Uma referência da oftalmologia portuguesa
No mês que se comemora o Dia Mundial da Visão, a Revista Business Portugal esteve conversa com Manuela Cidade, Administradora e Diretora Clínica da Unidade de Almada, que destacou a inauguração este ano de um novo Bloco de Cirurgia Ambulatória.
A ALM Oftalmolaser assume-se como uma clínica de referência para o diagnóstico e tratamento da patologia do sistema visual, contando com mais de 25 anos de atividade. Qual a génese da clínica e como descreve o seu percurso?
A ALM resultou de um encontro de vontades e necessidades. Ela é a “descendente” de uma primeira empresa, a Oftalmolaser, que se dedicava exclusivamente à cirurgia refractiva por LASER, pioneira em Lisboa deste tipo de tratamento da miopia, do astigmatismo, da hipermetropia e da presbiopia. A Oftalmolaser teve um crescimento rápido e o espaço onde exercíamos a nossa atividade foi-se tornando exíguo. Por outro lado, eram muitos os doentes que nos pediam um atendimento mais abrangente, que incluísse os vários tipos de consulta e a realização dos diferentes meios complementares de diagnóstico. Acresce que muitos tinham também necessidades cirúrgicas e que na época esta se fazia essencialmente com internamento e frequentemente com anestesia geral, o que tornava a sua realização nas clínicas privadas, bastante onerosa. Este acumular de vontades levou-nos a encarar a possibilidade de criar uma clínica, dedicada exclusivamente à oftalmologia, em que o atendimento fosse diferenciado e da maior qualidade, realizado por profissionais de excelência e em que a cirurgia se fizesse exclusivamente em regime ambulatório e privilegiando a anestesia tópica. A nossa atividade nas atuais instalações iniciou-se em 1995 e é com orgulho que verificamos ter conseguido atingir os nossos objetivos: temos na ALM profissionais de extraordinária qualidade técnica e científica, estamos apetrechados com equipamentos topo de gama e inovadores, tendo a contínua satisfação dos nossos doentes permitido a expansão da empresa.
A ALM tem como missão prestar serviços de oftalmologia de qualidade por uma equipa diferenciada, utilizando técnicas inovadoras. Quais as principais especialidades e patologias que assegura tratamento?
Como já referi a ALM tem agora uma dimensão completamente diferente da inicial, prestando cuidados altamente diferenciados em todas as áreas da patologia oftalmológica, tanto médica como cirúrgica. Temos doentes das mais diversas idades e patologias. É claro que entre as doenças das crianças se destacam as situações de ametropia e o estrabismo. Nos adultos, para além das situações refractivas e da sua correção com óculos, lentes de contacto ou com cirurgia, prevalecem a catarata, o glaucoma, as doenças vasculares, as doenças inflamatórias, a patologia do vítreo e da retina, nomeadamente a retinopatia diabética, os descolamentos de retina e as maculopatias. A Clínica também está habilitada para o tratamento das diversas patologias corneanas, nomeadamente para a realização dos vários tipos de transplantes de córnea. Felizmente tem havido uma constante evolução terapêutica, pelo que estamos cada vez melhor apetrechados para tratar todas estas doenças.
Uma consequência da diversificação e intensificação da nossa atividade, incluindo da cirúrgica, tem sido a necessidade contínua de aumentar o espaço físico da clínica, assim como a modernização e requalificação do já existente. Foi com orgulho que inaugurámos este ano um novo Bloco de Cirurgia Ambulatória, totalmente independente das restantes instalações e construído, equipado e funcionando de acordo com os mais elevados padrões e práticas aplicáveis a este tipo de atividade.
Considera que a pandemia da Covid-19 teve repercussões na saúde visual dos portugueses?
É óbvio que houve repercussões negativas. Durante a 1ª vaga ainda se sabia muito pouco sobre a doença e houve a necessidade de confinar. Deu-se, tanto no SNS como na clínica privada, um acumular de consultas e cirurgias dado que só as situações de urgência eram atendidas.
