Palácio Nacional de Mafra: O grande monumento de Mafra

O Palácio Nacional de Mafra assume-se como sendo um dos principais monumentos nacionais. No contexto da nossa passagem por esta vila portuguesa, estivemos à conversa com Mário Pereira, diretor do Palácio, por forma a conhecermos um pouco mais sobre a atualidade do mesmo.

É diretor do Palácio Nacional de Mafra há 10 anos. Quais são as principais responsabilidades inerentes à sua função?
A maior responsabilidade prende-se com a valorização do património. Ninguém quer que os seus bens sejam depauperados e, nesse contexto, a minha função é zelar pela conservação dos bens materiais e do património que se encontra nestes mais de 40 mil metros quadrados. Infelizmente, em Portugal, não temos muito o espírito da conservação preventiva. Veja o que aconteceu com os carrilhões. Esse é um caso paradigmático de como não deve ser tratado o património e eu convivi durante muitos anos com essa situação angustiante. O segundo aspeto inerente à minha função prende-se com o conhecimento. Por muito que conheçamos o monumento, há sempre uma imensidão de informação que podemos e devemos recolher. Interessa-nos, por isso, promover essas linhas de estudo e projeto científico.

O Palácio Nacional de Mafra conta com o maior conjunto de órgãos históricos do mundo. É o único local onde há seis órgãos que foram pensados para tocar em conjunto.

Depois de muitos anos de chamadas de atenção, os carrilhões encontram-se finalmente a ser intervencionados. Qual é, afinal, a importância que estes carrilhões assumem neste monumento?
Tratam-se de dois carrilhões que estão finalmente a ser intervencionados e que configuram um património importante sob o ponto de vista sineiro, musical, técnico e cultural. Só mesmo o nosso D. João V poderia juntar estes 119 sinos (em que o mais pesado pesa 12 toneladas) nas duas torres. Desde 2004 que não se ouvem os sinos tocar, voltaremos a ouvi-los este ano.

Quais as principais singularidades que distinguem este monumento?
As nossas singularidades são reconhecidas mundialmente. O impacto que os concertos a seis órgãos têm é enorme e coloca Portugal no mundo. Os elementos que compõem a nossa biblioteca são também importante alvo de interesse internacional. Além disso, temos a arquitetura que é absolutamente notável. Este monumento é, também, caracterizado por vários pioneirismos: o primeiro para-raios em Portugal foi aqui instalado; temos aqui a maior meridiana portuguesa; a Escola de Escultura de Mafra, aqui fundada pelo italiano Giusti, foi uma escola de escultura muito importante e de onde saíram ilustres escultores nacionais. Em 1910, com a revolta republicana, este foi o sítio de onde partiu a família real. Foi aqui onde o rei passou a sua última noite enquanto rei.

O ano em que o Palácio Nacional de Mafra teve mais visitas foi em 2017 (data do seu terceiro centenário), com 380 mil visitantes. Em 2018, esse número caiu para 340 mil visitantes. Mário Pereira acredita que este valor se prende com a quebra verificada nas visitas escolares, impulsionadas pelo facto e a obra O Memorial do Convento ter deixado de fazer parte das leituras obrigatórias dos estudantes.

Qual o balanço que faz desta década de trabalho? O que fica por fazer?
Foi uma década muito gratificante. Gosto mesmo muito deste monumento. Gostava de culminar a minha passagem com a conclusão da intervenção e restauração dos nossos carrilhões. O repto que deixo prende-se com uma lacuna que o palácio apresenta: problema das acessibilidades, nomeadamente a falta de elevador. Espero que seja um dos objetivos de quem vier a seguir.

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