“Acredito que possamos desenvolver cada vez mais o nosso concelho”
Silvério Regalado foi reeleito para mais um mandato na liderança da Câmara Municipal de Vagos e, em entrevista à Revista Business Portugal, afirma continuar a acreditar que o mais importante são as pessoas, e que toda a ação governativa se deve centrar na melhoria da qualidade de vida da população. Considera que tem um mandato exigente pela frente, mas mostra-se convicto de que as prioridades assumidas vão ao encontro das necessidades dos Vaguenses e do seu território.
Os oito anos na liderança do Município de Vagos afirmam a avaliação e valorização do trabalho feito até então pelos eleitores, sobretudo tendo em conta as várias condições adversas pelas quais o município já passou?
Julgo que sim. De resto, a formulação da pergunta é extremamente perspicaz uma vez que tem, em si, implícitas as dificuldades que foram por nós sentidas durante todo o mandato anterior, nomeadamente os incêndios de 15 de outubro de 2017, as tempestades que sucederam nos anos seguintes, culminando de forma brutal com o aparecimento da pandemia de Covid-19, que teima em permanecer na nossa sociedade. Naturalmente que boa parte da vertente estruturante do nosso conteúdo programático teve que sofrer adaptações profundas. Apesar disso, é importante relevar a grande percentagem de execução do programa eleitoral com que nos apresentámos ao eleitorado em 2017. O que não conseguimos concretizar, iremos fazê-lo durante o curso deste mandato. Estou em crer que os vaguenses perceberam bem que, apesar de tudo, houve muito e bom trabalho realizado e, por isso, nos conferiram um terceiro mandato de uma maneira esclarecedora. Esperemos que, durante este período, não tenhamos que lidar com mais dificuldades inesperadas. Creio que todos merecemos quatro anos em que nos possamos concentrar plenamente naquele que é o trabalho que nos propomos fazer em prol de Vagos e dos Vaguenses.
A grande âncora do executivo sempre foi a criação de condições para a instalação de empresas e a captação de investimento. Enquanto motores de desenvolvimento e crescimento dos municípios qual o impacto destas medidas na população?
Essa foi claramente a nossa prioridade. Desde 2013 que encetámos um caminho assente na forte captação de investimento empresarial que dotasse os nossos parques empresariais de referência – a Zona Industrial de Vagos e o Parque Empresarial de Soza – de uma forte presença industrial que pudesse alavancar todos os restantes eixos programáticos. A linha de raciocínio parece-me simples e linear: criando condições atrativas ao investimento, as empresas aparecem e desenvolvem-se, tornando possível a criação de emprego que potenciará a qualidade de vida das nossas populações. O desemprego em Vagos é residual e agora o grande desafio é o contrário, ou seja, conseguir mão de obra que satisfaça as necessidades das nossas empresas.
A aposta está a ser claramente ganha e, no seu seguimento, estamos fortemente empenhados em dimensionar outros polos empresariais no concelho, nomeadamente em Ponte de Vagos, Santa Catarina e Covão do Lobo, que ajudem, de uma forma mais plena e harmoniosa, ao desenvolvimento de todo o nosso concelho.
“Estou em crer que os vaguenses perceberam bem que, apesar de tudo,
houve muito e bom trabalho realizado e, por isso, nos conferiram um terceiro mandato de uma maneira esclarecedora”
A Estratégia Local de Habitação é uma das grandes bandeiras da Câmara de Vagos para este novo mandato. Dada a fragilidade económica e social que vivemos, quais as medidas e apoios que a população poderá usufruir?
É, de facto, uma das nossas grandes apostas para os próximos quatro anos. Conjuntamente com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), através da elaboração e aprovação da Estratégia Local de Habitação de Vagos (ELHV), com o apoio financeiro ao abrigo do Programa 1º Direito, está programado um investimento de cerca de dez milhões de euros, para desenvolver soluções habitacionais dignas para 203 agregados familiares identificados na ELH. Sendo a ELH um processo dinâmico, este poderá merecer reavaliação sempre que necessário, para incluir novas situações de carência habitacional que se venham a identificar. Neste enquadramento prevê-se que 60 agregados familiares possam sair beneficiadas num enquadramento em que a Câmara Municipal de Vagos, possa adquirir casas para requalificação e terrenos para construção colocando, posteriormente, esses imóveis no mercado de arrendamento apoiado.
É importante salientar que o objetivo não é, de modo algum, fazer bairros sociais, mas sim contribuir para uma plena integração das pessoas nas suas comunidades, distribuídas pelas oito freguesias do concelho de Vagos. Encontram-se ainda programadas soluções de habitação digna para 143 agregados familiares, enquanto beneficiários diretos (proprietários), sendo que para além do apoio financeiro envolvido, é significativo referir que o Município de Vagos prestará todo o apoio técnico, disponibilizando uma equipa que auxiliará os beneficiários na elaboração das respetivas candidaturas ao financiamento do Programa 1º Direito. Com este projeto esperamos, cada vez mais, contribuir para que os nossos cidadãos tenham uma melhor qualidade de vida e que possamos também reforçar a coesão social.
