40 anos de saber

O Instituto Politécnico de Coimbra é um dos maiores institutos politécnicos do país e uma das mais importantes instituições de ensino superior público em Portugal, que já há 40 anos valoriza as pessoas e o território em que está inserido. Em entrevista, o Professor Doutor Jorge Conde explica que aqui se aposta em fazer diferente e em afirmar a sua importância no sector do ensino.

 

Jorge Conde, Presidente

A Educação, para além de ser um direito de todos os cidadãos, contribui para o desenvolvimento da sociedade em que se insere. Tendo este sector uma importância fulcral, com um impacto significativo no nosso futuro, é prioritário encontrar soluções para os novos desafios impostos. Posto isto, qual foi o plano estratégico adotado pelo Instituto Politécnico de Coimbra?

O Politécnico de Coimbra tem adotado uma estratégia de completa abertura aos novos públicos e às novas necessidades do mercado. Assim, para além dos já tradicionais públicos oriundos do concurso nacional de acesso e dos concursos especiais, como por exemplo os maiores de 23, aderimos desde a primeira hora aos Cursos Técnicos Superiores Profissionais e, este ano, ao concurso local para os estudantes que realizaram o ensino secundário pelos cursos de dupla certificação (ensino profissional e artístico). Por outro lado, a abertura de um número cada vez maior de cursos de mestrado e pós-graduação vocacionados para a especialização de competências, ou para a criação de perfis adaptados às empresas parceiras, é a nossa estratégia para a construção de um futuro que será obrigatoriamente diferente.

 

A pandemia trouxe à tona uma crise económica e social e expôs, como nunca, o problema de desigualdade do país, sendo as instituições de ensino um espelho dessa realidade. De que forma é que o IPC tem combatido e colmatado essas desigualdades, de forma a evitar o abandono escolar? O que julga ser necessário fazer, no sentido de auxiliar as entidades de ensino português?

O Politécnico de Coimbra, tal como aconteceu com todas as outras instituições de ensino, esteve a trabalhar num ensino não presencial até ao final do ano letivo, voltando às salas de aula apenas para as avaliações e, mesmo assim, não todas. Desde a primeira hora que tentamos adotar todas as medidas que mitigassem as dificuldades sentidas pelos estudantes. Desde logo através do GAE (Gabinete de Apoio ao Estudante), que foi formalmente criado em 2019, e que tem como primeiro objetivo diminuir as dificuldades sentidas pelos estudantes e diminuir o abandono escolar. Lançamos também o PASI (Programa de Apoio Social Informático) que, com o apoio das escolas, garantiu que nenhum aluno deixasse de ter um computador à disposição para acompanhar as aulas. Procedemos à suspensão, em alguns casos, das taxas e emolumentos relativos ao segundo semestre e os estudantes puderam solicitar o prolongamento do prazo de pagamento das propinas. Os casos mais graves que nos foram colocados foram fruto de análise pelo “Apoio de Emergência ao Estudante” (A2ES) e solucionados sempre que disso houve necessidade.

As instituições de ensino não vão conseguir manter a dinâmica de apoio que tiveram neste semestre, desde logo porque não têm suporte financeiro para tal. Vai ser necessário que o Governo crie mecanismos de apoio direto aos estudantes, aumentando o número de bolsas e subsidiando o alojamento que, no próximo ano, terá nas instituições públicas uma queda, que nalguns casos atingirá os 50 por cento. Por outro lado, o facto de nem todo o ensino se conseguir fazer presencialmente requer que as instituições sejam apoiadas no financiamento de material e de pessoal que permita o desdobramento de aulas e um verdadeiro ensino à distância quando tal se impuser.

 

Jorge Conde candidatou-se ao cargo de presidente do IPC com o intuito de fazer mais, melhor e diferente. Apesar de, provavelmente, nunca ter imaginado ter de enfrentar desafios como os que se têm colocado no seu percurso, isto serviu de ‘combustível’ para manter esses objetivos iniciais?

Na realidade, grande parte do que nos tínhamos comprometido fazer está feito, ou em fase final de conclusão. Há ainda muitas coisas que não estavam no nosso programa e que a experiência nos foi aconselhando a fazer ou nos deu a oportunidade de fazer. A equipa que lidera o Politécnico de Coimbra trabalha todos os dias com grande empenhamento e é sempre possível fazer mais e melhor, mas a mudança de mentalidades que a isso levará requer tempo e resiliência e desta estamos suficientemente munidos.

 

Este novo paradigma veio tornar mais claro que quem apresenta capacidades de liderança faz a diferença. De que forma o IPC continuará a fazer a diferença e continuará a contribuir para o progresso local e desenvolvimento das empresas?

