Empreendedorismo e inovação em saúde
A Janssen, companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, dedica-se a desenvolver medicamentos inovadores e a melhorar a vida de milhões de doentes em todo o mundo. A Revista Business Portugal esteve à conversa com Filipa Mota e Costa, Diretora Geral da Janssen Portugal, que deu a conhecer a história da empresa, o seu universo e a estratégia que utiliza para uma boa gestão.
A Janssen é uma das maiores farmacêuticas a nível mundial, com um percurso sólido e consistente. Para contextualizar os nossos leitores, parece-me importante que comece por nos falar um pouco da companhia.
A Janssen, companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, está em Portugal desde 1983. Desde então, muito evoluímos e crescemos, mantendo sempre uma estratégia de inovação, empreendedorismo e responsabilidade. No entanto, é preciso recuarmos até 1953 para chegarmos ao início da história da Janssen. Foi nesse ano que a Janssen foi criada, por um jovem médico belga, Dr. Paul Janssen. As suas descobertas inovadoras levaram a que o grupo Johnson & Johnson adquirisse a empresa logo em 1961. Hoje, mais de 50 anos passados, somos uma das maiores farmacêuticas a nível mundial e a Johnson & Johnson é o maior grupo mundial do sector da Saúde.
Apostámos, desde sempre, na investigação e introdução de novas tecnologias e soluções terapêuticas, com altos padrões de excelência e adaptados às exigências do mercado farmacêutico. Este é um sector altamente regulado e exigente, que tem contribuído de forma muito significativa para o bem-estar da sociedade, pelo aumento e melhoria da qualidade dos anos de Vida. Trabalhar na indústria farmacêutica é uma enorme responsabilidade, mas também um motivo de forte realização.
De que forma tem a Janssen assumido a ‘função’ de ser uma marca completamente direcionada para as pessoas, seja dentro ou fora da empresa?
A Janssen rege-se pelo ‘Nosso Credo’, um documento que funciona como uma bússola, um guia que estabelece uma hierarquia de valores vividos pelas companhias do grupo Johnson & Johnson. Criado em 1943, este documento continua atual.
Assumimos que a nossa primeira responsabilidade é para com os doentes, médicos e profissionais de saúde que utilizam os nossos produtos e serviços e que tudo o que fazemos deverá ser de alta qualidade, desde a investigação até à disponibilização dos nossos produtos. A nossa segunda prioridade é para com os nossos colaboradores, garantindo as melhores condições de trabalho que lhes permitam a progressão profissional e o desenvolvimento enquanto pessoas, reconhecendo os seus méritos e respeitando a sua individualidade. Segue-se a responsabilidade para com a comunidade onde nos inserimos, fomentando a boa cidadania e garantindo um contributo positivo para a sociedade, de forma transparente e sustentável. Por último, chegamos ao acionista e, se os pontos anteriores forem cumpridos, o acionista receberá certamente um valor justo. Estes são valores muito sólidos, transmitidos dentro da empresa, e acima de tudo, vividos por todos nós. Tudo o que fazemos é em benefício dos doentes que necessitam dos nossos produtos, sendo essa a nossa primeira prioridade.
A Janssen tem vindo a constituir-se como uma companhia farmacêutica de referência que aposta fortemente na inovação e no desenvolvimento. De que forma a inovação pode trazer valor para a saúde em Portugal?
A inovação, aliada a um serviço de alta qualidade, é um valor estratégico para o nosso crescimento e um contributo para o desenvolvimento do País. Na Janssen, focamo-nos na inovação transformacional, investigando e desenvolvendo soluções terapêuticas que tragam um benefício disruptivo em comparação com as alternativas anteriores. A capacidade de produção de inovação com este valor para o doente é a base do nosso crescimento. Temos grandes investimentos em Investigação & Desenvolvimento (a J&J investiu mais de 10,5 mil milhões de dólares em 2017, sendo a maioria destinada à parte farmacêutica) e acreditamos no conceito da inovação aberta, envolvendo todos os intervenientes no desenvolvimento do conhecimento: academia, pequenas e médias empresas de biotecnologia e todo o ecossistema de empreendedorismo porque acreditamos que é a forma de maximizar a probabilidade de desenvolver ou encontrar uma boa ideia ou o melhor conhecimento. O objetivo é caminhar para uma medicina mais personalizada em que as soluções serão selecionadas de acordo com as características individuais de cada doente, que promovam uma sociedade mais saudável e com melhor qualidade de vida. Na Janssen acreditamos que a Saúde não deve ser vista como uma fonte de despesa, mas antes um fator de riqueza do e para o país. A verdade é que a Saúde é um setor que aposta na diferenciação, na inovação e gera postos de trabalho altamente qualificados. Portugal tem condições para atrair mais investimento na Saúde, seja ensaios clínicos ou centros de excelência, temos bons profissionais e condições económicas e fiscais que deveriam facilitar a atração e geração de investimento.
Como forma de comemorar o dia internacional da mulher, e sendo uma líder empresarial no feminino, gostaríamos de perceber o seu percurso até chegar à Janssen.
Estudei Engenharia Química e iniciei a minha atividade exercendo engenharia, em ambiente industrial. Progredi bastante ao longo de sete anos, mas senti que queria algo mais abrangente e resolvi parar por um ano, investindo num MBA do INSEAD. Outras portas se abriram, nomeadamente no mundo da gestão, e também no grupo Johnson & Johnson. Sinto que o meu percurso foi percorrido de forma natural, dando sempre o meu melhor e desafiando-me constantemente. Estou na Janssen há 15 anos; a cada dois, três anos tive uma nova oportunidade que encarei como novos desafios para aprender e crescer. Aprendi com colegas, com clientes, com chefias, com a exposição a diferentes situações e, acima de tudo, aprendi com as dificuldades. Além da experiência em Portugal, estive dois anos na Janssen Itália e assumi também responsabilidades a nível europeu. Regressei há pouco mais de um ano a Portugal e assumi a Direção-Geral. A experiência e maturidade que ganhei com esta diversidade de situações foi muito importante. Sinto que a atitude com que enfrentamos os desafios é o mais determinante na nossa evolução profissional, temos de fazer o nosso caminho, provando que não é o género que faz a diferença. Acredito que, homem ou mulher, o importante é ser capaz de se conhecer e compreender o que nos move, continuar sempre a evoluir, aceitando desafios, e sendo fiéis a nós próprios. Só assim se pode dar o melhor de si mesmo, e sentirmo-nos realizados e completos como pessoas. Pessoalmente, já lá vão mais de 20 anos que trabalho, e sinto o mesmo entusiasmo de quem começa, há tanto por fazer e descobrir.