A arte de dar vida às árvores

Em Ponte do Rol, Torres Vedras, que se situa a ArvorArt — a seiva da natureza, que respira vida através do mobiliário feito em madeira natural. Numa conversa com José Francisco, o Fundador da marca, ficámos a conhecer a sua paixão e visão sobre o fascinante mundo da arte do mobiliário em madeira natural.

 

 

 

José Francisco, Fundador

 

 

A história da ArvorArt

José Francisco é um nome cada vez mais presente no mundo do mobiliário em madeira natural no nosso país. O seu percurso começou por um “acidente”, como o próprio admite. No entanto, o que para muitos poderia ter sido uma coincidência, para si revelou-se um verdadeiro dom, em que cada peça reflete a sua visão e amor pela madeira. “Sempre senti uma conexão especial com a madeira, mas nunca tinha explorado o seu potencial na decoração. Quando a ArvorArt nasceu, soube que era a oportunidade de realizar um sonho antigo”, revelando o orgulho de 11 anos de trabalho árduo.

Mobiliário sustentável

A sustentabilidade é um valor central na  ArvorArt: nenhuma árvore é derrubada com o propósito de se tornar mobiliário. Pelo contrário, a marca recupera árvores caídas ou que precisam de ser removidas por segurança, transformando-as em peças que contam histórias de vida e de resistência. “O nosso compromisso é com a natureza. Não estamos aqui para esgotar recursos, mas para dar-lhes uma segunda vida”, afirma José Francisco, revelando uma ética que se alinha com as instâncias do mundo moderno, cada vez mais atento ao ambiente.

Além disso, as peças da ArvorArt são muito mais do que meros móveis. Cada uma é uma obra de arte que preserva a identidade da árvore de onde provém, explorando formas irregulares e texturas que, longe de serem corrigidas, são enaltecidas. “Aqui não se faz mobiliário como nas grandes superfícies. Cada peça é única e traz em si a história da árvore que foi. O meu objetivo é honrar isso”, explica.

Com um processo de secagem que pode demorar até dois anos, José Francisco garante que a madeira mantém o seu vigor natural, preparando-a com paciência e precisão para a transformação final. “A madeira tem o seu tempo, e nós respeitamo-lo”, frisa, cumprindo cada fase do processo para garantir a durabilidade e a qualidade das criações.

 

 

 

 

Simplicidade e excelência em cada peça

Na oficina de José Francisco, em Torres Vedras, cada pedaço de madeira conta uma história. É ali, no que muitos chamam de “templo da madeira”, que nascem verdadeiras obras-primas, desde mesas de oito metros de comprimento, equilibradas em apenas dois pés, até peças que parecem desafiadoras para as leis da física. “Se fosse no tempo dos apóstolos, essa mesa seria digna da última ceia”, comenta José, com um sorriso. A filosofia do artesão é simples: deixar a madeira falar e conduzir o processo criativo. Sem pressas e sem forçar o material. Este respeito profundo pelo elemento natural é visível nas suas criações, entre elas a famosa mesa ‘pé-cachoeira’, que fascina pelo equilíbrio entre solidez e fluidez. “Na ArvorArt, criamos obras únicas, de todas as formas e tamanhos, sempre com rigor, originalidade e um profissionalismo sem igual”, reforça José. Em cada peça, sente-se o peso da tradição e a leveza da inovação, num equilíbrio raro e precioso, que só mãos experientes sabem fazer.

Além da excelência na construção, a ArvorArt destaca-se pelo seu serviço de entrega altamente personalizado. Quando se trata de peças volumosas, a empresa faz questão de realizar a montagem diretamente no local, assegurando que cada detalhe chega ao destino com o máximo de integridade e cuidado. “Se é uma peça especial e exige que sejamos nós a montá-la, equipamos o nosso carro e vamos pessoalmente entregar”, refere o responsável.

 

 

 

 

O sucesso da ArvorArt

Para José Francisco, o segredo de todo o sucesso da ArvorArt está ancorado na paixão e na persistência. É precisamente essa paixão que permite a conceção de obras tão requintadas e imponentes, dignas do seu atelier: “Isto é um vício que me dá saúde, mantém-me vivo”, confessa. Trabalha com tal intensidade que, muitas vezes, perde a noção das horas, terminando uma peça apenas de madrugada. “Sonho com os projetos e, pela manhã, passo para o papel tudo o que imaginei”, partilha.

Apesar de todo o prestígio e reconhecimento, mantém-se fiel às suas raízes. Com a ajuda de uma equipa pequena mas dedicada, consegue dar vida às suas ideias, desde o esboço inicial até à peça final. “As ideias nascem na minha cabeça, mas é com a equipa da Arvorart que as tornamos realidade. Sem eles, nada disto seria possível”, sublinha.

Um dos momentos altos do seu ano é a participação na Feira de São Pedro, em Torres Vedras, onde apresenta o seu trabalho a um público mais alargado, composto por visitantes de todo o país. Para o artista, a feira é uma oportunidade única de aproximação e de reconhecimento: os detalhes e a complexidade das suas peças podem ser apreciados ao vivo, permitindo uma ligação mais autêntica com quem aprecia a arte. “É um desafio logístico, mas a receção das pessoas vale todo o esforço”, confirmando o espírito determinado de quem ama o que faz.

Embora o seu trabalho tenha atingido um estatuto de prestígio, opta por manter a simplicidade. A ArvorArt não tem uma página web sofisticada nem aposta em campanhas publicitárias massivas; em vez disso, confia na força do boca a boca e nas redes sociais, especialmente no Facebook, onde partilha algumas das suas criações. “O foco estará sempre no produto e no cliente”, assegura.

Num mundo cada vez mais rápido e digital, José Francisco e a ArvorArt representam um tributo ao tempo, à paciência e à arte de criar com as mãos e com o coração. Para o artista, cada árvore é uma oportunidade de mostrar ao mundo que a verdadeira arte está em respeitar o que a natureza nos oferece, transformando-a numa herança que perdura no tempo e que atravessa gerações.

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