PME necessitam de instrumentos de apoio e de capacitação

As associações empresariais, os clusters e os centros tecnológicos têm um papel fundamental nas áreas da Economia Circular e da Descarbonização/Transição Energética. A maior parte das soluções de Economia Circular e de Descarbonização exigem cooperação e iniciativas coletivas. As PME, pela sua dimensão, geralmente não têm a capacidade para desenvolver e implementar essas soluções. O estímulo a uma maior colaboração entre PME e grandes empresas precisa de ser encorajado.

Luís Miguel Ribeiro, Presidente da Associação Empresarial de Portugal

O EcoEconomy 4.0, projeto desenvolvido pela AEP, que termina no final de agosto, é um bom exemplo desta colaboração. Contribuiu para ajudar as PME a alcançar uma transição justa e inclusiva e a apurar o grau de maturidade do tecido empresarial nacional nas áreas da Descarbonização/Transição Energética e Economia Circular. Apoiou o universo empresarial mais carente de intervenção no Norte, Centro e Alentejo. Para ajudar as PME a potenciarem o cumprimento das metas ambientais, o projeto promoveu atividades diversas na área da inteligência estratégica, criou ferramentas de suporte ao aprofundamento da Economia Circular e da Transição Energética e dinamizou ações de informação. Estas ferramentas ajudaram as PME a fazer um benchmarking e os gestores a traçarem os seus roteiros individuais. As duas ferramentas de autodiagnóstico permitiram às empresas aferir o seu grau de adoção de práticas de Descarbonização/Transição Energética e de Economia Circular, capitalizar o conhecimento e práticas já existentes, estruturar a informação e criar planos de ação concretos para a sua melhora contínua nestas temáticas.

Os impactos das atividades já se fazem sentir no tecido empresarial. As empresas envolvidas no projeto adquiriram uma maior sensibilidade para as temáticas do mesmo. Empiricamente, a AEP verificou que algumas boas práticas já eram aplicadas por imposição regulatória ou por iniciativa própria, mas as atividades de ativação de boas práticas que o projeto promoveu, como os workshops, que decorreram nas três regiões, levaram as empresas a refletirem em conjunto sobre quais os passos futuros que é importante dar. Além disto, as ações permanentes de divulgação dos resultados do projeto sensibilizaram o universo empresarial e outros stakeholders, estimulando a sua adesão aos outputs gerados e, em particular, às ferramentas de avaliação de maturidade das PME em matéria de Economia Circular e de Descarbonização/Transição Energética. O diagnóstico, que permitiu fazer uma análise da atual situação das PME e das suas necessidades em matéria de sustentabilidade ambiental, é claro: as PME necessitam de uma atenção especial em termos de foco das políticas públicas, de instrumentos de apoio customizados e de capacitação, nomeadamente pela via de ações de eficiência empresarial coletiva, dirigidas às PME.

O projeto identificou áreas prioritárias de atuação: gestão e reaproveitamento de resíduos, acesso a matérias-primas secundárias e a energia renovável, dificuldade de opções alternativas e acesso ao financiamento. A este último nível, evidencia-se a importância de um acesso facilitado das PME a instrumentos de financiamento que promovam a transição económica e energética, com vista ao desenvolvimento sustentável. Independentemente de avançar ou não para uma nova fase, o projeto EcoEconomy 4.0, lançado pela AEP em abril de 2021, deixa um contributo importante para o futuro, materializado num roadmap coletivo de ações para o aprofundamento dos domínios temáticos da Economia Circular e da Descarbonização/Transição Energética nas PME e exemplos de tecnologias da Indústria 4.0 potenciadoras dessa atuação.

 

Luís Miguel Ribeiro, Presidente da Associação Empresarial de Portugal

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