Município de Águeda: Cluster de empreendedorismo e inovação
Há quem diga que é o engenho e a arte que fazem mover as gerações. Em Águeda, a capacidade produtiva faz parte, mas em muita gente se reparte. Motor económico do distrito de Aveiro, o concelho de Águeda é conhecido e reconhecido pela sua eficácia industrial e pela forma com que abraça os projetos inovadores. Uma das mais industrializadas cidades do país, com muitos desígnios para o futuro próximo, apresenta-se ao panorama nacional e internacional como uma máquina de criação. Fique a conhecer Águeda nesta entrevista ao edil, Jorge Almeida.
Águeda, a cidade industrial
Património cultural e paisagístico que se dissipa por quilómetros de território. O município de Águeda tem procurado, ao longo dos últimos anos, potencializar o seu território e ir de encontro aos novos desígnios do turismo, desenvolvendo e dinamizando novas dinâmicas sociais. A revista Business Portugal foi ao encontro da comunidade para descobrir os cantos, recantos e encantos daquele que é um dos mais diversificados municípios ao nível nacional. Jorge Almeida acredita que o concelho é um importante “cluster económico da região”. O presidente da Câmara Municipal explica que o município é uma “matriz empreendedora, uma zona industrial e urbana que se mescla e que se carateriza por uma forte componente competitiva”. De entre as freguesias mais litorais ou urbanas, rompe um concelho que procura acrescentar valor ao mercado e tornar-se sustentavelmente eficaz e capaz. Quebrando barreiras sociais que, até então, não se acreditavam ser possíveis no território, Águeda assume-se como um polo de cultura, turismo e diversidade.
São 11 freguesias – Aguada de Cima; Águeda e Borralha; Barrô e Aguada de Baixo; Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão; Fermentelos; Macinhata do Vouga; Préstimo e Macieira de Alcôba; Recardães e Espinhel; Travassô e Oís da Ribeira; Trofa, Segadães e Lamas do Vouga; e Valongo do Vouga – que se mesclam numa só identidade. Inovação e criatividade são as palavras de ordem para um concelho que “prima pela ousadia para com a economia e com a comunidade, sendo apelativos para empresas e individuais”. Águeda é o maior concelho em área do distrito de Aveiro. Reconhecida pela apurada gastronomia e os saborosos néctares da região demarcada da Bairrada, Águeda é também conhecida como a “capital da bicicleta”. Tradicionalmente falado como o maior polo de concentração de bicicletas, o concelho assume que este é uma das suas estratégias territoriais “sobretudo pelo impacto que o setor das duas rodas tem na economia local e nacional”. Este cluster das duas rodas tem vindo a crescer cada vez mais, com a instalação de novas unidades industriais e novas apostas inovadores neste setor.
Território que se faz de história
Sede de concelho desde 1834 e cidade desde 1985, é um concelho marcado pela antiguidade de ocupação e pelos monumentos megalíticos. A cidade é, ainda nos dias de hoje, um dos pontos de apoio dos caminhos de Santiago por, no ano de 1325, a Rainha Santa Isabel ter-se refugiado na cidade quando se dirigia em peregrinação para Santiago de Compostela. Concelho com perto de 50 000 habitantes, Águeda celebra-se como cidade há 34 anos. Na sua história, guardam-se anos dourados enquanto “terra das ferragens” pela sua forte componente industrial que, ainda hoje se sente, mas “com fatores inovadores e tecnológicos que posicionam o concelho em novos patamares”, explica Jorge Almeida.
As fortes vertentes agrícolas do território tornam-no bastante fértil na produção de milho, fruta, vinho e madeira. O concelho tem uma forte tradição artesanal, com a olaria, a tecelagem, a cestaria, a latoaria, a tanoaria, os bordados e os rendados a terem um grande destaque. Águeda atua como fronteira entre o mar e a serra devido à sua privilegiada localização geográfica.
Dinâmica empresarial em destaque no concelho
Águeda é também um importante polo económico-financeira da região. Ciente da importância do desenvolvimento de uma sociedade económica e socialmente sustentável, o concelho aposta na sua base produtiva, aliando-se à capacidade inovadora e de autorregeneração. O desafio passa pela constante projeção do futuro com os empreendedores regionais que apresentam a Águeda uma nova visão do concelho com novos paradigmas e novas dinâmicas emergentes.
