AOF: Na salvaguarda do nosso património

Filipe Ferreira, atual administrador da AOF, respondeu às questões da Revista Business Portugal, no âmbito das obras de restauro que estão a ser efetuadas no Palácio Nacional de Mafra.

Em forma de introdução, pedia que elaborasse uma pequena apresentação sobre a já quinquagenária AOF – Augusto de Oliveira Ferreira & C.ª Lda.
A AOF é uma empresa familiar com mais de 60 anos de atividade, que foi fundada pelo meu pai, Augusto de Oliveira Ferreira. Desde a sua fundação é especializada na reabilitação, conservação e restauro do património material construído, móvel e imóvel, estando ligada a intervenções de grande valor patrimonial no país. A AOF dispõe de equipas especializadas nas várias áreas da construção e conservação e restauro, recorrendo aos métodos e materiais tradicionais, aliados aos novos materiais e tecnologias.

Quais os serviços que prestam e como se distinguem no mercado da construção civil nos dias de hoje?
A AOF faz trabalhos de reabilitação, conservação e restauro em património material imóvel, como monumentos, conjuntos e sítios, e em património móvel. Trabalha frequentemente em edifícios religiosos, como igrejas e mosteiros, e em outros edifícios patrimoniais, como castelos e fortalezas, palácios, entre outros. Paralelamente intervém no património corrente, o mais diversificado numa comunidade. Trabalha ao nível das várias especialidades e sistemas construtivos, podendo-se enumerar a intervenção de restauro e reabilitação de cantarias, estruturas de madeira e ferro, serralharia artística, caixilharias, entre outras. É especializada em intervenções em revestimentos decorativos, como estuques e pinturas decorativas sobre vários suportes como madeira, ferro, tela ou estuque. Faz também trabalhos de conservação e restauro em património móvel e integrado. A AOF procura distinguir-se pela fidelização dos seus clientes, ao longo dos seus mais de 60 anos, procurando sempre defender e respeitar o património e a nossa memória, enquanto povo.

Quantos funcionários compõem a equipa da AOF? É fácil arranjar mão-de-obra atualmente?
Perto de 70.

Estão encarregues das obras de reabilitação dos carrilhões e das torres sineiras do Palácio Nacional de Mafra. O que significa esta obra para a empresa? Um orgulho ou uma responsabilidade acrescida?
Trabalhar no restauro dos carrilhões do Palácio Real de Mafra é um orgulho e uma enorme responsabilidade. Nada pode falhar. Estamos em presença de dois carrilhões, que são instrumentos musicais e exemplares únicos no mundo, pelas suas dimensões e pela qualidade e riqueza dos equipamentos e ornamentos. Existem também sinos de grande porte nas torres sineiras para indicação das horas e toques. Estamos a falar em 119 sinos, com pesos variados, em que os maiores pesam cerca de 12 toneladas. Existem também dois relógios de grandes dimensões, um em cada torre, e quatro enormes cilindros musicais, para o sistema automático de toque. Faz parte da empreitada a reabilitação e reformulação de todas as estruturas de suporte dos sinos, em madeira de sucupira, o tratamento dos paramentos de pedra, o tratamento dos dois para-raios das duas torres, o tratamento dos sinos e de todas as peças dos dois relógios, incluindo montagem e desmontagem, entre outros trabalhos. A operação de restauro, está a ser feita, respeitando ao máximo a pré-existência.

Como estão a correr as obras e quando se prevê o seu término?
As obras estão a correr bem, a um ritmo muito grande, pois surgem com frequência situações imponderáveis, que colocam alguns entraves, mas que estamos a ultrapassar.
Prevemos o término dos trabalhos no final do corrente ano.

Contam já com várias obras de renome no portfolio e também com vários prémios recebidos. Qual o segredo do sucesso da empresa?
Não sei se existe algum segredo, pois os princípios para o sucesso de uma empresa são sempre a honestidade, o sentimento do dever de cumprir com as obrigações acordadas e fazer sempre o nosso melhor na nossa profissão. Tem sido assim ao longo de gerações e conseguimos merecer o respeito da comunidade.

Como prevê o futuro da AOF?
A AOF já vai na terceira geração, que corresponde aos meus filhos, uma arquiteta e um engenheiro civil, que trabalham na empresa. Prevemos e esperamos continuar com a tradição, tendo sempre presente as grandes dificuldades que estão sempre a surgir e as grandes mudanças que se estão a verificar no país e a nível global, concretamente na intervenção no património, que nos obrigam permanentemente a atualizar o conhecimento. Contudo, o grande entusiasmo existente na empresa e vontade de ultrapassar todos os obstáculos dá-nos a confiança no futuro.

 

PRÉMIOS AOF

• Prémio Europa Nostra 2009 Via Latina, Universidade de Coimbra Promotor: Universidade de Coimbra
• Prémio António Cruz 2009, Reabilitação Urbana atribuído pelo Município de Ponte da Barca Habitação em Quintão – Sampriz – Ponte da Barca Promotor: Dr.ª Alberto José da Costa Martins D’Alte Projeto: Arq.to Rui Barros Silva
• Prémio IHRU 2010, Reabilitação Convento de Corpus Christi, Vila Nova de Gaia Promotor: Município de Vila Nova de Gaia Projeto: Arq.ta Cristina Costa
• Prémio IHRU 2012, Reabilitação de Edifício de Equipamento, Menção Honrosa Galeria Solar de São Roque – Vila do Conde Promotor: Município de Vila do Conde Projeto: Arq.to Manuel Maia Gomes
• Prémio João de Almada 2014 Edifício da Rua Alexandre Braga, n.º 94 – Porto, Fundação Marques da Silva Promotor: Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva Projeto: Arq.to Nuno Valentim
• Prémio Vasco Vilalva 2015 da Fundação Calouste Gulbenkian Museu Diocesano de Santarém Promotor: Diocese de Santarém Projeto: Arq.to Pedro Leão
• Prémio Europa Nostra 2016, na categoria de Conservação Reabilitação da Catedral e Museu Diocesano de Santarém Promotor: Diocese de Santarém Projeto: Arq.to Pedro Leão
• Prémio Nacional da Reabilitação Urbana 2016 – Serviços & Comercial Casa Salabert | E-Learning Café no Jardim Botânico do Porto Promotor: Universidade do Porto Projeto: Arq.to Nuno Valentim

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