Sentido de justiça
Rita Paula Mendes, em entrevista à Business Portugal, aponta a resiliência, o trabalho e a confiança como características essenciais para a construção de uma carreira de sucesso, nomeadamente no mundo da advocacia.
Explane o seu passado profissional. Porque razão decidiu, em 2011, fundar o escritório? Com que propósito?
Apesar da história familiar estar distante do Direito, lembro-me de vários episódios que, de alguma forma, foram prenunciadores da minha futura atividade profissional. A forma como me posicionava e argumentava em favor, ou desfavor, de diversas causas e acontecimentos, já indiciavam que a advocacia viria a ser o meu futuro. Como tal, a escolha do curso de Direito surge de uma forma muito natural.
O início de carreira, nomeadamente no estágio profissional, foi marcado por uma aprendizagem exigente e bastante frutífera que impulsionou a vontade de fundar o meu próprio escritório. O desejo de fazer acontecer, de responder aos problemas das pessoas, de fazer – dentro daquilo que está ao meu alcance – com que a justiça seja feita de uma forma mais célere e eficaz, foram o leitmotiv para o início do meu próprio escritório.
Neste momento, quais é que são as áreas em que atuam? Que valores caracterizam a equipa do escritório?
Os desafios e mudanças constantes, fruto dos tempos que vivemos, fez com que o escritório, ao longo dos anos, evoluísse no sentido de acompanhar essas mesmas mudanças. As novas formas de trabalho, a facilidade da mobilidade, entre outros, exigiram respostas em várias áreas do direito, até então bastante menos solicitadas. O imobiliário, a imigração, as novas formas de trabalho e de organização familiar, a transferência de capitais, entre outros, são áreas com que o escritório tem lidado diariamente. Todas estas práticas, num mundo global como é o de hoje, exigem uma postura bastante mais exigente na forma como nos posicionamos perante os clientes.
Acredita que as mulheres possuem características que podem ser extremamente importantes na liderança de uma empresa?
Nos últimos anos, o aumento da presença de mulheres em lugares de destaque e liderança, na área do Direito, é uma evidência. Apesar de o caminho a percorrer ainda ser longo, é evidente a qualidade e competência que esta presença trouxe nas mais variadas áreas.
Existe, porém, inexplicavelmente, um enorme atraso civilizacional na forma como direitos básicos das mulheres não são, ainda, consagrados na prática da advocacia. A forma como (não) são tratadas questões como a maternidade ou apoio aos filhos, só para dar dois exemplos, é típico de sociedades da primeira metade do século passado. É urgente corrigir estas situações.
Onde se vê daqui a cinco anos e que palavras gostava de dirigir às mulheres que veem em si e no seu percurso profissional, um modelo a seguir? Quanto ao escritório, sabemos que em 2018 iniciaram a expansão para o mercado internacional. Para o futuro, pretende dar continuidade a essa aposta?
Estou a desenvolver novos projetos profissionais, a abraçar novas áreas e a dar continuidade ao crescimento sustentado do escritório. Este é o principal desígnio para os próximos anos. Neste aspeto, a continuidade e a expansão das parcerias com escritórios de outras geografias, desempenham um papel fundamental no cumprimento desse objetivo e dos novos projetos.
Às jovens advogadas que no início de carreira ponderam abrir o seu próprio escritório, além de expressar a minha total solidariedade, quero passar a mensagem de que a chave do sucesso é a resiliência, o trabalho e a confiança de que um dia serão reconhecidas!