A investigação como instrumento estratégico

Maria Paula Paixão e Marco Pereira, respetivamente, Diretora e Subdiretor para a Investigação e Divulgação Científica da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, em entrevista à Business Portugal, destacam o excelente posicionamento da instituição nos rankings internacionais mais conceituados e realçam o desiderato de uma, cada vez maior, afirmação na investigação e na produção de ciência inovadora e de valor acrescentado.

 

Maria Paula Paixão, Diretora

A afirmação nacional e internacional da FPCE-UC, o aumento do número de estudantes, a captação de novos públicos e o incremento da oferta formativa são os principais desafios assumidos pela instituição?

De facto, assim é. A FPCE é uma instituição de referência para a formação nas áreas de Psicologia, Ciências da Educação e Serviço Social, e tem-se afirmado cada vez mais na investigação e na produção de ciência inovadora e de valor acrescentado. E é precisamente nesta ligação que encontramos um desafio, mas também um aspeto diferenciador da FPCE que assenta nexo ensino-investigação. A investigação é um instrumento absolutamente estratégico, não apenas para a produção de conhecimento científico e de inovação, mas também para que sejamos capazes de proporcionar um ensino transformador que ajude os estudantes a estabelecerem ligações entre a teoria e a prática, entre o estado da arte do conhecimento científico e a sua própria aprendizagem. Desde cedo, nos cursos é fomentada esta inclusão dos estudantes nos trabalhos e projetos de investigação que decorrem nas unidades de I&D em que os docentes estão integrados, aprendendo, desde logo a tirar partido dos recursos existentes, por exemplo de softwares, hoje em dia indispensáveis na investigação, possibilitando igualmente o desenvolvimento de competências transversais fundamentais.

Foram recentemente  criados seis novos cursos de Mestrado na área da Psicologia, aguardando um sétimo (mais orientado para a investigação quer para estudantes que pretendam enveredar por carreiras neste domínio, quer para profissionais que pretendam assentar a sua prática profissional em temas emergentes e em competências de investigação) a acreditação pela A3ES, bem como o Mestrado em Educação Especial e Sociedade Inclusiva.

 

Redimensionar as redes de investigação, alargando a participação e liderança da FPCE-UC em projetos de raiz e organização comunitária é um vetor essencial para a consolidar a sua afirmação nacional e internacional, nomeadamente no espaço europeu de Ensino Superior?

Quando falamos de investigação na FPCE, não podemos deixar de referir a nossa Unidade de I&D na área da Psicologia, o CINEICC (Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental), que é um centro de investigação de referência nacional e internacional, avaliado com Excelente pela FCT (classificação máxima em todos os indicadores). Os seus Laboratórios (onde destacamos o Proaction Lab, detentor da única bolsa do European Research Council na área da Psicologia em Portugal e que tem impulsionado de uma forma impressionante a investigação na área da neurociência cognitiva), bem como o Observatório de Cidadania e Intervenção Social, são marcadores decisivos da investigação FPCE-UC, mas também na aproximação do trabalho de investigação à comunidade. Pelo contributo ativo e inovador para a resposta aos vários desafios societais, o impacto da investigação produzida na FPCE na sociedade é inegável. Estas diferentes estruturas de investigação têm redes de investigação nacionais e internacionais bastante sólidas, mas há sempre espaço para consolidar e expandir. Se pensarmos que a internacionalização é um objetivo estratégico transversal aos pilares da missão da UC, a promoção da mobilidade incoming e outgoing de docentes e investigadores é fundamental para a afirmação da FPCE como uma instituição de referência nas suas três áreas de formação no espaço europeu, mas também no contexto lusófono, onde existe um grande potencial de estabelecimento de redes de cooperação científica.

Marco Pereira, Sub

Segundo um estudo da IDC, em 2023 espera-se que 40% das instituições de ensino superior, evoluam para novas pedagogias digitais. Que desafios traz a transformação digital no ensino superior?

Recentemente, demos início a um ciclo de debates em torno da Inovação Pedagógica, fomentado pelo reconhecimento do trabalho de equipas de docentes da nossa faculdade com o Prémio Santander-UC para a Inovação Pedagógica, que se destina a estimular e reconhecer projetos e iniciativas de inovação pedagógica promovidas pelo corpo docente da UC. O debate já realizado revelou-se uma experiência de partilha de ideias verdadeiramente estimulante, tendo sempre presente que a inovação deve cumprir o principal objetivo de serem os nossos estudantes a beneficiar de práticas pedagógicas inovadoras. Obviamente, esta atualização e inovação não se esgota na dimensão tecnológica, até porque não nos podemos esquecer da dimensão humana da relação entre professores e estudantes, que tão bem caracteriza a nossa faculdade, mas também beneficia do crescimento que o digital teve nos últimos anos, particularmente impulsionado pela pandemia. E um caso particular é precisamente a plataforma on-line própria de apoio ao processo formativo que a UC desenvolveu e que foi recentemente distinguida como o melhor projeto no sector da educação nos Portugal Digital Awards, estando previsto o recurso à IA para otimizar o percurso de carreira de estudantes e de graduados.

Este ano, a FPCE-UC celebra 42 anos. Que marca pretende imprimir na sua direção para que a instituição seja cada vez mais uma referência nacional e internacional no Ensino, na Investigação e na Transferência de Conhecimento?

Os cursos da FPCE são considerados dos mais atrativos do país, estando todas as suas áreas de formação nos primeiros lugares do CNA. A FPCE integra os rankings internacionais mais conceituados, nos quais tem vindo a melhorar o seu posicionamento. Em  2022, está na primeira posição nacional em dois prestigiados rankings na área da Psicologia: o QS World University Rankings e Scimago Institutions Rankings. Manter e reforçar esta posição, bem como alargar as suas redes internacionais e o seu lugar em contextos comunitários de tomada de posição constituem dois pilares essenciais do nosso plano estratégico.

 

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