“A equipa tem uma enorme abertura aos novos desafios”

O Arquiteto Marcelo Marreiros contou-nos como surgiu o projeto da Saudade Algarve e de que forma a equipa tenta manter o equilíbrio entre o antigo e o moderno, nos projetos que realiza.

Situado em Olhão, na região algarvia, Saudade Algarve é um gabinete de Arquitetura, Supervisão de Obras e Design de Interiores. Como e quando surgiu este projeto? De que forma aparece o gosto por esta área na sua vida?

O projeto Saudade Algarve nasce em 2017, de um sonho da minha anterior sócia (Cláudia da Graça, falecida em 2021) de restaurar as casas algarvias com o espírito autêntico da sua traça, mas com a elegância e conforto dos tempos em que nos encontramos. Eu fui “arrastado” por ela, mais enquanto empreendedor, de forma a estruturar este sonho num negócio. Mesmo após a morte da Cláudia, e com a entrada do meu novo sócio, Engenheiro Paulo Condinho, a empresa tem vindo a crescer, não só no número de projetos, mas também na dimensão e diversidade dos mesmos.

Os projetos que realizam apresentam um estilo natural, simples e puro. Que projeto gostariam de destacar e por que motivo? O que vos caracteriza enquanto equipa?

Não existe apenas um projeto que gostaríamos de destacar, todos os projetos são únicos e destacam-se à sua maneira, por diferentes motivos. É complicado comparar uma moradia construída de raiz, seguindo linhas mais contemporâneas de um loteamento já existente, e uma reabilitação de uma moradia com mais de 50 anos, no centro histórico de Olhão.

Na moradia que realizamos de raiz, procuramos criar um fio condutor entre o espaço exterior (contemporâneo) e o interior, onde usamos técnicas mais tradicionais, como os armários em alvenaria, os duches com divisórias em parede e não em vidro, o pavimento em Santa Catarina que depois continua para o exterior, mas dando, também no interior, um toque mais atual com o pavimento em microcimento.

Por outro lado, nas moradias históricas, onde a estrutura e o charme das mesmas foram a principal razão da sua aquisição, esta é uma parte que tentamos ao máximo manter. Desde os altos pés direitos, às abobadas, e, quando possível, ao mosaico hidráulico existente. No entanto, revemos o programa e organização espacial interior das mesmas, para que as possamos “ajustar” às necessidades das pessoas que lá vão viver.

Enquanto equipa, esta é uma das características que mais tentamos preservar, a procura pelo ponto intermédio entre o antigo e o moderno, onde dois tempos tão diferentes se encontram, tentando criar um equilíbrio entre ambos.

A questão da sustentabilidade, nomeadamente ma arquitetura, é cada vez mais valorizada. Esta é uma preocupação vossa no momento de idealizar um projeto? Que estratégias utilizam neste sentido?

Claro que sim, nem podia ser de outra forma. Estamos no Algarve, onde temos sol durante 300 dias por ano. Usar a energia solar, sempre que possível, é algo que tentamos implementar desde o início do projeto, tal como a procura pelo aproveitamento da água da chuva.

Mas sustentabilidade, atualmente, já não é se aplica apenas às energias renováveis, mas também às matérias-primas usadas na obra e nos materiais aplicados. Cada vez mais procuramos materiais sustentáveis, equipamentos com bons comportamentos energéticos, seja um frigorífico ou um chuveiro com um sistema de poupança de água.
E quando falamos de reabilitações, não só da nossa parte, mas também dos proprietários das moradias, existe a intenção de “guardar” o máximo do que já existe, sejam as portas interiores de madeira, que serão recuperadas, ou as portadas das janelas.  

Como é que olham para o futuro do sector, em geral, e do Saudade Algarve, em particular?

Francamente, olhamos com muito otimismo para o futuro do sector. Tem existido, desde a pandemia, um enorme investimento estrangeiro no sul do país, devido às diferentes características positivas que compõem a nossa região. A Saudade Algarve está bem posicionada para crescer nos próximos anos, também devido à constante evolução e adaptação a cada projeto que abraçamos, que leva a equipa a ter uma enorme abertura a todos os novos desafios. Apesar de, no início do nosso projeto, 100% dos clientes terem sido estrangeiros, com a evolução do mesmo, o mercado de clientes portugueses tem aumentado, de ano para ano, representando, atualmente, sensivelmente 50% do total de clientes do atelier, o que mostra que, também aqui, conseguimos uma diversificação de mercados.

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