“A beleza vem de dentro”

Marta Black, Diretora – Geral

 

Contabilidade e cosmética são dois ramos completamente distintos, no entanto, Marta Black tem conseguido conciliar estes dois mundos ao longo do seu percurso profissional, tal como explica em entrevista à Business Portugal.

 

Explane o seu passado profissional. Em que momento da sua vida surge o projeto Black & Perry? Qual a análise que faz destes 14 anos de atividade da empresa?

Tirei o curso superior de gestão de empresas, depois fiz uma pós-graduação em auditoria financeira que me levou a fazer o curso da ordem dos Revisores Oficiais de Contas e tornei-me R.O.C. e paralelamente Contabilista Certificada.

A B&P nasceu há 15 anos, da vontade de duas amigas e colegas de curso, a Graça e eu, porque achámos que juntas fazíamos mais sentido, ambas fazíamos trabalhos de contabilidade por conta própria, e constituir a sociedade permitia crescer e alavancar o negócio. A análise não podia ser melhor, temos hoje mais de 100 clientes e somos uma verdadeira equipa e muito amigas uma da outra.

 

Explique a panóplia de serviços que são disponibilizados ao cliente. Neste momento encontram-se em Portugal e em Angola. O futuro poderá passar por expandir o negócio para outros países? Senão, que outros objetivos têm em mente?

Oferecemos todos os serviços na área do outsourcing financeiro, contabilidade, auditoria, revisão de contas, fiscalidade, entre outros. Neste momento estamos apenas focadas em Portugal.

 

Paralelamente, é diretora-geral da Sensai, uma marca que acredita que a beleza significa mais que o aspeto. É um conceito com o qual se identifica?

Trabalho com a marca Sensai (outrora Kanebo) há 25 anos. Todo o requinte e delicadeza que está envolta a Sensai, tambem eu me procuro rodear de pessoas belas por fora mas sobretudo por dentro, porque a beleza, tal como a Sensai, vem de dentro. Neste sentido, a beleza é um conceito com o qual me identifico.

Todos os anos há novos produtos com a promessa de retardar o envelhecimento, de oferecer uma beleza intemporal e sempre que sai uma novidade (ainda hoje) pareço uma criança a abrir um presente: excitada, entusiasmada e esperançosa do que aí vem. Uma coisa é certa, o nosso departamento de R&D é exímio e como orientais que são, só lançam um produto quando têm a certeza que vem para acrescentar. Podem passar anos, o objetivo é superior, nunca perder face, e apresentar sempre o melhor que temos para dar.

 

 

Tratando-se de um ramo totalmente diferente (cosméticos), podemos dizer que este é o maior desafio da sua carreira até aos dias de hoje?

É sem duvida o mais interessante, as pessoas com que me cruzo, o que vou aprendendo com elas, a evolução que demonstram ao longo dos tempos; trabalho com as mesmas pessoas há mais de 20 anos, quase uma vida! O mais desafiante é estar constantemente à procura de novas ferramentas para melhorar e crescer de forma saudável no meio de uma concorrência feroz.

 

Falemos também sobre si. Que características a definem enquanto mulher e profissional?  É-lhe fácil fazer a gestão do seu tempo entre a esfera pessoal, profissional e social?

Acredito que sei fazer uma boa gestão de tempo e, com o passar dos anos, estou muito melhor nesse aspeto. No meu negócio, como DG, tento estar atenta à empresa no seu todo, mas sobretudo atenta às pessoas que lá trabalham, trato as pessoas como elas gostam de ser tratadas, posso ser muito exigente mas sou também bastante compreensível. Não me deixo iludir, achar que sei mais do que os outros, defendo sempre a minha equipa. Dou a cara e tomo decisões tendo em conta o interesse global, conjunto da empresa e não um interesse particular. A esfera pessoal e social fundem-se muito com a profissional.

 

Qual é a sua opinião sobre a paridade de direitos entre homens e mulheres atualmente em Portugal? Acredita que, no mundo empresarial, as mulheres têm mais dificuldades que os homens em fazerem-se ouvir e em marcar a sua posição? Que características considera serem necessárias para que o consigam fazer?

Acho que ainda há algum preconceito, sobretudo vindo das mulheres; considero também que a mulher para marcar uma posição tem que ser muito melhor do que o homem, porque historicamente os cargos de chefia são dados aos homens. Há sempre o ‘medo’ que a mulher engravide e deixe de ser a ‘profissional’ que é… Na minha opinião, quando se é uma boa profissional, não há duvidas; não o deixará de ser se engravidar, é um medo muito primitivo, e que serve de desculpa para que se escolham homens para cargos de topo.

Para as mulheres, espero que sejamos todas melhores umas para as outras. Neste ponto acho que estamos a evoluir bastante. Trabalho muito bem com mulheres, sei que posso contar com elas, e costumam ter um olhar mais doce sobre o próximo, mais compreensíveis e menos focadas só em números. Estes são sem dúvida muito importantes, mas primar por dar ferramentas para haver um bom ambiente de trabalho em que todos os colaboradores estão motivados e orgulhosos da sua equipa, esse é um papel que as mulheres, quando são boas, são superiores. E se assim for os números acabam por acontecer.

 

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