Mais de 35 anos de liderança global no aluguer de gruas

Com mais de 35 anos de trajetória, o Grupo Tagar, fundado por Ilídio Tavares e Edgar Garcia, emerge como uma referência multinacional na prestação de serviços de aluguer de gruas para setores como a construção civil e energias renováveis. Em entrevista à Revista Business Portugal, os visionários fundadores partilham a prestigiada jornada desde a fundação do Grupo à sua expansão global, destacando os desafios, as estratégias de adaptação e os planos futuros de uma empresa que se tornou vital em mais de dez países.

 

Edgar Garcia e Ilídio Tavares, Administradores do Grupo TAGAR

 

Aos 19 anos, Ilídio Tavares imigrou para a Venezuela, dedicando-se, nos cinco anos subsequentes, ao trabalho com equipamentos de apoio à construção. Esse período culminou na fundação da Montajes Tagar em 1984. Em 1986, passou a contar com a colaboração de Edgar Garcia, inicialmente responsável por auxiliá-lo principalmente em questões documentais. No entanto, ao longo do tempo, a participação de Edgar expandiu-se para abranger todos os aspetos do negócio. Os anos seguintes marcaram um período de crescimento na Venezuela. Contudo, em 1998, a entrada do Presidente Hugo Chávez indicou uma mudança drástica. Ilídio antecipou o declínio da economia venezuelana, levando-o a regressar a Portugal. Durante os dois anos seguintes, dedicou-se à prospeção do mercado português e, consciente de sua competitividade, fundou a Eurotagar em 2000. Ilídio Tavares e Edgar Garcia moldaram uma história ímpar marcada por uma notável capacidade de adaptação, visão estratégica e compromisso com a excelência.

 

“Contamos com equipas especializadas, gruas, plataformas elevatórias, transporte convencional e especializado, além de um corpo técnico para preparação, coordenação e gestão de projetos”

 

Com mais de 35 anos de experiência, o Grupo Tagar passou por várias fases de crescimento e diversificação. Como descreveria a evolução da empresa desde a sua fundação até se tornar uma empresa multinacional com presença em mais de dez países?

Inicialmente, a Eurotagar focava-se em gruas de construção, tanto de edifícios, como de vias públicas, autoestradas e pontes. No entanto, antecipando a saturação do mercado de construção civil português, migrámos para as gruas telescópicas, atendendo à crescente demanda por autoestradas. Enquanto crescíamos até 2008, a crise começou a surgir. Portugal já tinha autoestradas suficientes e era hora de procurar novos mercados. Decidimos especializar a nossa atividade no setor eólico, o que implicou uma arrojada decisão: a aquisição da primeira grande grua móvel, LTM 11200. Esta mudança estratégica, embora desafiadora, consolidou a nossa posição, tornando-nos líderes no mercado português, o que nos conferiu a notoriedade necessária à expansão internacional. Atualmente, o Grupo Tagar é uma referência em mais de dez países, na Europa, África e América Latina. Posto isto, é essencial dedicar tempo à formulação de estratégias, análise de mercado e identificação de tendências para uma orientação eficaz. Um empresário desatento, incapaz de antecipar as projeções dos próximos anos arrisca-se a colapsar. Distrações podem levar a situações desfavoráveis, como o desalinhamento com o mercado ou a atuação em setores obsoletos. Assim, os empresários de hoje têm de se readaptar rapidamente às mudanças frequentes das tendências impostas pelo mercado. Surgem indústrias novas, com novas tecnologias e o caminho de sobrevivência é readaptar-se cada ano às novas necessidades.

 

 

A entrada do Grupo Tagar no setor eólico foi uma decisão estratégica importante. De que forma esta mudança de foco influenciou a empresa e como a capacidade de se adaptar a diferentes setores contribuiu para o sucesso do Grupo? 

O setor eólico foi uma das mudanças importantes na direção da prestação de serviços do nosso Grupo. A partir de 2006, tivemos a visão de que este setor vinha para ficar pela crescente necessidade de fontes de energia de menor impacto ambiental e mais sustentáveis. O nosso foco, que deveria ser universal, é minimizar a pegada ecológica. Estamos inseridos num setor alinhado com a crescente tendência de tecnologias de produção de energia que se afastam dos hidrocarbonetos e poluentes como gás e petróleo. A instabilidade no mercado do petróleo e as projeções limitadas de reservas para apenas 100 anos motivaram o desenvolvimento de novas tecnologias. Portugal, assim como toda a Europa, enfrenta a carência de reservas e, por consequência, percebe a importância de não depender exclusivamente de países terceiros, optando por desenvolver as suas próprias tecnologias.

O Grupo Tagar está presente em diversos setores, desde a indústria e metalomecânica até às energias renováveis. Como é que a empresa abraça projetos tão diversos, e qual tem sido o papel crucial nesses setores? Como a empresa mantém a coesão da sua identidade corporativa enquanto opera em setores tão distintos?   