“Vai ser um mandato muito exigente mas no qual acredito que possamos desenvolver cada vez mais o nosso
concelho tornando Vagos o concelho até onde todos queremos ir”
A campanha de dinamização e de apoio ao comércio tradicional e serviços “Vagos + Comércio” vai prolongar-se por mais dois meses, continuando em novembro e dezembro. A pandemia ainda não chegou ao fim e é importante continuar a apoiar a população?
Claro que sim. Esta campanha está a ser um absoluto êxito, sob todos os pontos de vista. Surgiu na sequência de revitalizar o tecido comercial vaguense após os diversos confinamentos que aconteceram na sequência da pandemia e que impactaram de uma forma bastante negativa o comércio local. Esta iniciativa teve duas fases: uma primeira, claramente motivacional, numa forte campanha de imagem ao abrigo da qual foi criada uma rede de outdoors que foi estendida por todo o município com o repto “Compre (n)o que é nosso. Vagos somos todos nós”. Através deste “pontapé de saída” conseguimos chegar aos cidadãos vaguenses, consolidando o seu sentimento de pertença e motivando-os a funcionar como a mola impulsionadora para que o nosso tecido comercial pudesse recuperar. O segundo momento foi o “Vagos + Comércio”, uma campanha de revitalização do comércio e serviços assente numa dinâmica de atribuição de vouchers na qual sensibilizámos todo o tecido comercial de Vagos a aderir e que possibilitou que todos aqueles que fizessem compras no comércio local aderente no valor igual ou superior a dez euros, ficassem com cupões que em sede de sorteio os habilitariam a vouchers no valor global de 100 euros cada. Ao cabo dos 15 meses de campanha teremos 600 contemplados, que puderam empregar 60 mil euros só por via da utilização dos vouchers que ganharam. Se considerarmos que, ao cabo dos 15 meses de iniciativa, foram depositados, de grosso modo, 50 mil cupões, ficamos com a noção da importância e do impacto económico que a iniciativa teve no concelho de Vagos. Não que esta seja uma questão particularmente importante, mas não gostaria de deixar passar que, através deste projeto de sucesso, em 2020 o Município de Vagos recebeu o prémio Autarquia do Ano promovido pela Lisbon Awards Group e, em 2021, foi finalista nomeado para o galardão Município do Ano, na categoria “Centro (mais de 20 mil habitantes)” numa iniciativa da Universidade do Minho, ao abrigo da plataforma UM-Cidades que decorreu recentemente no Funchal.
O Município de Vagos dispõe de um enquadramento singular do ponto de vista da diversidade natural e geográfica que o torna um destino de visita obrigatório. O retorno à normalidade turística é uma das expetativas para os próximos anos?
No concelho de Vagos dispomos de mar, de ria, de floresta, de ecossistemas cuja biodiversidade é assinalável, temos uma forte componente de fé através do santuário mariano de Nossa Senhora de Vagos, a parte museológica cujo expoente máximo é nesta altura o Museu do Brincar, um forte cariz gastronómico, muito bem defendido e promovido pelas nossas confrarias (Confraria “As Sainhas”, confraria dos “Sabores da Abóbora” e Confraria dos “Sabores da Fava”) e pela nossa indústria da restauração, entre muitos outros pontos de interesse que nos identificam como um concelho de inegável interesse turístico. Naturalmente que a pandemia que atravessamos nos limitou e condicionou imenso, como bem se compreende, quer na representação promocional do município em diversos certames de referência, como é disso exemplo a BTL, ou mesmo na realização de eventos de monta, como as Festas do Município, o Vagos Sensation Gourmet ou o Vagos Metal Fest, trazem anualmente a Vagos, muitos milhares de pessoas. Neste particular, esperamos que 2022 nos traga condições para podermos reatar tudo o que ficou parado pela pandemia. Por outro lado, estrategicamente, queremos diversificar a nossa promoção de oferta turística para a vertente náutica, ambiental e religiosa, criando uma estratégia conjunta que possa divulgar o nosso concelho no seu todo e em todas as vertentes possíveis.
Neste novo e último ciclo autárquico quais são os grandes desafios esperados e as apostas para contrariar as adversidades que o município tem vivido?
Pretendemos continuar a desenvolver o concelho nas suas mais variadas vertentes, nomeadamente nos seguintes eixos: Desenvolvimento, Coesão e Apoio Social, com a Estratégia Local de Habitação à cabeça, Desenvolvimento Económico, com a implementação de novos polos empresariais que acolham ainda mais investimento, na Educação e Cultura, com a ampliação do Palacete Visconde de Valdemouro para acolher com condições ótimas o Museu do Brincar e com a criação de um auditório cultural com capacidade para 360 pessoas, nas Obras e Planeamento, com destaque para a implementação da ligação rodoviária A17 – Zona Industrial – A25 e para a requalificação da rede viária do concelho, o Turismo e a Sustentabilidade, com o desenvolvimento de mais formas de atratividade turística para o concelho, o Desporto e a Juventude, com forte ligação ás nossas associações e com a criação de condições para que os nossos jovens se fixem em Vagos e a Proximidade com o Cidadão, aproximando cada vez mais a Câmara Municipal dos nossos cidadãos. Vai ser um mandato muito exigente mas no qual acredito que possamos desenvolver cada vez mais o nosso concelho tornando Vagos o concelho até onde todos queremos ir.