o administrador. Com os resultados positivos resultantes dessa aposta, Carlos Garcia decidiu reforçar ainda mais a produção de pellets com um novo investimento, na ordem dos 1,5 milhões de euros, em 2020, durante a pandemia. Foi montada uma nova linha de secagem para os pellets, no sentido de permitir à empresa aumentar produções e, além disso, poder trabalhar as matérias-primas em verde, reduzindo, significativamente, a emissão de poeiras durante o ciclo produtivo.

 

Em termos operacionais, a Reginacork alimenta as suas linhas de produção com matéria-prima, resultante da poda e limpeza dos pinheiros, a chamada biomassa residual florestal, que depois de moída, dá o produto final, traduzido em pellets. A recolha desta matéria-prima é feita, maioritariamente, pela própria empresa, que tem pessoal e equipas externas devidamente formadas para efetuar estas intervenções, que são igualmente desenvolvidas respeitando em absoluto os critérios da FSC (Forest Stewardship Council) e SBP (Sustainable Biomass Partnership), esta última considerada “a mãe de todas as certificações” neste campo. Em fábrica, a matéria-prima é crivada para remoção de sílicas e é aplicada integralmente na produção de pellets e/ou comercialização de estilhas para queima. Os pellets são biocombustíveis sólidos 100 por cento naturais, renováveis, com impacto neutro nas emissões de CO₂ durante a queima e com um elevado poder calorífico. “Estamos muito vocacionadas para a produção de pellets industriais, os nossos mercados prioritários são os países nórdicos e do centro e norte da Europa, nomeadamente a Dinamarca, Holanda e Inglaterra”, esclarece, destacando que são países muito cumpridores, exigentes e seletivos em termos de parceiros, portanto marcar presença nestes mercados é indicativo de um excelente trabalho. “No âmbito dos pellets, fomos apoiados desde a primeira hora pelo grupo de energia Orsted, que tem o governo dinamarquês como acionista, porque acreditaram no projeto e começaram logo a estabelecer contratos para lhe dar sustentabilidade”, sublinha Carlos Garcia.  

Na esfera da cortiça, a Reginacork preconiza a poda e limpeza dos sobreiros, utiliza essa cortiça denominada de falca e transforma-a em granulados para revestimentos. De acordo com o administrador da empresa, este é o principal abastecimento das indústrias de revestimentos de cortiça, a Reginacork abastece as fábricas que, posteriormente, exportam quase a 100 por cento. “No fundo, vivemos de sobrantes da floresta. Tudo o que fazemos provém do aproveitamento florestal e depois vai para exportação, no caso dos pellets é diretamente, no caso do granulado de cortiça 80 por cento vai para exportação de forma indireta e o restante de forma direta”. Os granulados são produzidos, calibrados e selecionados em função da sua densidade, ou seja, quanto menor a densidade do grão, melhor é o produto, mais elástico. Quanto maior a densidade do grão, quantos mais quilos por metro cúbico tiver menor é a qualidade, explica o administrador, evidenciando que abastecem o mercado, em função das exigências dos clientes, isto porque cada cliente precisa do seu produto específico, quer em tamanho, quer em densidade.

Inovação, Qualidade e Sustentabilidade

A missão da Reginacork é produzir pellets de madeira, triturado e granulado de cortiça de forma rentável para a empresa e para o mercado. Em todo o processo de produção há um rigoroso controlo de qualidade, nos pellets o produto é testado quinzenalmente em laboratórios externos para dar cumprimento integral às especificações do caderno de encargos, no que respeita a cloro, cinzas, partículas, entre outros. “Na parte da cortiça, temos um pequeno laboratório interno, no qual testamos continuamente densidades e granulometria, e analisamos carga a carga, nomeadamente a nível de humidade e impurezas”, refere Carlos Garcia, acrescentando: “Não confundir cortiça com pellets, são coisas distintas, há muita sinergia nos dois sectores, porque são utilizados os mesmos tipos de máquinas e de transportes, mas os pellets vivem dos pinheiros e os granulados dos sobreiros”. 

A Reginacork orgulha-se de ser uma empresa amiga do ambiente, adotando importantes medidas com vista à preservação ambiental. A única forma de assegurar essa sustentabilidade é realizar todo o processo, que vai desde o contacto com os proprietários da floresta até ao envio dos estilhadores para a transformação das biomassas florestais residuais em pellets. Há um conjunto de regras que têm de ser escrupulosamente respeitadas, ao longo de todo o processo, e que apenas “podemos garantir que são cumpridas se acompanharmos o processo desde início. Vale a pena relembrar que a nossa atividade constitui um grande aliviar da carga térmica nas florestas todos os anos, através do nosso trabalho promovemos a segurança da floresta, diminuindo drasticamente o risco de incêndios e pragas”, sublinha o administrador. A Reginacork está constantemente a investir em melhorias, transportes e equipamentos próprios e em conceitos de trabalho que promovam maior eficiência, ou seja, tenta simplificar os processos, de forma a reduzir custos e rentabilizar o máximo possível. Os desafios são constantes, mas Carlos Garcia frisa que o grave problema com que se depara é o aumento estrutural de tudo o que são consumíveis e energias, por isso mesmo vai encetar um investimento em painéis fotovoltaicos para reduzir substancialmente a fatura elétrica. “O nosso grande desafio é rentabilizar o produto, porque estamos a falar de um produto barato, uma energia alternativa barata, portanto temos que rentabilizar o produto e sustentabilizar a empresa”, acrescenta. 