Estamos atentos às necessidades dos nossos clientes e do mercado e direcionamos os nossos investimentos na compra de novos equipamentos adequados às necessidades dos diversos setores. Desempenhamos um papel vital no desenvolvimento da indústria portuária, petrolífera, metalomecânica, naval e mineira. Com experiência em elevação de estruturas acima de 500 toneladas, destacamo-nos como parceiros de eleição para grandes empresas destes setores. Na construção civil, visamos proporcionar um serviço completo na elevação e montagem de estruturas pré-fabricadas, pavilhões, fachadas e obras públicas. Contamos com equipas especializadas, gruas, plataformas elevatórias, transporte convencional e especializado, além de um corpo técnico para preparação, coordenação e gestão de projetos. Como já referido, as energias renováveis são uma das nossas principais áreas de atuação, detemos know-how na montagem de “megawatts” em todo o mundo. Equipados com tecnologia específica para a montagem de parques eólicos, oferecemos serviços abrangentes, desde gruas telescópicas até 1200 toneladas a plataformas elevatórias, empilhadores telescópicos e camiões grua. Com mais de 300 turbinas montadas anualmente, contamos com parcerias confiáveis e estabelecemos relações com clientes prestigiados no setor eólico. Na indústria petroquímica, destacamo-nos como parceiro ímpar na montagem e manutenção de condutas e reatores. Com conhecimentos operacionais eficientes e responsáveis, contribuímos para a redução de tempo e custos, priorizando métodos eficazes e seguros na execução do trabalho. Em todos os setores mencionados, a eficiência, a rapidez e a segurança são prioridades fundamentais.

A expansão internacional do Grupo Tagar é notável. Quais os desafios enfrentados durante este processo de expansão para países como Espanha, Chile, Marrocos e outros, e como a empresa os superou? Como adaptaram as estratégias de negócios para lidar com as diferentes dinâmicas culturais e regulamentações?

A expansão internacional do Grupo Tagar, em primeiro lugar, deu-se por uma necessidade de manter os postos de trabalho, aquando do início da crise do ano de 2009. Depois do sucesso do primeiro parque eólico instalado na América Central, conseguimos demonstrar aos nossos clientes capacidade de executar projetos noutros países. A respeito da nossa adaptação, conseguimos adaptar-nos melhor a países de língua de origem espanhola/latim e, por outra parte, acabámos por selecionar países com maiores necessidades da nossa prestação de serviços.

 

 

 

 Os valores do Grupo Tagar incluem competência, trabalho em equipa, qualidade do serviço e profissionalismo. Como estes valores são refletidos nas operações diárias da empresa e no relacionamento com os clientes e parceiros? A empresa investe no desenvolvimento da sua equipa?

Uma empresa sem valores, sem competências e sem uma equipa especializada, não consegue prestar serviços de elevada qualidade. Por conseguinte, é óbvio que trabalhamos permanentemente na qualificação do nosso quadro técnico e no investimento de equipamentos modernos adequados às novas realidades. Somos um Grupo de destaque, onde a experiência, competência e profissionalismo se destacam, sendo reconhecidos pelos nossos clientes. A nossa missão é materializar os projetos dos nossos clientes através de uma equipa competente e recurso a equipamentos especializados. Estamos constantemente empenhados em proporcionar excelência, garantindo padrões elevados e segurança em todos os serviços que oferecemos.

 

“Olhando para o futuro, essencialmente, o Grupo Tagar pretende que, em primeiro lugar, Portugal conte com uma empresa nacional de referência internacional na prestação de serviços com gruas de pequeno e grande porte capazes de dar resposta a todas as necessidades nacionais”

 

O Grupo Tagar é reconhecido pela montagem de parques eólicos em Portugal e internacionalmente. Como a expertise da Tagar contribui para o setor das energias renováveis? Qual é a abrangência geográfica atual do Grupo Tagar neste setor?

O Grupo Tagar, efetivamente, nos últimos anos, tem montado parques eólicos em França, Portugal, Espanha, Marrocos, África do Sul e na América Latina (Nicarágua, Honduras, Guatemala, Panamá e Chile). Outros países foram requeridos pelos nossos clientes, aos quais não podemos atender por falta de recursos humanos. No momento atual, os recursos humanos são mais difíceis de conseguir em Portugal porque, por um lado, o Estado Português absorveu mais de 100 mil funcionários públicos, havendo menos oferta de mão de obra para o setor privado e, por outro lado, existindo uma taxa baixa de desemprego os portugueses têm menos necessidade para se ausentarem do país.

A gama de equipamentos do Grupo Tagar é bastante diversificada. Como é que a empresa escolhe os equipamentos certos para projetos específicos e qual tem sido a chave para manter uma frota tão versátil ao longo dos anos?

