“O mais importante é que as pessoas se sintam bem nos espaços que criamos”

Os Arquitetos Pedro Ruivo e Filipa Anjo são Sócios-Gerentes do Ar.c Arquitetos, o atelier que está localizado em Cuba, na região alentejana. Em entrevista, Pedro falou sobre alguns dos projetos que o orgulham e da sua referência na arquitetura.

A Ar.c Arquitetos foi criada em 2017 e está sediada em Cuba, no Alentejo. O que nos pode contar sobre o percurso que têm vindo a traçar, ao longo de seis anos?

De facto, o escritório foi criado em 2017. Eu trabalhei durante, sensivelmente, dois anos, em nome individual e quando saí da empresa onde estava, decidi abrir este escritório. Inicialmente, estávamos localizados em Beja, mas com o passar do tempo, considerámos que seria preferível ir para Cuba, também no Alentejo, uma decisão que algumas pessoas estranharam porque, normalmente, os negócios devem situar-se onde há mais pessoas, mas este tipo de empresas, em geral, não funcionam exatamente dessa forma. Desde o princípio, até hoje, fazemos de tudo um pouco, do mais simples ao mais complexo, algo que acabou por ser vantajoso para o nosso percurso, porque temos noção de como funcionam todos os processos.

Eu penso que um dos fatores que nos distinguem é o facto de valorizarmos muito o nosso trabalho e gostarmos realmente daquilo que fazemos. Somos muito atentos aos pormenores e só apresentamos propostas de estudo prévio ao cliente depois de garantirmos que não há falhas e que correspondem às suas expectativas. Outra coisa que fazemos, que não é muito comum nesta zona, mas que, na minha opinião, deveria ser obrigatório, é entregar, nas câmaras municipais, o projeto de execução. Nós fazemos todas as medições necessárias, a pormenorização de toda a obra e escolhemos os materiais, e isto faz com que os nossos projetos sejam mais completos.

No seu ponto de vista, quais os fatores que distinguem e caracterizam o vosso trabalho?

Para além disto, apostamos bastante na divulgação do nosso trabalho, nomeadamente, nas redes sociais. Temos uma Designer de Comunicação na empresa que, além de tratar dos desenhos em 3D e de toda a parte gráfica, também se dedica à gestão das nossas redes sociais e do site. Somos uma empresa bastante ativa no digital e consideramos que este é um aspeto muito importante na atualidade. Este tipo de comunicação, por parte das empresas, é indispensável.

Divididos entre aArquitetura e o Design, têm muitos meios para a realização de projetos à medida do cliente. Do vosso portfólio, há algum projeto que gostasse de destacar?

Ao longo dos anos, realizamos vários projetos que gosto e dos quais me orgulho. Se tivesse de destacar apenas um, poderia falar de um projeto que, para mim, representou um “arranque” para o escritório, e que veio na sequência de um desafio que nos foi proposto, por parte do Núcleo Empresarial do Baixo Alentejo. Havia uma candidatura europeia para um projeto onde se iriam inserir empresas ligadas à tecnologia, que teria cerca de 1200 metros quadrados de área de construção, e tínhamos pouco tempo para o realizar. Decidimos aceitar o desafio e conseguimos fazer um “milagre”. Em 15 dias, fomos capazes de fazer o levantamento, apresentar a proposta do programa base de projeto ao cliente e fazer o licenciamento camarário do mesmo. Penso que este projeto é um dos que mais prazer nos deu fazer e que nos deu um “empurrão” no mercado.
Daí para a frente, temos feito um pouco de tudo, desde projetos de moradias, habitação coletiva, espaço público, edifícios geriátricos, industriais, entre outros.

Enquanto Arquiteto, quais é que são as suas inspirações na área?

Para ser um bom arquiteto temos, primeiramente, de conhecer bem as pessoas, porque a Arquitetura é dirigida, maioritariamente, para o ser humano. Se entendermos bem aquilo que as pessoas pretendem, a forma como estas se comportam e a relação das mesmas com os espaços projetados e com a sua envolvente, tornamo-nos melhores profissionais.
Eu tenho algumas referências na área, como o Arquiteto José Carlos Nunes de Oliveira, que tem um escritório de arquitetura localizado na Trofa e, para mim, é um dos melhores arquitetos a nível europeu, ou até mundial. Admiro o seu trabalho, pela sua linguagem de arquitetura, pela qualidade do seu trabalho e, sobretudo, pelas qualidades humanas.

Relativamente ao futuro, que planos tem em mente e que objetivos pretende concretizar?

Não costumo fazer muitos planos, nem criar grandes expectativas, prefiro viver um dia de cada vez. Se me contassem, há dez anos, que eu iria ter um escritório de arquitetura na zona de Cuba, composto por quatro arquitetos e uma designer, e que ia fazer projetos para todo o país, eu não acreditava.
Futuramente, quero continuar a trabalhar de forma séria, honesta, e a apresentar projetos de qualidade ao cliente. Além disto, o que tiver de vir, virá, e estaremos preparados para isso. Para nós, o mais importante é que as pessoas se sintam bem nos espaços que criamos.

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