Câmara Municipal do Sabugal: Uma porta aberta para a história judaica

A Casa da Memória Judaica da Raia Sabugalense é um pedaço de cultura de uma cidade construída sobre o passado da mesma. Amadeu Paula Neves, vereador do pelouro da cultura e do turismo da Câmara Municipal do Sabugal, esteve à conversa com a Revista Business Portugal sobre a presença da cultura judaica na cidade e da tentativa de a tornar, também, um ponto de atração turística no Sabugal.

A Casa da Memória Judaica da Raia Sabugalense é um espaço museológico recente do Sabugal, foi inaugurado em março de 2017, e pretende retratar a presença judaica na cidade. O espaço, situado no Largo do Castelo do Sabugal, está integrado no Projeto Rotas de Sefarad – Valorização da Identidade Judaica Portuguesa no Diálogo Interculturas.
Importa ainda referir que a cidade do Sabugal integra a Direção da Rede de Judiarias de Portugal, associação que pretende defender o património, arquitetura, ambiente, história e cultura deixada pela herança judaica, conjugando-o com a promoção turística.

Os visitantes da Casa da Memória Judaica da Raia Sabugalense podem, no seu interior, observar peças referentes ao que foi o passado do imóvel, sendo confrontados com alguns conteúdos gráficos acompanhados de texto que, na sua conjugação, evocam a presença de comunidades judaicas na vila, desde os tempos medievais.
O armário é o artefacto mais famoso da coleção da casa. O aron hakodesh, nome pelo qual era designado, servia para guardar artefactos importantes ou, em casos mais domésticos, para arrumação de loiça. Este armário foi encontrado no primeiro andar da casa, quando esta estava em reabilitação e, posteriormente, foi transferido para o piso inferior.
Amadeu Paula Neves explicou que o local, que se encontra em frente ao Castelo de Sabugal e que é um ponto turístico que recebe milhares de visitantes, faz a ponte para as visitas à Casa da Memória. O vereador confessa que existe uma certa curiosidade, por parte do público português, nos costumes do povo judaico. “O facto de na base da alimentação os judeus excluírem o sangue dos animais, não comem morcelas, por exemplo, bem como os costumes na época da Páscoa que são bem diferentes dos nossos, tudo isso sempre nos suscitou interesse pela cultura judaica”, contou o vereador, recuando até a lembranças da sua infância
É, no entanto, notória a diferença na faixa etária dos visitantes do espaço. Os estrangeiros, nomeadamente os norte-americanos, e os seniores portugueses são os que mais visitam o espaço museológico, enquanto que os mais jovens, entre os 30 e os 40 anos, apenas se deparam com a casa quando visitam o castelo. Amadeu Paula Neves acredita que o interesse dos mais velhos advém do aspeto relacional. “Os mais idosos visitam mais, provavelmente porque conheceram algum judeu, por exemplo nas feiras, dado que este sempre foi um povo, histórica e culturalmente muito ligado ao comércio”, explicou o vereador.


Apesar da conjuntura atual, a Câmara Municipal do Sabugal e o vereador Amadeu Paula Neves, responsável pelo pelouro da cultura e do turismo, acredita no fator da atratividade desta rota de cultura judaica para os turistas, sejam eles nacionais ou internacionais. Apesar de algum merchandising no local, como canecas, sacos de pão e t-shirts, o futuro poderá passar por uma maior campanha de divulgação do espaço e da região.

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