Digitalização e Resiliência: A Economia Portuguesa Face à COVID-19
Reorganização e transição digital das empresas e a importância da resiliência das mesmas no contexto económico atual
Fruto das limitações à mobilidade, do necessário distanciamento social e das restrições impostas às atividades presenciais, a COVID-19 acelerou, ao longo do último ano, o processo de transição digital, gerando profundas alterações no modelo de ensino, nas relações pessoais e laborais, mas também no comércio e na indústria.
Ainda num período pré pandemia, as perspetivas do World Economic Forum estimavam que, em 2022, 60% da produção mundial proviria de produtos e serviços digitais, apontando o processo de digitalização da economia como um dos grandes desafios para as empresas no futuro, de forma ultrapassar limitações geográficas e logísticas, otimizar e incorporar valor nos produtos, mas também para conseguir uma mais fácil adaptação perante crises, adversidades e a desafios desconhecidos.
Neste seguimento, foram justamente as empresas com maior integração de tecnologia no seu processo produtivo e de distribuição as que mais rapidamente se adaptaram às condicionalidades impostas pela pandemia e foram mais resilientes perante a atual conjuntura. É inegável que o contexto pandémico expandiu a relevância da aposta na tecnologia, na inovação, na modernização de perspetivas empresariais e das opções estratégicas para colocação e apresentação ao mercado.
Perante esta dinâmica de transformação estrutural, e através da valorização do potencial de inovação nacional, a Indústria 4.0. e a reindustrialização das economias europeias assumem hoje um papel central para o reforço da autonomia estratégica e para responder aos desafios do futuro de forma alinhada com os grandes objetivos estratégicos europeus, nomeadamente no aumento da resiliência económica e na construção dos pilares para um crescimento mais inteligente, verde e tecnológico.
Através deste processo, será possível aumentar a preponderância da indústria transformadora na economia portuguesa, progredir nas cadeias de valor, e incorporar mais tecnologia e valor nos produtos, aumentando o perfil de especialização das empresas, a produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, o nosso potencial exportador.
Assim, e com vista a recuperar do choque induzido pela crise económica e social de COVID-19, a Transição Digital e a Resiliência foram apresentada como dimensões estruturantes do Plano de Recuperação e Resiliência, de forma a apoiar as pessoas e as empresas neste processo de transformação, aumentando a robustez do tecido económico, acelerando a convergência com os nossos parceiros europeus, e ainda promovendo uma utilização mais eficiente dos recursos, crucial para enfrentar os desafios impostos pelas alterações climáticas.
Neste âmbito, foi também lançado um concurso para o reconhecimento de Polos de Inovação Digital e a criação de uma rede colaborativa, interligada com a rede Europeia de Hubs, com o objetivo de promover uma maior disseminação e adoção de tecnologias digitais pelas empresas. Assim, serão criadas condições para que as entidades, quer individualmente quer de forma colaborativa, tenham acesso a competências de formação digital e apoios adequados às suas necessidades.
Este é o momento certo para mobilizar os diversos agentes económicos, com o compromisso do Governo de acompanhar as necessidades das empresas e dos cidadãos, e de promover uma política direcionada para mais investimento e crescimento para que, juntos, consigamos recuperar deste período excecional e contruir as bases para um futuro mais resiliente, inteligente e sustentável.