PIAM no mercado ibérico

João Roxo, Head of Rare Diseases, alerta para o facto de as doenças raras serem cada vez mais motivo de preocupação e explica a que se deve a entrada da PIAM na península ibérica.

João Roxo, Head of Rare Diseases

A PIAM, farmacêutica líder no tratamento das Doenças Raras (DR) em Itália, está prestes a oficializar a sua entrada no mercado ibérico. O que levou esta multinacional a querer expandir-se para o nosso país?

Importa primeiramente referir que as DR são cada vez mais um motivo de preocupação e estudo para a comunidade científica e para a sociedade em geral, uma vez que são patologias, na sua maioria, debilitantes, incapacitantes, potencialmente letais e extremamente complexas de gerir e tratar. Por terem menor prevalência, suscitam pouco interesse e atenção em comparação com outras doenças que despertam maior interesse científico e económico.

Não obstante esta reduzida, mas sustentada, prevalência, Portugal e Espanha são, ao dia de hoje, países     de excelência e pioneiros na investigação, diagnóstico e tratamento deste tipo de doenças.

Neste sentido, a PIAM, sendo uma das empresas de maior notoriedade no mundo das DR, não podia ficar indiferente aos doentes da Península Ibérica, tendo, assim, decidido estar presente e ampliar o seu compromisso no tratamento destas doenças de alto impacto social.

A expansão da PIAM na Península Ibérica resulta do compromisso criado entre o laboratório e a sociedade, nomeadamente para com os doentes raros. Tendo como premissa a ideia de que cada doente tem direito ao melhor tratamento possível, este tipo de doentes estão no topo das nossas prioridades. Acreditamos que a expansão da companhia irá contribuir de forma bastante positiva na comunidade médica e, consequentemente, na qualidade de vida dos doentes, através da oferta de maiores e melhores soluções, diferentes abordagens terapêuticas.

 

Para além do seu Core Business se focar nas DR, há ainda outras áreas terapêuticas a que a Companhia se dedica?

O DNA da PIAM está assente em diferentes valores: a excelência, a responsabilidade, a competência e a continuidade. Esta companhia, fundada em 1915 para comercializar a primeira vacina eficaz contra a tuberculose, foi evoluindo ao longo do tempo. Como tal, e mantendo-se fiel aos seus valores, procurou sempre focar-se nas principais necessidades de saúde e bem-estar da população. Nesta perspetiva, para além das DR, o laboratório tem vindo a especializar-se em áreas terapêuticas caracterizadas por uma elevada complexidade e uma forte necessidade médica, como as cardiometabólicas, neuro-geriátricas, oxidação celular, entre outras. Assim, a PIAM procura ter um papel ativo em áreas terapêuticas emergentes através da oferta de vários medicamentos caracterizados por serem soluções inovadoras, designadamente em doenças altamente complexas e com necessidades médicas não atendidas.

Recentemente, a companhia decidiu expandir as suas áreas terapêuticas, tendo passado a incluir no seu portfólio suplementos alimentares de uso médico. Estes suplementos de fins medicinais são produtos destinados ao tratamento dietético de doentes raros, que estão impossibilitados de utilizar alimentos comuns para satisfazer as suas necessidades nutricionais. Deste modo, face ao compromisso assumido pela PIAM para com este tipo de doentes, esta desenvolveu uma linha nutricional especializada: a MEDIFOOD. Coerente com a missão da empresa no tratamento de DR ou de menor prevalência, a MEDIFOOD destina-se essencialmente a doenças metabólicas congénitas de crianças e adultos, apresentando soluções originais e personalizadas, consoante a necessidade individual do doente, as fases da sua vida e os momentos do seu dia.

 

A Investigação & Desenvolvimento (I&D) em novos fármacos tem-se tornado uma das grandes apostas da indústria farmacêutica. De que forma a PIAM IBERIA espera acompanhar esta tendência?

Sem dúvida, tal aposta trata-se de uma tendência crescente que, “obrigatoriamente”, a companhia terá de acompanhar ao longo dos próximos anos para que continue a estar presente no mercado e próxima dos doentes.

A importância de introdução de novos fármacos é uma das grandes ambições da PIAM, não só em Portugal, mas também a nível global. A aposta estratégica em programas de investigação, bem como em parcerias com outras empresas, centros de investigação e expertise, constitui um compromisso criado entre a companhia e a sociedade, sendo tal uma premissa fundamental para o desenvolvimento de novos tratamentos.

A importância da I&D justifica-se pelo compromisso com o rigor científico e competências clínicas, o que permite (i) desenvolver novos tratamentos e abordagens, (ii) fazer com que continue a contar no seu pipeline com produtos inovadores e de excelência, (iii) apoiar famílias afetadas e (iv) pesquisar e desenvolver novas terapias, gerando e partilhando, deste modo, conhecimento em toda a comunidade médica.

 

Do universo das DR fazem parte milhares de patologias, a que se somam todos os anos outras que, entretanto, se vão descobrindo. Cerca de 6% da população em Portugal é afetada por estas patologias, acarretando um peso social e emocional para os doentes e familiares. Tendo em conta esta realidade, que papel e impacto terá a PIAM Iberia na sociedade?

Infelizmente e, a meu ver, a sociedade ainda não tem um papel totalmente inclusivo perante este tipo de doenças e respetivos doentes. Assim, considero que a integração do doente na sociedade e o papel que esta terá de ter perante os 6% da população com DR, são dos temas mais pertinentes a debater e dinamizar a curto prazo.

O foco que a PIAM tem e terá na sociedade e, naturalmente, o seu envolvimento com ela, é um fator decisivo para garantir o acesso dos seus medicamentos ao doente. O nosso grande desafio prende-se precisamente com a responsabilidade que temos no nosso envolvimento com os doentes.

