Síndrome do Olho Seco: Uma Epidemia Ocular no Século XXI

A síndrome do olho seco, também designada como doença do olho seco, é uma patologia extremamente prevalente no século XXI, estimando-se que a sua prevalência seja de 7.4 – 33.7% a nível global. De facto, o avanço vertiginoso das novas tecnologias trouxe consigo o aumento crescente e constante da utilização de ecrãs e dispositivos eletrónicos, o que, de forma silenciosa, culminou num aumento do número de pessoas que sofrem desta patologia.

 

Neste momento, 30-40% de todos os doentes que se apresentam numa consulta de oftalmologia experienciam algum grau de sintoma ou manifestação da síndrome do olho seco. No entanto, estima-se que apenas cerca de 30% de todos os afetados tenham o diagnóstico devidamente identificado.

O Que é e o Que Causa a Síndrome do Olho Seco?

Simplificando, a síndrome do olho seco é uma condução oftalmológica caracterizada pela diminuição da quantidade e/ou qualidade do filme lacrimal produzido.

Em 2017, a Sociedade de Filme Lacrimal e Superfície Ocular (TFOS) definiu a síndrome como “uma doença multifatorial da superfície ocular caracterizada por uma perda de homeostase do filme lacrimal, acompanhada de sintomas oculares, nos quais a instabilidade do filme lacrimal e a hiperosmolaridade, a inflamação e lesão da superfície ocular e as anormalidades neurossensoriais desempenham papéis etiológicos”.

Várias razões podem contribuir para o desenvolvimento de olho seco. Entre elas enumeram-se o envelhecimento, alterações hormonais (mais prevalente no sexo feminino), utilização excessiva de lentes de contacto, trauma ocular mecânico e químico, cirurgias oculares, condições climáticas adversas (climas áridos, locais com ar condicionado), a utilização excessiva de dispositivos eletrónicos, uso de certos medicamentos, entre outras.

No entanto, apesar da comum exposição a esses fatores de risco, nem todos desenvolvem a síndrome do olho seco. Aqui entra o conceito importante da homeostasia /equilíbrio do filme lacrimal, que, normalmente, protege contra as agressões, reestabelecendo uma visão saudável. Quando esses mecanismos de proteção não conseguem combater as agressões de base, inicia-se um ciclo vicioso de dano da superfície ocular, inflamação e lacrimejo.

Acuidade Visual e o Olho Seco 

O filme lacrimal é um dos componentes mais importantes da superfície refrativa do olho, sendo a primeira estrutura com a qual a luz interage. Quando a superfície ocular está seca a visão pode tornar-se turva, desfocada e desconfortável. Esta queixa está associada à melhoria temporária da visão após o ato de piscar, mas que rapidamente deteriora devido à evaporação rápida das lágrimas.

 

Sintomas de Olho Seco 

Os sintomas do olho seco manifestam-se sobretudo no final do dia e incluem:

  • Sensação de ardor, comichão ou sensação de areia nos olhos;
  • Dor ocular e em redor dos olhos;
  • Olhos vermelhos e irritados;
  • Visão turva ou com flutuações;
  • Sensibilidade à luz;
  • Lacrimejo (reação natural contra a secura ocular).

Tratamento e Prevenção 

Felizmente, existem muitas opções de tratamento disponíveis para aliviar a síndrome do olho seco. Estas incluem:

  • Utilização de lágrimas artificiais: gotas lubrificantes que proporcionam alívio imediato;
  • Mudanças no estilo de vida: Evitar ambientes secos, ar condicionado, piscar regularmente ao usar dispositivos eletrónicos e proteger os olhos do vento e poeira;
  • Tratamentos médicos: Em casos mais graves, um oftalmologista pode recomendar outros tratamentos como colírios farmacológicos, bloqueio dos pontos lacrimais, tratamentos laser IPL, entre outros.

Conclusão 

A síndrome do olho seco assume um papel essencial não só no impacto da qualidade de vida, mas também na qualidade de visão. Cuidar da sua saúde ocular e procurar ajuda médica oftalmológica quando necessário é essencial para preservar a sua acuidade visual e garantir que possamos desfrutar da visão nítida e clara.

 

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