Sustentabilidade: empresas vão responder ao desafio e serão parte da solução
Há precisamente 50 anos, teve lugar, em Estocolmo, a primeira Conferência Mundial sobre o Ambiente, organizada pelas Nações Unidas. Hoje, temos plena consciência que este evento foi um marco decisivo para o lançamento do conceito da Sustentabilidade.
Durante este meio século, o mundo assistiu a um nível de desenvolvimento sem precedentes, quer em termos económicos, por um lado, mas também no que respeita à preocupação com os valores sociais e ambientais.
No passado dia 15 de novembro, assistimos à passagem de mais um marco histórico: a população mundial ultrapassou a barreira dos 8 mil milhões de pessoas! Quando procuramos, hoje, estabelecer metas ambientais relativamente à situação que se vivia na primeira Revolução Industrial, devemos também recordar que a população mundial, nessa altura, era de apenas mil milhões de pessoas, onde os níveis de pobreza eram maiores do que os atuais.
Tudo isto contribui para que, atualmente, toda a atividade humana, incluindo o seCtor empresarial, esteja sujeita a uma enorme pressão, resultante da necessidade de introdução de inovação nos bens e serviços produzidos e do imperativo de um incremento significativo na eficiência dos processos, designadamente na utilização de recursos naturais e de energia.
Hoje, temos instrumentos e referenciais que ajudam as empresas a implementar os objetivos da sustentabilidade, que possibilitam simultaneamente a comparabilidade interempresas, naquilo que se designa por relato “não financeiro” e que, no futuro, se perspetiva que venha a ser uma prática conjunta com o relato financeiro das empresas.
Isto pretende evidenciar a importância vital de as empresas agirem de modo responsável para com a sociedade e para com a natureza e o território, permitindo que se mantenham controlados os impactos negativos da atividade humana.
Estamos num momento particularmente instável, após dois anos de pandemia e, agora, dentro de um conflito militar internacional, relativamente ao qual não se vislumbra um final próximo e que vem dificultar a capacidade das empresas em assegurar uma atuação responsável e sustentável.
Os empresários têm demonstrado uma extraordinária capacidade de se adaptarem aos tempos e à mudança, apostando fortemente na inovação, na eficiência dos processos, ou ainda na qualificação dos seus trabalhadores. Isto mesmo tem sido sentido pela AEP, como resultado do acompanhamento próximo que mantém com o tecido empresarial, mas por outro lado tem também percebido que existem ainda muitos domínios onde as empresas têm de suportar significativos “custos de contexto” que as limitam na sua capacidade para serem verdadeiramente competitivas.
Ciente da sua missão de apoiar as empresas e de ser voz ativa na transmissão dos seus problemas e dificuldades junto dos poderes públicos, a AEP tem elaborado um conjunto de documentos de reflexão e análise, oportunamente entregues aos responsáveis políticos, entre os quais destaco o Portugal Industrial 5.0 – Programa Estratégico para a Valorização da Indústria Portuguesa (PT i 5.0).
Neste PT i 5.0, defendemos uma aposta na indústria, por excelência um seCtor transacionável internacionalmente e que possui um elevado potencial na descarbonização, na transição energética, na circularidade da economia e na melhoria da produtividade dos recursos, onde Portugal compara mal com a média europeia.
Reforçar a dissociação entre crescimento económico e utilização de recursos naturais é uma ambição que requer investimentos significativos, pelo que temos de apoiar devidamente as empresas, não só pela via do apoio direto à realização de investimento, mas também com a prossecução de instrumentos de capacitação, de sensibilização e disseminação de conhecimento, que estimulem a adoção de práticas inovadoras e ambientalmente sustentáveis, como os que têm sido implementados pela AEP, com o apoio dos fundos europeus.
A preocupação das empresas com critérios de sustentabilidade “ESG” está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e vai de encontro às exigências colocadas pelos consumidores, que valorizam bens e serviços com impacto positivo no meio ambiente e na sociedade.
Estamos certos de que, também neste momento particular em que se encontra fortemente pressionado, o nosso tecido empresarial saberá, mais uma vez, dar uma resposta positiva aos desafios que se colocam e será, seguramente, uma parte muito importante da solução, para que possamos continuar a aumentar a qualidade de vida de toda a população, de modo mais sustentável.
Luís Miguel Ribeiro
Presidente da AEP – Associação Empresarial de Portugal