A nossa principal aposta foi, desde o início, fazer diferente e afirmar a nossa importância no sector e no território onde estamos inseridos. Potenciamos o Instituto de Investigação Aplicada do IPC, criamos o Gabinete de Inserção Territorial, estamos a reformar a nossa Academia de Empreendedorismo / Incubadora (INOPOL) e, num trabalho permanente com as escolas e os seus investigadores, procuramos ser cada vez mais relevantes e cumprir a nossa missão de instituição de ensino e de ciência. Estamos a criar condições para a descentralização da nossa ação com a abertura de cursos noutros concelhos da CIM Região de Coimbra e, muito brevemente, desenvolvendo polos de investigação e de prestação de serviços.

 

Assumem-se como instituição empreendedora e inovadora, que promove a investigação e qualidade do ensino. É essa aposta na investigação que faz com que o IPC continue a crescer e renovar? O que faz do IPC um parceiro ideal e indispensável?

O Politécnico de Coimbra é muito mais que protocolos e conversas. Aqui procuramos ser consequentes nas parcerias que criamos, tirando delas valor para as partes envolvidas, criando saber e riqueza. Com esta visão, procuramos apresentar às empresas soluções para a melhoria dos seus produtos ou serviços, para a formação dos seus quadros, para a internacionalização da sua ação. Aproveitando os financiamentos colocados à disposição para a ciência, levamos soluções às empresas que as possam ajudar a fazer tudo o que precisam. Mais do que o parceiro indispensável, queremos ser o parceiro ideal, com soluções aplicadas que resolvam problemas concretos.

 

Por outro lado, a aposta no trabalho em conjunto das seis escolas que compõe do IPC também faz com que tenham mais força e se diferenciem?

Essa é sem dúvida a mais complexa tarefa, mas também a nossa maior vantagem. O Politécnico de Coimbra tem seis escolas e uma imensidão de áreas científicas. É este cruzamento de saberes, a experiência e a conjugação dos mesmos, que nos dá força e nos diferencia. No trabalho com uma empresa, uma só equipa do Politécnico de Coimbra pode ajudar a melhorar processos industriais, contabilísticos, de comunicação e marketing, de saúde e segurança no trabalho, de contabilidade ou de finanças, entre outros. O saber é tão vasto entre as seis escolas, que podemos conjugar áreas aparentemente distantes entre si e desenhar processos supostamente improváveis.

 

Sendo o IPC uma instituição com uma grande tradição internacional e tendo a Covid-19 condicionado a mobilidade, como anteveem o próximo ano letivo?

Com otimismo. O número de estudantes interessados em vir estudar para o Politécnico de Coimbra não diminuiu. Quer no que diz respeito aos estudantes internacionais que aqui pretendem fazer todo o seu curso, quer nos estudantes de mobilidade que normalmente vêm fazer um semestre. Estamos a gerir com cuidado essa situação, já que sabemos as dificuldades que irão existir para a mobilidade física das pessoas, mas tudo faremos para dar resposta à procura que temos e que nos últimos três anos subiu exponencialmente.

 

O IPC continua a dar garantias de um futuro promissor, sendo parte ativa da transformação do país? Porque devem os alunos escolher o Politécnico de Coimbra?

Eu começaria pelo que menos depende de nós. Embora alguns dos nossos alunos nos escolham para estudar em Oliveira do Hospital, na Mealhada, em Cantanhede ou em Montemor-o-Velho, a maioria vem à procura da mística que é ser estudante de Coimbra. Coimbra é uma cidade mágica para qualquer estudante e isso faz a diferença para cerca de 10.000 dos nossos estudantes.

A par deste fator, o Politécnico de Coimbra é diferente pela atenção que dispensa ao estudante: a atenção que damos às questões da segurança, da saúde, da ligação familiar, a ligação que criamos à Cultura, ao Desporto, ao movimento associativo, entre outros. Estudar aqui é uma experiência única. As nossas escolas, o nosso corpo docente e não docente, estão centrados no estudante e, em regra, somos capazes de antecipar os problemas que se colocam.

Por fim, as nossas escolas estão equipadas com laboratórios que respondem às questões do ensino e da investigação; criamos mecanismos para que os estudantes e os professores possam dedicar-se mais à investigação e à ligação à comunidade; temos parcerias de excelência no mundo empresarial, autárquico, na saúde, no sector social, entre outros.

Diria que estamos capazes de proporcionar as melhores experiências e o melhor ensino, ou, como gostamos de dizer: com os nossos estudantes, juntos erguemos sonhos…

 

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