A Reabilitação de um sobrevivente de Acidente Vascular Cerebral

Dr. António Conceição Presidente da Portugal AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), sendo um evento de saúde de instalação súbita, imprevisto, que, mesmo quando tratável, tem uma janela temporal muito curta e em que todos os minutos podem decidir o curso de uma vida, pode provocar um forte abalo e uma terrível confusão. Diz-se com muita propriedade, que todas as pessoas próximas “sofrem” um AVC. Nunca tendo sido uma “doença (só) de velhos”, parece que as pessoas atingidas em idades jovens, em plena vida ativa, vão sendo cada vez mais.

A reabilitação de um sobrevivente de AVC está dependente de dois pontos essenciais: os cuidados de fase aguda (que tentam reverter ou diminuir significativamente as sequelas) e os cuidados de acompanhamento e de reabilitação.

Reabilitação que deve ser coordenada, multidisciplinar, atempada, sem limites de tempo estandardizados, no sentido de ser obtida a maior eficácia possível. Mas que, infelizmente, não chega à maioria de sobreviventes (e, consequentemente, familiares), porque é muito importante que seja encarada, a começar pelo Estado, não como um custo, mas como um investimento, com claro retorno no futuro.

Se começar logo após um AVC, pode marcar a diferença entre continuar a ser um cidadão contribuinte ativo, sentindo-se útil à sociedade, ou mais um sujeito passivo da Segurança Social, por largos anos, e com os prováveis problemas de saúde, também no âmbito da saúde mental, que podem advir.

Na dita fase crónica, é comum sobreviventes de AVC e familiares sentirem que são abandonados à sua sorte, num período já de si difícil, muitas vezes de consciencialização que a vida mudou, com as depressões e outros problemas psicológicos presentes. Ao longo da vida, o sobrevivente de AVC pode precisar da continuidade da reabilitação. Evitando, tão comuns, regressões e agravamentos, contribuindo para a melhoria ou manutenção da qualidade de vida possível, e evitando, também, o surgimento de acrescidos problemas de saúde. Ou seja, o que podem ser cada vez maiores encargos sociais e económicos.

A Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos (www.portugalavc.pt) é uma associação que, muito genericamente, exerce ação, principalmente, em dois pilares fundamentais:

  • contribuir para a resposta às necessidades sentidas pelos sobreviventes de AVC, seus familiares, cuidadores, e outros;
  • a promoção e a participação em iniciativas que visem contribuir para a prevenção do AVC e suas consequências, ou seja, não é por nos ter acontecido, que nós aceitamos que outros passem pela mesma experiência, antes pelo contrário!

 

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