Há uma idade certa para colocar aparelho ortodôntico?
Não existe uma idade definida para colocação de aparelho ortodôntico, no entanto, há um momento oportuno de intervenção consoante o problema que está na base da má oclusão dentária. Este problema é variável de caso para caso, tornando-se assim evidente a necessidade de uma avaliação por parte de um médico dentista ortodontista. Então, quando fazer essa avaliação?
A Associação Americana de Ortodontia aconselha que a mesma seja efetuada por volta dos 6 anos de idade, altura em que erupcionam os primeiros dentes definitivos, contudo, existem algumas situações em que é necessária uma intervenção mais precoce. Nesse sentido, é fundamental uma avaliação e um diagnóstico atempado para determinar o que está na base dessa má oclusão. Se a causa estiver relacionada com a parte óssea ou com o desenvolvimento dos maxilares, é muito importante não perder o “timing“ ideal de intervenção e assim evitar tratamentos mais complexos de futuro, como a cirurgia ortognática. Atualmente, esta área da medicina dentária oferece diversas possibilidades de intervenção, de acordo com as situações clínicas.
A Ortodontia Preventiva, por exemplo, tem como principal objetivo a prevenção de possíveis problemas que podem ser percebidos em crianças durante o crescimento ósseo facial e durante o início da troca dos dentes de leite pelos dentes definitivos. Isto pode acontecer entre os 5 e os 12 anos, e implica uma abordagem educativa de correção e eliminação de maus hábitos que podem comprometer o correto desenvolvimento da arcada dentária, como, por exemplo a sucção digital (chupar o dedo), o uso de chupeta, a onicofagia (roer as unhas), a respiração só pela boca e a colocação da língua entre os incisivos na deglutição e dicção. Nesses casos é, muitas vezes, necessária a colaboração de Otorrinolaringologia e Terapia da Fala. Os aparelhos usados nesta fase são habitualmente removíveis.
A Ortodontia Intercetiva, por sua vez, tem o propósito de “travar “ um problema oclusal ou dentário, para que ele não se instale completamente, como, por exemplo uma mordida cruzada, mordida aberta, “céu-da-boca” estreito, apinhamento dentário, desenvolvimento desigual do maxilar superior e inferior, dentes anteriores salientes, entre outros. Estas intervenções têm impacto na aparência e autoestima da criança, na correção de hábitos orais nocivos, na preservação de espaço para a correta erupção dos dentes definitivos, no adequado crescimento craniofacial, no redirecionamento do crescimento da maxila e da mandíbula e na redução do tempo de tratamento. Os aparelhos usados nesta fase podem ser removíveis ou fixos.
Contudo, a ortodontia mais comummente vista é a Ortodontia Corretiva, que se destina à correção de uma má oclusão já instalada. Este tipo de tratamento é efetuado a partir dos 12 anos, quando a dentição permanente estiver completa. Os aparelhos usados nesta fase são essencialmente fixos e, de acordo com a sua especificidade, podemos dividi-los em convencionais (brackets na face externa dos dentes e utilização de arcos e ligaduras elásticas), autoligáveis (brackets na face externa dos dentes e utilização de arcos, mas sem o uso de ligaduras elásticas), linguais (brackets colocados na face interna dos dentes, sem que seja visível qualquer aparatologia), e alinhadores invisíveis, que consistem numa sequência de goteiras removíveis e transparentes.
Em jeito de conclusão, podemos então afirmar que o tratamento que mais bem se adequa a cada doente só poderá ser determinado após a realização de um rigoroso estudo de ortodontia feito pelo médico dentista ortodontista. Porém, é fundamental ter em conta que a avaliação e diagnóstico devem ser efetuados precocemente, de forma a obter os melhores resultados.