Na ALM, a partir de maio de 2020, fizemos um enorme esforço de adaptação da clínica, reorganizando o espaço físico de modo a instalar algumas barreiras e a permitir o distanciamento social recomendado. Foi adquirido numeroso e variado equipamento de proteção individual, tendo sido adotadas rigorosas medidas de higienização. Sustentados pela implementação de um programa de contingência baseado nas recomendações de várias instituições idóneas, nacionais e internacionais, mantivemos a clínica aberta durante o período de confinamento, para a realização de consultas e cirurgias urgentes. Também foi implementado um sistema de vídeo consulta. A partir da segunda quinzena de Maio fomos aumentando gradualmente a nossa atividade mas é claro que será impossível, enquanto a situação atual se mantiver, retomá-la em pleno, dado que não podemos usar simultaneamente todos os nossos gabinetes, havendo também restrições no número de doentes que podem permanecer nas salas de espera. A organização tem resultado, os doentes apercebem-se do rigoroso cumprimento do plano de contingência e mostram confiança.
Se replicarmos as condicionantes que referi a todos os locais de atendimento oftalmológico do país, é fácil de concluir que as repercussões foram inevitáveis e que elas serão tanto maiores quanto mais grave e prolongada venha a ser esta crise.
A oftalmologia está em contante evolução. Quais os avanços tecnológicos mais significativos que aponta nos últimos anos?
De um modo geral, e como já referi, tem havido uma evolução muito positiva na deteção e no tratamento de quase todas as patologias oftalmológicas. Apraz-me salientar a cada vez maior eficácia e segurança do tratamento das situações oncológicas oftalmológicas, tanto do adulto como da criança e o tratamento de doenças degenerativas do nervo óptico e da retina, que classicamente conduziam inexoravelmente à cegueira e para as quais se abrem agora perspectivas bem diferentes. Mas mesmo as patologias mais comuns, muitas das quais já referi, têm tido evoluções muito positivas, graças à constante inovação técnica, que tem permitido diagnósticos mais precoces e precisos, feitos por métodos cada vez menos invasivos, e resultados cirúrgicos mais satisfactórios. Surgiram, por exemplo, novos métodos de caracterização e tratamento do Olho Seco, das patologias corneanas, novas fórmulas e equipamentos para o cálculo das Lentes Intra oculares, que por sua vez evoluíram no sentido de permitir uma boa visão tanto para longe como para perto após a cirurgia de catarata, novas abordagens, inclusive cirúrgicas, no tratamento do Glaucoma, as vitrectomias comportam menos riscos e permitem melhores resultados e já é possível fazer vitriólise com Laser. O aparecimento de novos fármacos, nomeadamente os de aplicação através de injeção intravítrea, tem melhorado o resultado final de situações muito graves, infecciosas, inflamatórias e degenerativas, todas potencialmente indutoras de cegueira.
O Dia Mundial da Visão é uma oportunidade para sensibilizar e motivar a população para a necessidade de verificar regularmente a saúde dos seus olhos. Que mensagem pode deixar para sensibilizar os nossos leitores?
Neste momento, a nossa grande preocupação é que no contexto de pandemia em que vivemos, os doentes evitem fazer o controlo das suas doenças com receio de um eventual contágio. A Covid-19 está cá mas as outras doenças não foram de férias e mesmo situações consideradas bem controladas, nomeadamente as resultantes de doenças crónicas, como por exemplo a Retinopatia Diabética ou o Glaucoma, podem agravar-se sem que o doente se aperceba. As situações de Degenerescência Macular obrigam a uma vigilância apertada e, quando indicado, a tratamentos regularmente administrados. Do mesmo modo perante situações agudas que se acompanhem de inflamação, dor ocular ou baixa de visão, devem os doentes procurar imediatamente uma observação especializada. De um modo mais geral penso que os doentes podem estar confiantes nos cuidados prestados pelos oftalmologistas nacionais e na contínua evolução desta especialidade.