ISEC promove debate sobre a economia circular

O ISEC é uma das instituições mais prestigiadas do país e que tem a preocupação de implementar conceitos importantes que estão na ordem do dia. O professor Mário Velindro, presidente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, conversou com a Revista Business Portugal sobre o que é a economia circular, os projetos que rodeiam este tema e ainda a transformação digital.

A economia circular tem sido um dos temas cada vez mais falados. É por isso que o ISEC tem tido a preocupação de debater um conceito que se mostra essencial para o nosso planeta.

Mas afinal, o que é a economia circular?
O conceito de economia circular passa por, a partir do momento em que um produto entra em circulação, tenha todo o circuito definido para, quando deixar de ser usado, volte rapidamente para o ciclo da produção. O objetivo é não só terminar com os resíduos, mas também gerar novas oportunidades de negócio.
A grande dificuldade deve-se ao facto de, neste momento, o planeta ser incapaz de guardar o lixo que é produzido pela sociedade. Mário Velindro exemplifica este problema através da comparação do planeta à dispensa de uma casa. “Se formos guardando as garrafas vazias ou as latas chegamos a um ponto em que não temos espaço e depois temos que tirar tudo para recuperarmos novamente esse espaço”, acrescentando ainda que “a nossa dispensa global é o planeta”. Quem se dedicou ao estudo da economia circular conclui que muito em breve não teremos mais lugar para o lixo que é produzido. Entre eles estão os lixos gasosos “com as emanações provenientes das fábricas” que muitas vezes são tóxicos e provocam reações adversas para a atmosfera, face à incapacidade para filtrar raios nocivos, nomeadamente “o aumento do cancro de pele, distúrbios cutâneos, alergias e problemas de saúde ambiental”; os lixos sólidos em que existem objetos que têm vários componentes que não são reutilizados; nos lixos líquidos em que a maior parte das empresas, na área química, apresentam líquidos que contaminam e que são colocados para a terra. Assim, prevê-se que se o ser humano continuar com este comportamento, em 2050 “serão precisos três planetas iguais ao nosso para albergar os resíduos”, assegura.

Reorganização da economia
Na Resolução do Conselho de Ministros foram abordados vários planos de reorganização que, como referido anteriormente, resultam em novas oportunidades. Para isso, é fulcral que haja uma estrutura que faça de raiz toda a separação de resíduos e que conte com profissionais que estejam devidamente preparados e especializados para esta mudança. Esta medida será o ponto de viragem para que não seja necessária tanta matéria-prima. O professor explica que “isto é uma revolução que vai mexer com todos os setores de atividade, porque as empresas não estão preparadas para, de um momento para o outro, fazerem essas mudanças. A ideia é promover a reorganização do modelo económico. Quem fizer uma fábrica de raiz vai ter de o fazer no novo modelo para que na componente produtiva haja esse cuidado”.
Assim, para que a economia circular comesse a funcionar é primordial tornar objetos e produtos mais recicláveis e, em vez do único destino ser o desperdício, deve ser feito o desmantelamento do material com a devida separação dos componentes. Assim, surge o conceito de metabolismo da economia. Que significa que quanto mais depressa os materiais voltarem a ser utilizados, maior será o metabolismo de economia, visto que é reutilizado e volta a gerar valor económico. Porém, no início do projeto tem de haver um planeamento estratégico para que o material se transforme novamente em matéria-prima.

ISEC realiza atividades dedicadas à economia circular
Num ciclo de três conferências, o ISEC vai iniciar a primeira no dia 21 de março – dia da árvore – a debater o tema Economia Circular, ‘uma visão para o futuro’. Serão convidadas várias entidades que, de diferentes formas, estão envolvidas nesta temática. “A nossa ideia é discutir o assunto, trazer pessoas à escola que estejam ligadas a este domínio e que nos ajudem a ver como podemos contribuir, porque vai haver investimento para esta área que está ligada à sustentabilidade, à eficiência energética, energias renováveis”, explica Mário Velindro.
No mesmo dia irão aproveitar, de forma simbólica, para plantar uma árvore. Isto deve-se à iniciativa criada pela ONU de eleger 2019 como o ano da tabela periódica que comemora 150 anos. Uma vez que a tabela periódica tem 118 elementos, o ISEC irá criar uma tabela periódica humana. “Vamos incentivar cada um dos alunos, professores e colaboradores, nos seus locais, nas suas casas plantar uma árvore, ou seja, 118, cada elemento da tabela periódica”.
Outra iniciativa será o desenvolvimento de uma tabela periódica no formato de calendário que vai ser distribuído pelas escolas secundárias, “não só para chamar a atenção da importância da tabela periódica como também promover a economia circular e a sustentabilidade. Dizer aos nossos jovens que os materiais existem e juntam-se em ligações químicas em que algumas delas são perigosas e é preciso ter cuidado na sua utilização. Quando se fazem essas misturas têm de ser feitas de uma forma inteligente e o mais sustentável possível. Começa tudo pela formação de base e temos uma responsabilidade acrescida”, salienta.

Novos desafios: a transformação digital
O tema sobre a transformação digital irá fazer parte do ciclo de conferências realizado pelo ISEC. O professor considera que este assunto irá estar presente na sociedade ao longo dos próximos anos, pois a evolução tecnológica irá exigir mais conhecimento nesta era digital, já vulgarmente chamada por 4ª Revolução Industrial. Formar e reconverter os profissionais que estão no mercado será um passo importante para desmistificar a transformação digital que está relacionada com todos os setores, com especial ênfase para a robótica e para a inteligência artificial. Neste âmbito o ISEC já tem uma parceria com a empresa Critical Software, através do programa ‘Apostar em ti’, sendo já um exemplo de boa prática no campo de ação do INCoDE.2030, que é uma iniciativa governamental.
Para desenvolver ainda mais esta temática, Mário Velindro pretende implementar um projeto a começar pelas escolas básicas e secundárias para promover, junto das crianças, temas como a robótica e a impressão 3D, que ocupará em parte o lugar da engenharia convencional.
Através dos contactos estabelecidos entre o ISEC/Coimbra Engineering Academ e o setor empresarial, esta Instituição de Ensino Superior encontrou nas empresas dificuldades, no que diz respeito aos recursos humanos, em adaptarem-se às novas competências digitais. Acrescentou ainda que acredita que a forma de transmissão do conhecimento será alterada. “O professor passará a funcionar como um mentor e como um gestor de informação para o aluno. Grande parte da informação está na internet mas tem que ser filtrada e é o professor tem que ajudar o aluno para avaliar entre aquilo que é bom ou não”, prossegue. Isto significa que a componente futura de formação será a diminuição do contacto entre professor e aluno em que o contacto físico vai diminuir. A parte fundamental do professor vai estar mais ligada ao domínio prático, o domínio do saber-fazer.

Projetos para o futuro da economia
Para o futuro da economia circular, o ISEC vai promover programas de sensibilização sobre este tema para os alunos, quer do ensino básico quer do ensino secundário. “Vamos fazê-lo de forma simples, apelativa e através da imagem. Temos uma série de planos para mostrar às crianças o que é a economia circular e os seus conceitos”. Por outro lado, na formação dos seus alunos, vão implementar diversos workshops que os sensibilizem para este tipo de temas. Estas iniciativas irão permitir que quando saírem da escola tenham “uma nova ideia e que haja mais partilha de informação entre gerações”, conclui.

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