Desde 2006 que a Câmara Municipal de Águeda tem apostado no fortalecimento da economia local, implementando um significativo conjunto de iniciativas, projetos e ações que promovem a criação de empresas e postos de trabalho. Em consequência, o munícipe tem também sentido uma maior aposta socioeconómica na região.
Em destaque está o Parque Empresarial do Casarão, um projeto que responde a uma das mais antigas lacunas do concelho. A falta de oferta de solo industrial a um preço acessível era uma grande condicionante para o investimento das empresas no território. Assim, a Câmara Municipal de Águeda, reuniu com largas dezenas proprietários de terrenos e convergiu sinergias para o desenvolvimento de uma solução sustentável e benéfica para toda a comunidade.
Já na segunda fase da sua expansão, o Parque Empresarial do Casarão prima pelas boas acessibilidades, respondendo com flexibilidade às necessidades das empresas locais. O espaço que olha de perto para o futuro, pretende estar na vanguarda da captação de investimento e da inovação. “O parque empresarial está já com a disponibilidade de espaços praticamente lotada”, esclarece o entrevistado.
O concelho é marcado pela presença das mais importantes empresas e players do mercado. Em 2019, trinta e cinco empresas de Águeda foram distinguidas com o estatuto de PME Excelência, numa gala promovida, em Braga, pelo IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação e pelo Turismo de Portugal, presidida pelo primeiro-ministro António Costa. A iniciativa pretende reconhecer as pequenas e médias empresas ao nível nacional que se evidenciem pela qualidade dos seus desempenhos económico-financeiros e se mostrem capazes de atingir altos padrões competitivos.
Para Jorge Almeida, o tecido empresarial do concelho é representado por “empresários dinâmicos e que procuram a inovação e a sustentabilidade”, dignificando o nome de Águeda. Nota-se uma clara aposta da presidência nas suas pessoas e nos seus empresários e, por isso, é com grande orgulho que vêem reconhecido todo este investimento e trabalho conjunto.
Comunidade que também se faz do turismo
Com uma variada agenda de eventos culturais, Águeda estende o convite para as suas agradáveis paisagens. Desde a Pateira de Fermentos, que guarda a maior lagoa natural da Península Ibérica, até aos percursos pedestres que unem os principais pontos de interesse do concelho – museus, igrejas e outros monumentos nacionais – aos bosques marcados pelos espigueiros e azenhas. O elevado valor patrimonial dos edifícios do concelho permitem-lhe apresentar uma grande vertente cultural aos visitantes. Destaque ainda para a zona ribeirinha que convida pessoas de todas as idades, para um passeio a pé ou de bicicleta conhecendo o comércio tradicional aguedense.
Cultura da cidade em expansão
Potenciando a criação de uma sociedade mais criativa, a cultura é, inevitavelmente, uma das grandes áreas que a Câmara Municipal de Águeda promove. Nos dias de hoje, o polo da cultura desempenha um papel basilar na atratividade do concelho, tornando-se um fundamental e importante fator de competitividade e de diferenciação. A cultura representa o bem-estar da comunidade e ajuda na reflexão e preservação da sua identidade permitindo, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de um intercâmbio cultural que se manifesta nas mais diversas formas de expressão. O grande destaque vai para o AgitÁgueda, um festival de artes que já acolheu, ao longo de 13 anos, mais de 500 grupos e artistas. “A missão do evento assenta em trazer para o concelho reconhecidos artistas que aqui encontram uma oportunidade de expor e apresentar o seu trabalho, mas também em promover novos projetos musicais nacionais”. Durante todo o festival, toda a cidade vivencia o lado artístico de Águeda com as intervenções urbanas a dissiparem-se pelo território. Instalações de milhares de chapéus de chuva nas ruas da cidade, pintura de dezenas de pontos com variações cromáticas em bancos de jardins e escadarias, foram alguns dos projetos que mais despertam a consciência cultural da comunidade.
