Escola de Formação Profissional em Turismo de Aveiro: Exímios no ensino e empregabilidade

A Escola de Formação Profissional em Turismo de Aveiro – EFTA – existe há 12 anos e rege-se por três linhas orientadoras: o Turismo, a Restauração e a Hotelaria. É coordenada por Manuel Torrão, Diretor Geral e por Catarina Silva, Diretora Pedagógica. A Revista Business Portugal esteve à conversa com Manuel Torrão que partilhou connosco quais os principais objetivos da EFTA, a quem se dirigem os cursos que disponibilizam e que, em 2020, serão a entidade organizadora de uma das maiores conferências anuais da Associação Europeia de Escolas de Hotelaria e Turismo.

Apresente a EFTA.
A escola existe há 12 anos e surgiu de uma ideia que tive ideia enquanto militar no Regimento de Infantaria nº10, em São Jacinto. Era importante conceder aos soldados, qualificações civis para que, quando saíssem da área militar, pudessem desempenhar funções enquadradas na economia nacional. Quando iniciaram os cursos ministrados pelo centro de emprego fui nomeado coordenador interno da formação profissional e após pesquisar sobre o projeto, percebi que a região centro não tinha formação na área. Foi então que surgiu a ideia de criar a EFTA.

Considera que a EFTA tem tido um crescimento sustentado?
Sim, a escola tem crescido gradualmente. Estamos há três anos nestas novas instalações. É um edifício com mais de três mil metros quadrados que nos permitiu desenvolver outros projetos, desde o curso de padaria e pastelaria, assim como os Cursos de Especialização Tecnológica (CET).

Descreva a oferta formativa da EFTA.
A escola disponibiliza cinco cursos profissionais nível 4, Técnico de Animação e Informação Turística, de Receção Hoteleira, de Cozinha, de Pastelaria/Padaria e de Técnico de Restaurante/Bar. De nível 5, temos dois cursos, o de Gestão e produção em Padaria e Pastelaria e o de Gestão e Produção em Cozinha. Dispomos ainda da formação de ativos, quer para empregados, quer para desempregados. Além disso, já administrámos Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA).

Quantos alunos tem a EFTA e qual é a percentagem de empregabilidade?
A EFTA tem cerca de 300 alunos. De acordo com um estudo do ciclo formativo, que terminou há um ano, a empregabilidade do Curso de Cozinha é de 100 por cento, assim como o curso de Gestão de Bar. O Curso de Turismo ronda os 95 por cento.

A escola tem protocolos de estágio? Se sim, pode referir quais são as parcerias que estabeleceram?
Os alunos fazem estágio no segundo e terceiro anos do curso e é a escola que faz a gestão dos protocolos, assim como as visitas aos locais. Temos parcerias locais, regionais e nacionais. Os locais são nos hotéis da cidade, a nível regional temos com o Grupo Visabeira, os Hotéis Vila Galé, entre outros. O Grupo Pestana também é nosso parceiro há mais de dez anos e, após o estágio, vários alunos ficam a trabalhar nas diferentes unidades hoteleiras do grupo. Temos ainda alunos a desenvolver estágios curriculares e extracurriculares ao abrigo do Programa Erasmus+, assim como parcerias com agências internacionais, em Itália e Espanha, onde também podem estagiar.

Ainda se considera que as escolas profissionais apenas acolhem jovens que não se integram no ensino regular ou que simplesmente não querem estudar?
Ainda há o preconceito de que para escolas profissionais só vão alunos menos capazes, o que não é verdade. Temos alunos nesta escola que teriam lugar em qualquer outra, mas que optaram por vir para a EFTA por se identificarem com a oferta formativa que disponibilizamos.

Os alunos que frequentam a EFTA são do distrito de Aveiro ou vêm de outras regiões?
Temos alunos de todo o distrito de Aveiro, assim como do Porto, de Trás-os-Montes, de Lisboa e das ilhas. Também atribuímos vagas aos PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa) e é uma dinâmica que pretendemos manter, porque o quadro nacional de jovens a frequentar o ensino secundário é cada vez menor e, como tal, é necessário importar mão-de-obra e formá-la em áreas que a economia nacional necessita.

A EFTA disponibiliza algum tipo de apoio para alunos que necessitem?
Disponibilizamos apoio para toda a comunidade escolar que o requisite, tanto a nível de alunos nacionais, como de PALOP. O apoio é concedido de acordo com o rendimento escolar do aluno e, caso seja positivo, mantém-se. Atribuímos aos alunos alojamento e alimentação, se necessário, roupa, como é o caso do uniforme, que, muitas vezes é reutilizado de ex-alunos.

Gostaria de referir algum projeto que se avizinha?
Vamos ser a entidade organizadora da conferência anual da Associação Europeia de Escolas de Hotelaria e Turismo, a AEHT, que se realizará em Aveiro, de 2 a 7 de novembro de 2020. É uma conferência organizada por escolas de diferentes países, onde vão a concurso cerca de 12 áreas do setor turismo, restauração e hotelaria. Nesse evento, vamos contar com a presença de 30 a 40 países da Europa, 150 a 170 escolas, o que corresponde a uma média de 600 pessoas. É a segunda vez que este concurso europeu tem lugar em Portugal, o primeiro foi há 10 anos em Lisboa, desta vez será em Aveiro e organizado por nós.

Gostaria de deixar alguma mensagem aos leitores e encarregados de educação?
Sim, é necessário desmistificar a ideia de que para o ensino profissional só vão os alunos menos capazes, fazendo uma boa orientação vocacional dos jovens e apoiando-os a encontrar uma solução para a sua vida académica e profissional. Quando os alunos concluem que não estão no caminho certo, costumo dizer: “desiste desta escola, mas não desistas da escola”, e apoio-os num novo trajeto que pode ser bidirecional, ou seja, há alunos que saem de outras escolas para vir para a EFTA, e vice-versa.

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