Quinta de Religães – Vinho verde: de Castelo de Paiva para o mundo

Sjerp e Jenny Martin são os responsáveis pelos vinhos Chardonnay e Loureiro da Quinta de Religães. Dois vinhos verdes, de excelente qualidade, que fazem a delícia de todos quantos (quer em Portugal, quer no resto do mundo) têm o prazer de o degustar.

Sjerp Martin, holandês e ex-gerente bancário, sempre sonhou dedicar-se a uma produção agrícola, num país mais quente que o seu de origem, assim que se reformasse. Quis o destino que lhe fosse apresentada a Quinta de Religães, localizada em Castelo de Paiva, numa das suas muitas visitas ao nosso país. Após alguma negociação, o nosso entrevistado adquiriu a quinta e, depois de se reformar, mudou-se com a sua esposa para este local à beira rio (Paiva) plantado.
Inexperiente no setor e responsável por mais de seis hectares de terreno, Sjerp Martin decidiu renovar toda a vinha ali localizada e iniciar uma produção de vinhos verdes de alta qualidade. O objetivo sempre foi a exportação e, por isso, surgiu a ideia de produzir Chardonnay, um vinho apreciado em quase todo o mundo: “Sempre me disseram que era impossível produzir este tipo de vinhos nesta localização, no entanto, cá estamos nós, com vinhos verdes premiados e reconhecidos internacionalmente”. O segredo deste Chardonnay, confessou, está na realização de uma vindima antecipada: “As vindimas realizam-se, por natureza, no mês de setembro. No entanto, isso resultava num vinho com demasiado teor de álcool. Nesse seguimento, decidi começar a minha vindima a meio de agosto e percebi que assim resultava no produto que eu queria”, confidenciou-nos.
“A vida é demasiado curta para se beber maus vinhos”
É este o lema que rege a atividade do sr. Martin, como é conhecido. Na sua quinta são produzidas apenas 20 mil garrafas por ano, tratando-se, por isso, de vinhos exclusivos e de elevada qualidade.
No entanto, e por se tratar de vinhos verdes, Sjerp Martin deparou-se com um cenário muito complicado aquando da sua entrada no mercado internacional: “Infelizmente o vinho verde é considerado, lá fora, como um vinho de fraca qualidade, barato e, por isso, muito desvalorizado. Quando me iniciei na exportação, apercebi-me do quanto iria ser difícil conseguir fazer acreditar que se tratava de um vinho verde de elevada qualidade”, lamentou o agora produtor de vinho.
Sobre esta realidade, o nosso entrevistado alertou: “Portugal não pode continuar a produzir vinhos de baixa qualidade, para preços que rondam os dois euros por garrafa. É urgente mudar essa mentalidade e unir o setor em prol de uma produção mais forte, mais coesa, com mais qualidade e que se assuma, nacional e internacionalmente”, reiterou. Para isso, aconselhou, “é necessário apostar em parcerias públicas e privadas, que permitam levar os nossos vinhos mais longe. Precisamos do apoio do governo, mas também precisamos de união entre todos os produtores”.
Ainda sobre a necessidade urgente de melhorar a imagem que os vinhos verdes têm no mundo, Sjerp Martin afirmou que “Portugal pode fazer mais e melhor no setor dos vinhos. Existe muito mais neste país do que os vinhos do Porto e é possível, sim, produzir vinhos verdes de excelente qualidade, que sejam reconhecidos em Portugal e no resto do mundo”, afirmou orgulhoso.
Com os seus vinhos Loureiro e Chardonnay, da Quinta de Religães, presentes em vários países europeus, o nosso entrevistado pretende continuar a dar a conhecer e a exportar as suas referências vínicas: “Em setembro, por exemplo, vou a Itália divulgar os meus vinhos e tentar fazer negócio. Eu quero continuar a cooperar com Portugal e com os portugueses e foi por isso que decidi investir neste país. Foi, sem dúvida, uma boa opção para mim e para a minha família”, revelou.

“Tenho Portugal no coração”
Foi assim que Sjerp Martin terminou a conversa com a Revista Business Portugal. Não sem antes confidenciar que pretende fazer, na Quinta de Religães, um Boutique Hotel, destinado a todos os que vêm experienciar o seu vinho e que pretendam ali ficar, usufruindo da paisagem envolvente e da tranquilidade que o espaço oferece.

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