A companhia encontra-se focada nesta missão para que, em conjunto com as entidades públicas e privadas, de cariz regulamentar (nomeadamente, INFARMED, Ministério da Saúde, Agência Europeia do Medicamento, DGAV)  ou político-social, consiga garantir equidade e acesso aos medicamentos de todos os doentes raros em Portugal e Espanha.

A gestão das doenças, a consciencialização e treino das mesmas no desenvolvimento de novas guidelines de diagnóstico e cuidados clínicos é atualmente um objetivo a que nos propomos enquanto companhia farmacêutica. Para tal, o papel da PIAM será igualmente o de compreender as necessidades dos diferentes intervenientes em saúde e ajudar a desenvolver soluções para uma melhor gestão do paciente, desde o diagnóstico até ao tratamento. Cremos que a consciencialização e difusão de informação são fundamentais para o sucesso e aproximação do doente à sociedade.

Não menos importante é o trabalho personalizado que exercemos junto das Sociedade Médicas e Associações de Doentes em Portugal e na Europa, o qual constitui uma das peças-chave da integração e aceitação do doente com patologia rara na sociedade. Propomo-nos, igualmente, a exercer um papel de suporte e apoio a estes grupos de pacientes, aproximando-os e incluindo-os.

A nível nacional e internacional são vastos, contínuos e em número crescente, os projetos em que a PIAM está envolvida, alguns deles de muito sucesso, nomeadamente na área metabólica. O impacto da companhia na sociedade passa, desta forma, por continuar a apoiar estas sociedades e associações, mas também pela criação de novas entidades e grupos de discussão que possam gerar maior partilha de experiências.

 

Não obstante verificar-se uma evolução sistemática e progressiva nas mais diversas abordagens terapêuticas, por onde passa o sucesso e qual a importância do doente raro para a PIAM na sociedade em que se insere?

A medicina e as terapias encontram-se em evolução constante. Caminhamos cada vez mais para abordagens terapêuticas on time e personalizadas, tendo sido até nesta perspetiva que surgiu o novo conceito de Medicina Personalizada, o qual é muito usado e aplicado em DR.

Enquanto companhia farmacêutica, a nossa responsabilidade e função será sempre numa perspetiva de integração e de encontro do equilíbrio entre as diferentes entidades e associações envolvidas dos diferentes quadrantes e contextos sociais, funcionando como “ponte comum” entre todas elas. Este trabalho multidisciplinar que desempenhamos tem como ambição não só gerar mais conhecimento e rigor científico, como também fomentar a união e maximizar a fluidez de comunicação de toda a rede de saúde, quer em Portugal, quer a nível europeu.

A importância que o doente representa para a PIAM relaciona-se igualmente com a aposta da companhia na introdução de novos fármacos no mercado, através de programas de investigação, bem como de parcerias estratégicas com centros de estudo e de referência. Este compromisso criado entre a PIAM e a sociedade, o qual corresponde a um princípio fundamental para o desenvolvimento e sucesso do tratamento das doenças raras, é o nosso foco. Assim, o doente será sempre o elemento principal nesta dinâmica.

O caminho e o sucesso do doente raro na sociedade está sempre correlacionado com a inovação, com o desenvolvimento terapêutico e com uma comunicação direta e indireta de diferentes players da sociedade.

Em suma, a PIAM, acreditando que o sucesso do doente raro na sociedade passa pelo esforço e resultado das dinâmicas de diferentes equipas multidisciplinares, pretende ser um player da saúde ativo e dinâmico na consciencialização e investigação de DR, assim como nas suas abordagens terapêuticas.

A consciencialização da sociedade para a importância das DR passa certamente por um envolvimento alargado da comunidade médica e farmacêutica, mas também pela difusão e promoção de informação e conhecimento sobre este tipo de patologias. Que eventos com relevância nas DR estão previstos proximamente?

Tal como já antecipado, a consciencialização e difusão de informação são fundamentais para o sucesso e aproximação do doente à sociedade.

Clínica e socialmente, o trabalho personalizado que exercemos junto das Sociedade Médicas e Associações de Doentes em Portugal e na Europa constitui uma das peças-chave da integração e aceitação do doente com patologia rara na sociedade. A nível nacional e internacional, são vastos, contínuos e em número crescente, os projetos em que a PIAM está envolvida.

O futuro das DR e da companhia passa não só por continuar a apoiar diretamente estas sociedades, associações e grupos de pacientes, aproximando-os, incluindo-os, mas também, pela criação de novas entidades e grupos de discussão que possam gerar não só uma maior partilha de experiências, como também um enriquecimento do conhecimento das mesmas. Este trabalho multidisciplinar tem igualmente como ambição maximizar a fluidez de comunicação de toda a rede de saúde em Portugal.

Assim, a PIAM tem um papel preponderante em eventos nacionais e internacionais de Doenças Raras, em conjunto com a comunidade médico-farmacêutica e restantes intervenientes, estando presente em congressos médicos e fóruns de discussão clínica.

A título de exemplo, no próximo mês de outubro, a companhia irá organizar, em Itália, uma Reunião Clínica Internacional, com um comité cientifico de excelência, na área das DR. O objetivo desta expert meeting é partilhar conhecimentos, experiências, debater, criar e estabelecer novas guidelines e metas na gestão deste tipo de patologias, nomeadamente em Portugal e Espanha. Além de congressos médicos internacionais, em que naturalmente a PIAM estará presente, esta irá igualmente estar envolvida, no próximo mês, numa reunião internacional de doentes raros que irá decorrer em Sevilha.

You may also like...