“Damos vida ao presente”
Luís Barroso, Presidente da MOBI.E, destaca que a mobilidade elétrica é uma realidade no presente e, para o futuro, a empresa pretende continuar a contribuir ativamente para o desenvolvimento de soluções de mobilidade sustentável.
A MOBI.E atua no mercado desde 2015, assumindo a responsabilidade de gestão e monitorização da rede de postos de carregamentos elétricos. Apresente as soluções disponibilizadas pela empresa.
Na sequência da Diretiva Comunitária nº 94 de 2014 e do DL nº 90/2014, que vem alterar DL nº 39/2010, a MOBI.E, S.A. iniciou a sua atividade em 2015, com a incumbência de recuperar a rede piloto de carregadores para a mobilidade elétrica, que havia ficado abandonada durante o período da Troikaz, e atuar no mercado regulado como Entidade Gestora da rede de Mobilidade Elétrica nacional (EGME).
Em 2016, o Governo encarregou a MOBI.E de expandir a rede piloto, garantindo um posto de carregamento em cada um dos municípios do Continente. Durante a fase de transição, a MOBI.E assegurou o funcionamento da rede piloto, enquanto ia efetuando a sua expansão com financiamento do Fundo Ambiental e do POSEUR.
Em novembro de 2018, iniciou-se a primeira fase de mercado com o pagamento dos carregamentos efetuados em postos de carregamento rápido. Em abril de 2019, os postos privados inseridos em espaços privados começaram a cobrar pelo seu serviço, até que, em julho de 2020, se atingiu a fase plena de mercado, com a transferência para o sector privado da operação de todos os postos da rede piloto e o início generalizado do pagamento dos carregamentos em toda a rede.
A partir de então, a MOBI.E concentrou a sua atividade como instrumento público do Estado para o desenvolvimento da mobilidade sustentável, assessorando o Governo nas matérias da sua competência e participando em projetos piloto que permitam reforçar as características da rede Mobi.E, bem como EGME, tendo um papel chave enquanto facilitador da integração das diversas redes privadas e promotor de informação sobre a rede Mobi.E, quer fazendo o clearing entre CEMEs (Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica) e OPCs (Operadores de Pontos de Carregamento), quer disponibilizando informação em tempo real sobre o Estado da Rede ou mesmo outra informação relevante que se encontra concentrada no MOBI.Data, no site da MOBI.E.
Em novembro, foram ultrapassados os recordes de utilização da rede MOBI.E, quer em número de carregamentos, quer no consumo de energia. Que significado é que estes resultados?
Em primeiro lugar, é um fator demonstrativo de que são, cada vez mais, os portugueses a adotarem padrões de mobilidade mais sustentáveis e que, neste caso, a mobilidade elétrica é já uma opção do presente que tem sabido acompanhar esta evolução. Em 2022, a quota de mercado de viaturas elétricas tem mantido consistentemente valores acima dos 20%, apesar das dificuldades que as marcas têm sentido em satisfazer a procura, apresentando prazos de entrega entre 8 a 12 meses. Por seu lado, relativamente ao período homólogo, a infraestrutura de carregamento da rede pública tem sabido acompanhar estes crescimentos, tendo o número de postos utilizados crescido 45%, a energia consumida praticamente duplicou, o número de carregamentos da rede de acesso público aumentou cerca de 70%, além de termos vindo a verificar este ano uma forte adesão, também ao nível dos postos em espaços de acesso privado, cujo número mais do que triplicou.
A utilização da rede Mobi.E já permitiu evitar, este ano, a emissão de mais de 26.600 toneladas de CO2. Apesar destes números, com crescimentos expressivos, estamos já a preparar-nos para quando as marcas conseguirem normalizar os prazos de entrega de viaturas elétricas e, por isso, no 2º trimestre de 2023, entrará em produção uma nova plataforma de gestão da rede Mobi.E, que irá permitir que os mais de 75 Operadores e os 25 Comercializadores aderentes possam oferecer cada vez mais serviços e soluções aos seus clientes.