Oferecemos uma gama diversificada de equipamentos, desde Auto Gruas, Gruas de Rasto, Transportes Especiais e Camiões Grua até Plataformas Elevatórias e Empilhadores Telescópicos. As nossas compras têm de ser direcionadas às necessidades que vão surgindo no mercado. Atualmente, a indústria generalista deve cumprir requisitos ecológicos, levando à substituição de equipamentos internos, uma tarefa realizada facilmente pelas nossas gruas. Com capacidades que variam de 25 a 1200 toneladas, garantimos soluções eficazes para projetos de qualquer dimensão que necessitem de auto gruas. Desenhadas para parques eólicos, as gruas de rasto, com menos de 6 metros de largura, oferecem agilidade e robustez. Além disso, estamos equipados para transportes terrestres especiais. A nossa frota diversificada inclui linhas modulares, porta-máquinas extensíveis e camiões grua, proporcionando eficiência 2-em-1 para transporte e descarga/elevação. Projetadas para trabalhos em altura, oferecemos plataformas elevatórias com alturas entre 12 e 20 metros, proporcionando conforto e segurança. Já os empilhadores telescópicos são ideais para movimentação de cargas, carregamento ou colocação, com capacidades de 2 a 4 toneladas e altura de elevação de 12 a 18 metros.

 

 

A segurança é um valor essencial no Grupo Tagar, especialmente ao lidar com equipamentos de grande porte. Quais as boas práticas adotadas pela empresa para garantir a segurança dos colaboradores e a integridade dos projetos, especialmente em ambientes desafiadores, como parques eólicos ou locais industriais?

A segurança é a nossa primeira preocupação, pois um funcionário de baixa significa quebra da nossa produção. Temos uma preocupação constante em fazer várias ações de formação, melhorar a nossa programação de execução dos trabalhos, cujo enfoque principal seja o de zero acidentes. Adicionalmente, o sistema de saúde atual não está a corresponder às expectativas da população, levantando questões sobre a necessidade de melhorias no setor. Neste contexto, a nossa principal preocupação este ano foi estabelecer um seguro de saúde para todos os funcionários. Se um colaborador adoece e fica afastado por dois ou três meses, acabamos por perder uma percentagem de produtividade. Investir na saúde e segurança dos nossos funcionários torna-se crucial.

Recentemente, o Grupo Tagar expandiu as suas atividades para a área imobiliária. Quais os motivos por trás desta decisão estratégica e como a experiência e conhecimentos adquiridos ao longo dos anos noutros setores estão a ser aplicados nesta nova vertente?

A nossa expansão ao setor imobiliário vai no sentido de diversificar os nossos investimentos para tornar o Grupo mais resistente às possíveis futuras crises. O mundo está cheio de incertezas e a resposta é a diversificação. Como empresário, é crucial ser visionário e assumir riscos. Todos os empresários devem arriscar e adaptar-se aos tempos atuais, modernizando-se.

Olhando para o futuro, como o Grupo Tagar planeia continuar a inovar e enfrentar os desafios em constante evolução nos setores em que atua? Existem novas áreas de crescimento ou projetos inovadores em que a empresa está a focar a sua atenção?

Olhando para o futuro, essencialmente, o Grupo Tagar pretende que, em primeiro lugar, Portugal conte com uma empresa nacional de referência internacional na prestação de serviços com gruas de pequeno e grande porte capazes de dar resposta a todas as necessidades nacionais, não perdendo o foco de que o país deve produzir todos os bens e serviços necessários aos portugueses e, em segundo plano, os nossos excedentes de equipamentos e quadros técnicos tratar de executar projetos noutros países para contribuir com as exportações portuguesas e ajudar a equilibrar a balança de pagamentos internacional, que é essencial para a estabilidade económica do país. Recordemos todos que Portugal importa muitos bens e serviços que têm de ser pagos e como contrapartida para poder pagar tem de ter empresas capazes de exportar bens e serviços para equilibrar as contas internacionais. É vital para Portugal ter uma empresa altamente competitiva capaz de atender às demandas internas e, além disso, exportar. Com a consolidação da compra da Cariano, enfrentámos mais um desafio, dado que a empresa vinha a registar prejuízos há 14 anos. Antecipámos a insolvência ao analisar os balanços de 2004, prevendo que, em três ou quatro anos, não conseguiriam cobrir os custos operacionais devido à discrepância entre a quantidade de equipamento, faturação e custos. O nosso objetivo com a aquisição da Cariano foi reestruturar a empresa para torná-la rentável. Hoje, estamos satisfeitos, pois transformámos uma empresa que estava com um fecho negativo para um resultado positivo próximo a um milhão de euros até o final do ano de 2023.

You may also like...