É impossível falar de Águeda sem mencionar a grande aposta na época natalícia. Ao maior e mais iluminado Pai Natal do Guinness juntou-se o mais pequeno. Esculpido pelo artista britânico Willard Wigan, o mais pequeno Pai Natal do mundo mora no buraco de uma agulha. A micro-obra conta com uma agenda de atividades paralelas, que recriam o espírito natalício em todos os aguedenses, e atraem turistas de todo o país. Há ainda outras áreas que merecem especial atenção por parte da Câmara Municipal de Águeda, acrescenta, em entrevista à Revista Business Portugal, o Presidente Jorge Almeida. “O munícipe conta com vários monumentos, atrações e atividades numa preenchida agenda ao longo de ano que pretendem evidenciar o melhor da cidade e aproximar as suas pessoas dos visitantes exteriores”.
Sustentabilidade é um dos motores do município
Jorge Almeida acredita que o caminho do futuro passa por uma melhor gestão ambiental, garantindo a sua sustentabilidade. Promovendo o aumento da consciência ambiental e ecológica da sua comunidade, o concelho tem “feito uma série de iniciativas para promoverem esta consciência” Com uma elevada qualidade de vida, Águeda é o reflexo de um país que se encontra em mudança. As tarefas da responsabilidade da Câmara Municipal na sustentabilidade ambiental compreendem um conjunto de ações e esforços que vão desde a educação ambiental à inovação tecnológica. “O município tem também uma grande preocupação com a recolha e tratamento de resíduos, instalação e manutenção de contentores, limpeza das ruas e sarjetas”. Há ainda um grande cuidado, explica o presidente, na criação e manutenção de espaços verdes.
“A cidade mais colorida de Portugal também procura esse reflexo na variedade cromática dos seus jardins e espaços verdes ao longo do ano.” Mas os desafios vão para lá da gestão ambiental do concelho. Jorge Almeida acrescenta que, “ao longo dos últimos anos, temos procurado consciencializar a comunidade e visitantes dos valores e princípios basilares de um desenvolvimento sustentável, optando sempre por uma via interativa, participativa e dinâmica”.
Apoios financeiros aos serviços locais
Águeda acredita que este é o momento. A falta de acessibilidade rápida e eficaz, mais vulgarmente denominada de autoestrada, é uma das principais lacunas que o atual Executivo quer colmatar. Outra aposta, essencial no serviço em prol da comunidade, é o apoio do Município à revalorização e recuperação do seu Hospital Público, suportando um forte investimento nas obras que estão para se iniciar. Também o Centro de Saúde da cidade e várias unidades nas freguesias vão ser alvo de grandes beneficiações, demonstrando uma inequívoca preocupação municipal com a qualidade dos cuidados de saúde prestados à sua população e à sua qualidade de vida.
A segurança também é preocupação, e exemplo disso é o, recentemente criado e inaugurado, posto territorial da GNR em Arrancada do Vouga. Esta infraestrutura, financiada pela Câmara Municipal de Águeda, teve como propósito criar melhores condições de trabalho e de segurança para o desenvolvimento das ações da GNR no concelho.
Encontra-se ainda previsto o apoio financeiro para a criação de residências universitárias para o polo da Universidade de Aveiro, sediado em Águeda.
Todas estas obras são “melhorias significativas de acessos aos serviços da cidade e ao cidadão, facilitando o acesso às zonas envolventes”, conclui Jorge Almeida.
Águeda, a cidade que abraça o futuro
Ao concluir a conversa com o Presidente da Câmara Municipal de Águeda, foi clara a mensagem: “Águeda assume-se como o rosto de uma indústria em constante mudança, adaptação e crescimento, Águeda reflete em si as vozes de uma comunidade que procura evoluir e ser tecnológica e socialmente mais eficaz, e as forças de um tecido empresarial que se mescla com o território”. Para o futuro, e conscientes do que representa assumir um compromisso a curto prazo, Jorge Almeida pretende continuar a desenvolver iniciativas culturais e turísticas, atraindo cada vez mais visitantes ao concelho, não só para dinamizar a economia da cidade, mas também para potenciar a convergência de sinergias entre os seus vários polos e constituintes.