Equidade no acesso dos sobreviventes de AVC aos Cuidados de Reabilitação
O AVC continua a ser, na atualidade, uma das principais causas de morte e incapacidade na Europa, prevendo-se que a sua incidência não diminua na próxima década, o que poderá dever-se, entre outros fatores, ao envelhecimento crescente da população. A iniciativa European Stroke Action Plan 2018-2030, identificou metas globais até 2030, para implementar em todos os países medidas que visam controlar a sua incidência, prevalência e as suas consequências. O Estado Português subscreveu este plano e, em 2021, a Assembleia da República recomendou ao Governo a definição e implementação de uma estratégia de acesso aos cuidados de reabilitação para os sobreviventes de AVC. Em Portugal, há cerca de 20.000 novos sobreviventes de AVC por ano, dos quais 35-40% necessitam de programas de reabilitação especializados, em que a precocidade, a intensidade e a especialização, são determinantes para o sucesso da intervenção terapêutica, orientada para as sequelas motoras, cognitivas, da comunicação, da deglutição e sensoriais.
É fundamental uma mudança nas políticas de saúde que promova a criação de uma estratégia nacional, envolvendo toda a cadeia de cuidados, desde a prevenção primária até à vida após o AVC. Uma parte fundamental desta estratégia deve envolver os cuidados de reabilitação que acompanham o sobrevivente de AVC, desde a fase aguda até à sua integração na sociedade.
As equipas multiprofissionais de reabilitação são coordenadas por médico especialista em medicina física e de reabilitação e devem incluir todos os profissionais (terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, enfermeiro de reabilitação, neuropsicólogo, nutricionista, assistente social, médico fisiatra).
Concomitantemente, devem estar organizadas desde a fase aguda, com cuidados de reabilitação, desde o primeiro dia. Estas equipas são responsáveis por definir o circuito do sobrevivente de AVC, o seu destino após a alta, a tipologia de cuidados mais adequada para a gravidade e quadro clínico e garantir a continuidade de cuidados até ao regresso à comunidade.
É urgente investir na constituição destas equipas nos hospitais de agudos, a criação de camas de reabilitação nestes hospitais para a continuidade pós-aguda imediata, a criação de mais centros especializados de reabilitação, com programas de fase subaguda, intensivos e abrangentes e uma melhor articulação com a reabilitação de base na comunidade, garantindo que nos cuidados de saúde primários a reabilitação mantenha o seu caráter diferenciado.
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