Leishmaniose Canina: as novas prevalências em Portugal e a consequente aposta na prevenção

A leishmaniose canina (LC) é uma patologia zoonótica, causada por um protozoário, Leishamnia infantum, que é transmitido através de um flebótomo, conhecido na gíria como mosquito.

 

Dr. Tiago Lima, Professor Assistente Convidado na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona e Médico Veterinário Dermatologista no Hospital Veterinário Escolar da Universidade Lusófona.

 

 

Os animais infetados podem ser assintomáticos ou apresentar um quadro clínico grave que poderá conduzir à sua morte. O parasita tem capacidade afetar qualquer tecido, órgão ou sistema. Dependendo da sua localização poderá causar lesões cutâneas e oculares ou sinais clínicos sistémicos, incluindo sinais gastro intestinais, respiratórios, articulares e neurológicos ou uma combinação destes.

As lesões cutâneas são os achados mais comuns no exame físico aquando da visita ao veterinário, podendo ser a única manifestação da doença. São lesões típicas a descamação e ulceração da pele, o crescimento excessivo das unhas e a presença de feridas hemorrágicas na ponta das orelhas e cauda, sendo estas últimas são conhecidas como lesões de vasculite periférica. Nas alteações sistémicas a mais frequente é a afeção renal, que varia de insuficiência renal ligeira a grave e é a principal causa de morte em pacientes com leishmaniose. O diagnóstico da LC pode ser em alguns casos complexo e vai requer uma avaliação dos sinais clínicas apresentados pelo animal e a realização de análises laboratoriais específicas.

É importante que o tutor tenha presente que o tratamento da leishmaniose poderá ser necessário para o resto da vida do seu animal, uma vez que é uma doença que não apresenta cura. Este tem como objetivos principais a remissão dos sinais clínicos através da diminuição do número de leishmanias; a redução do risco de recidivas através da inibição da multiplicação do agente e estimulação do sistema imunitário; e, evitar o aparecimento de alterações clínicas graves. Normalmente, a terapêutica instituída na LC é eficaz e induz uma diminuição da carga parasitária, fazendo assim que o animal desenvolva uma imunidade eficaz. Num número reduzido de cães a terapia pode não ser eficaz e estes apresentem recidiva doença.

 

 

 

O prognóstico dos animais com tratamento em curso vai variar de bom a mau, dependendo se há afeção renal ou não.

Portugal é um país endémico em quase todo o seu território continental, apresentado uma prevalência média de 12,5%%, podendo em alguns distritos atingir os 26%. Posto isto, é fundamental apostar na prevenção. E se num passado próximo apenas se realizava prevenção em algumas zonas do país, atualmente pelos novos dados da prevalência e pela maior migração de animais pelo país, parece-me imperativo que em todo o continente esta seja realizada de forma contínua e eficaz. Uma correcta prevenção irá consistir na imunização do animal através da administração de uma vacina contra a Leishmania infantum e na aplicação de repelentes (coleiras ou pipetas) contra o vector de transmissão da LC.

Pelo quadro clínico grave que esta doença pode trazer é fundamental que todos os tutores se informem com o seu médico veterinário a melhor forma de manterem o seu animal protegido contra esta doença.

You may also like...