A Reginacork orgulha-se de ser uma empresa amiga do ambiente, 

adotando importantes medidas com vista à preservação ambiental

Um exemplo de resiliência empresarial

As dificuldades trazidas pela pandemia aguçaram a criatividade, inovação e capacidade de superação das empresas portuguesas, que fizeram das fraquezas forças e continuaram a triunfar no mundo dos negócios. Carlos Garcia desvenda que no sector da cortiça, a empresa foi seriamente abalada em 2020, e em 2021 tem registado um franco crescimento. Nos pellets, em 2020, a empresa fez um novo investimento e aumentou produções para compensar. “A pandemia afetou-nos a todos e, agora, este aumento estrutural de custos de consumíveis, de manutenções, dificuldade em obter spare partsSão questões às quais tivemos que nos adaptar, de qualquer forma, o 2020 foi um ano de quebra de faturação, na ordem dos cinco por cento e, para 2021, estamos a calcular um crescimento acima dos 20 por cento comparativamente com o ano passado”, avança o empresário. E como antecipa o 2022, neste contexto? Carlos Garcia é categórico ao afirmar que, neste momento, em termos de mercado, não prevê grandes problemas, porque estamos a falar de um mercado que está em franco crescimento. Na questão estrutural, considera precipitado manifestar-se pela incerteza e insegurança, no que respeita à estabilidade do país em si. Contudo, lembra: “O nosso produto não depende do mercado interno e é sempre uma mais-valia para o país, porque estamos a obter divisas das biomassas residuais florestais transformando-as em energia alternativa”. A Reginacork é fruto de muita dedicação e de muito esforço. É fruto de uma constante readaptação e de muitas inovações, que foram sendo implementadas na empresa, de forma a ser melhor a cada dia. Trabalho, resiliência, determinação, crescimento e melhoria contínua, são os valores que norteiam a ação da Reginacork e que continuarão a fazer parte do seu ADN. 

Equipa Reginacork

Equipa Reginacork

Da fórmula do sucesso faz também parte uma equipa de profissionais, indispensável para o êxito do projeto. Carlos Garcia considera que sem espírito de equipa, sem interação e sem esforço conjunto seria impossível manter uma empresa como a Reginacork. A equipa de profissionais é um dos pilares. “Como em todas as empresas, tem de haver uma liderança, mas também tem que existir uma equipa unida, coesa e que dê o seu melhor com vista a alcançar os resultados pretendidos. É este espírito de equipa que tento preservar na Reginacork”, evidencia. Em relação ao futuro, Carlos Garcia mostra-se otimista, já que o mercado dos pellets está-se a desenvolver bastante, fruto do aumento do gás e dos outros combustíveis, mesmo a nível nacional, há um mercado doméstico, o ENplus, para o qual a empresa também tem certificação e produz ocasionalmente. “Esse seria um mercado engraçado para ampliar no futuro, mas para já temos encomendas qb, corremos atrás das datas de carga dos navios neste momento, não temos nenhum objetivo principal para além do que estamos a fazer”, refere o administrador, reiterando que os objetivos principais para 2022 são consolidar as apostas preconizadas e avançar com investimento, nomeadamente na energia fotovoltaica para autoconsumo e garantir estabilidade nos preços energéticos. 

 

 

Relativamente aos pellets de madeira e granulados de cortiça, a Reginacork tem implementados os seguintes referenciais normativos:

FSC Chain of Custody Certification, FSC-STD-40-004 Standard (Version 3-0)

Requirements for Sourcing FSC® Controlled Wood, FSC-STD-40–005 Standard (Version 3-1)

Requirements for use of the FSC trademarks by Certificate Holders, FSC-STD-50-001 (Version 1-2)

– ISO 9001

 Relativamente, unicamente, aos pellets de madeira, tem também implementados os seguintes referenciais normativos:

ENplus de 2015 – Parte 3 e 4 -Sistema de Certificação de Qualidade para Pellets de Madeira;

SBP Standard #1 V1.0 – Feedstock Compliance Standard;

SBP Standard #2 V1.0 – Verification of SBP Compliant Feedstock;

SBP Standard #4 V1.0 – Chain of Custody;

SBP Standard #5 V1.0 – Energy and Carbon data Collection;

Instruction Document 5A – Collection and Communication of Data V-1.1;

Instruction Document 5B – Energy and GHG Data V-1.1;

Instruction Document 5C – Static Biomass Profiling Data V 1:1.

 

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