Recorde-se que, neste campo das inovações, a rede Mobi.E já disponibiliza, desde abril de 2021, pagamentos ad hoc, sem necessidade de o utilizador fazer um contrato prévio com um comercializador e, recentemente, um dos comercializadores disponibilizou a possibilidade de pagamentos MB Way. Somos também o único país do Mundo que consegue disponibilizar em tempo real a localização e o estado de todos os postos existentes. Isto só é possível, graças à solução integradora, proporcionada desde o primeiro momento pelo modelo Mobi.E.
Que balanço faz da presença no London EV Show?
A participação da MOBI.E na London EV Show encontra-se inserida na estratégia da empresa de preparação para o novo regulamento europeu, relativo à criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos (AFIR). De acordo com o que é conhecido, este novo regulamento pretende ser o impulso para dinamizar as infraestruturas de carregamento em toda a Europa, onde a premissa base é a interoperabilidade das diferentes redes que, como sabemos, é um dos pilares do modelo português Mobi.E, a divulgação de informação sobre dados das diferentes redes, onde estamos já bastante avançados com o MOBI.Data, mas também a criação de uma infraestrutura de carregamento para veículos pesados ou a criação de infraestruturas de abastecimento de fontes alternativas sustentáveis, como o hidrogénio verde, onde está praticamente tudo por fazer.
Assim, esta foi uma oportunidade para dar a conhecer internacionalmente as virtudes do modelo Mobi.E e como a plataforma Mobi.E poderá ser uma solução adaptável noutras jurisdições, para além, claro, da partilha de experiências e conhecimentos com players de outros países aderentes ao Memorando de Entendimento, promovido pela Aliança de Descarbonização dos Transportes (TDA) para a criação de uma infraestrutura de carregamento de veículos pesados que foi assinado pelo Sr. Secretário de Estado da Mobilidade Urbana, no passado mês de maio.
Tendo em conta o vosso slogan, “damos vida ao futuro”, como é que olha para o futuro da mobilidade elétrica e qual será o papel desempenhado pela sua empresa?
Esta foi uma assinatura que criámos há pouco mais de dois anos, quando apresentámos o reposicionamento estratégico da empresa, na sequência do início da fase plena de mercado. Tendo em conta a evolução da mobilidade elétrica e da rede Mobi.E, de então para cá, mau grado o contexto pandémico que atravessámos, que impactou de forma inimaginável na mobilidade das pessoas, começamos a pensar que talvez deva ser atualizada para “damos vida ao presente”.
Durante todo o ano de 2020, foram efetuados 580.775 carregamentos, atualmente este número é atingido em pouco mais de 2 meses, os consumos na rede e a poupança de emissões são agora 5 vezes mais do que em 2020, o número de utilizadores mais do que triplicou. A mobilidade elétrica é, assim, uma realidade no presente.
Para o futuro, a MOBI.E pretende continuar a contribuir ativamente para o desenvolvimento de soluções de mobilidade sustentável em três planos: i) manter em permanente inovação o modelo Mobi.E; nesse âmbito, estamos a elaborar um grande estudo sobre mobilidade sustentável e que deverá ser divulgado publicamente no 2º trimestre do próximo ano, ii) aproveitar a nova plataforma de gestão para atuarmos como facilitadores estratégicos de todas as empresas que queiram desenvolver a sua atividade, no âmbito da mobilidade sustentável, quer em Portugal, quer no estrangeiro, antecipando soluções de interoperabilidade no espaço europeu e procurando dinamizar a mobilidade elétrica em países que estão em estágios emergentes, com especial enfoque na América Latina e nos PALOP’s e iii) procurar uma maior integração operacional e tarifária com outros modos de mobilidade, suave e transportes públicos, de forma a potenciar um sistema de mobilidade mais acessível a todos os cidadãos, evoluindo do tradicional Utilizador de Veículo Elétrico (UVE) para o Utilizador de Mobilidade Sustentável Inteligente (UMSI).