Transparência e rigor no setor imobiliário
Situada em Aveiro, a imobiliária Nítida Inspiração atua em diversos pontos do país e rege-se por valores de humildade, responsabilidade e respeito ao próximo. A Revista Business Portugal foi conhecer Fátima Louro, a mulher que deu vida a este projeto.
A Nítida Inspiração apresenta uma postura de transparência e implementa uma política de proximidade com o cliente e proprietário. Este conceito foi desenvolvido por Fátima Louro que passou por várias áreas de atividade até chegar ao setor imobiliário. Consigo trouxe um pouco de tudo o que aprendeu.
Comece por nos contar o seu percurso até fundar a Nítida Inspiração.
Estudei em França até aos 14 anos. Depois vim para Portugal e comecei a estudar num colégio interno, em Famalicão. No verão ia para França ter com a minha mãe e trabalhava com ela nas limpezas e na costura. De lá trazia produtos que não existiam em Portugal. Trazia canetas de tinta permanente, aqui ainda se usava a tinta da china, e vendia cá aos colegas do colégio ao triplo do preço que comprava. Nessa altura não havia as facilidades que há hoje e como muitos ganhava, vendendo o que trazia e arranjava sempre part-times para poder fazer fase as despesas pessoais. Isto já revelava o meu espírito empreendedor e como gestora do meu próprio dinheiro. Mais tarde tirei o curso técnico-profissional de secretariado e depois de várias experiências de trabalho cheguei, finalmente, ao ramo mobiliário. Trabalhei durante dois anos em duas imobiliárias, na segunda tive o privilégio de alargar meus horizontes e conhecer melhor o ramo, até que juntamente com outro sócio decidi abrir o meu próprio negócio. Mais tarde, dissolvi a Sociedade e fiquei sozinha ao leme da Nítida Inspiração. A imobiliária faz três anos em julho de 2020 e tem crescido continuamente.
Qual é o balanço que faz dos três anos de Nítida Inspiração?
O caminho foi muito duro. Comecei do zero e recusei-me a trazer os contatos que tinha do emprego anterior, pois não acho correto eticamente. Comigo trabalham dois colaboradores que seguem os mesmos ideais que eu tentei implementar aqui na Nítida Inspiração: humildade, responsabilidade e respeito ao próximo.
Como funcionou o processo de recrutamento desses dois funcionários? Quais as qualidades que fazem um bom agente imobiliário?
Dei pouca importância à formação. É-me indiferente ter alguém com a escolaridade primária ou alguém com um doutoramento. O mais importante é encontrar alguém que partilhe os mesmos valores, seja proativo e consiga manter uma boa relação com os outros, seja cordial e simpático. A idade tem muito pouca importância se a pessoa for dinâmica e conseguir interagir bem com os outros. Facilmente ganho a confiança das outras pessoas o que é de extrema importância neste tipo de negócio. Precisamos do proprietário e precisamos do cliente. Se não tivermos respeito com ambos, humildade para reconhecer os nossos erros e responsabilidade para cumprir com o nosso trabalho, o negócio vai correr mal para uma ou ambas as partes. Esta transparência, este rigor está precisamente refletido no nome. Não achei boa ideia colocar o meu nome como nome da empresa e acabei por escolher este. Nítida porque procuramos que o negócio seja claro, seja nítido e Inspiração porque queremos inspirar aqueles que vêm falar connosco.
Os preços da habitação estão cada vez mais elevados. Qual é a sua perspetiva sobre este fenómeno?
Aqui à volta encontramos habitação muito cara. Cada vez mais cara, aliás. De modo a contornar isso e arranjar outras soluções, estou a tentar suprimir os intermediários do processo de construção de forma a conseguir habitação mais barata. Afinal, todos temos direito a ter teto. Como imobiliária temos um leque de clientes que não está a ser satisfeito porque não existe habitação para a gama de preços que podem pagar. Além da aposta na construção, procuro com afinco ofertas que se adequem às suas necessidades dos clientes e isso implica, muitas vezes, trabalhar com outras imobiliárias que partilhem também dos mesmos objectivos e caractrísticas pessoais já mencionadas atrás. Tentamos trabalhar sempre com parcerias porque essa é realmente melhor forma para encontrar as soluções à medida da pessoa que procura uma nova casa, um novo lar. Quando fui empregada de escritório na última imobiliária que estive aprendi muito acerca deste negócio. Trabalhava diretamente com os bancos e tinha muita autonomia. Uma das coisas que me saltaram à vista era que muitos dos imóveis ficavam no final das listas e acabam por ser esquecidos e nunca mais eram vendidos. Se todos trabalharmos em conjunto, a probabilidade disso acontecer é muito menor.
Quais os projetos para o futuro?
Quando me perguntam isso penso sempre: “Como é que eu sou nova e tenho pouca experiência na área imobiliária sigo para frente sem medo e arrisco investir, por exemplo, em construção e outras pessoas continuam reticentes? Qual é o medo?”. Cada vez mais os bancos têm as portas abertas. Não há que temer. Frequentei muitas formações e nunca parei de estudar e não quero ficar por aqui. Quero apostar cada vez mais em construções até aos 200 mil euros que é o que as pessoas procuram e não encontram e estou em busca dos mecanismos certos para fazer com que isso aconteça. Como já disse, existe uma espécie de pirâmide que esquematiza todos os intervenientes no processo de construção e eu quero cortar os níveis intermédios e trabalhar diretamente com a base ou reduzir os custos entre intermediários. Para quê trabalhar com alguém que vai estar a subcontratar se posso falar diretamente com a pessoa que seria subcontratada? Além disso, o futuro passa pela aposta na remodelação. Aqui em Aveiro já está bem avançado como quero também continuar por várias localidades e é uma coisa em que quero apostar: a remodelação de casas ou apartamentos. Além disso, espero também conseguir incentivar quem procura casa em Aveiro, a estar mais permeável a soluções fora do centro. Quero incentivar as pessoas a escolher habitação fora de Aveiro. A habitação é realmente mais barata e a construção de casas de raiz também é mais barata.