“Sou uma pessoa feliz com o meu percurso”

A alegria com que desenvolve o seu trabalho, o colocar-se no papel do outro, a sua capacidade de adaptação, o profissionalismo e confiança são os principais fatores que distinguem Carla Sá Fernandes enquanto consultora imobiliária. Recentemente, seguindo o seu propósito de vida de ajudar mulheres a sobressaírem o que de melhor têm em si, lançou um projeto de consultoria de moda, uma vez que o imobiliário e a moda têm em comum o facto de se lidar com pessoas e emoções!

 

Carla Sá Fernandes, Consultora imobiliária

 

A Carla desempenha um papel crucial na indústria imobiliária. Como foi o início da sua carreira na JLL? Quais foram os principais desafios e como os superou? Sempre quis seguir esta área ou houve um momento específico que despertou a sua paixão pelo setor imobiliário?

A JLL é uma empresa muito familiar, com um ambiente exigente e “leve” ao mesmo tempo, apesar de ser uma multinacional com mais de 400 pessoas, onde sinto que é fácil o relacionamento com os vários interlocutores e departamentos dentro da empresa. Em virtude de grande parte da minha experiência profissional – 16 anos numa multinacional farmacêutica – ter sido num ambiente corporativo, onde máxima liberdade é sinónimo de máxima responsabilidade, para mim, a integração foi absolutamente normal. Obviamente que para isso acontecer, foram fundamentais as minhas chefias e os meus colegas que me acolheram de braços abertos. A carreira de consultor imobiliário é um desafio constante; o que é hoje não é amanhã, o que ainda não aconteceu irá certamente acontecer. Os meus principais desafios foram, e continuam a ser, encontrar soluções para as adversidades e aqui é extremamente importante a confiança entre os intervenientes no processo de venda – vendedores e compradores – e pedir opinião a quem está “de fora” e nos pode ajudar. Reforço que as chefias têm aqui um papel fundamental. Lembro-me de um processo bastante complexo com várias dívidas às Finanças e Segurança Social, em que os compradores se disponibilizaram para ir a casa dos vendedores ajudar a resolver o assunto; a confiança e o objetivo no fecho do negócio foi tal que os vendedores chegaram as disponibilizar os códigos secretos.

O imobiliário surgiu inicialmente em forma de desafio. Pouco tempo depois de ter saído da indústria farmacêutica surgiu-me este desafio em forma de convite. Pensei para mim, porque não? Aliava o contacto com pessoas às vendas, que é o meio onde sempre me movimentei. Rapidamente me apaixonei por este mundo em que nos desafiamos a nós próprios todos os dias e, em que ao mesmo tempo, temos uma interação única com as pessoas. Tive muitos altos e baixos, tive de aprender a lidar com as minhas emoções e as dos outros, mas sinto que cresci bastante.

Ao longo dos mais de três anos na JLL, como avalia o seu crescimento profissional? Que experiências específicas contribuíram significativamente para o desenvolvimento da sua carreira na empresa?

Sou uma pessoa feliz com o meu percurso e com o que tenho conseguido. Tenho o privilégio de ter uma liderança forte, colegas e clientes que me têm feito crescer e com quem tenho aprendido bastante. A JLL permitiu-me ter contacto com uma realidade que ainda não tinha experienciado no imobiliário – a venda em planta. Esta valência fez com que eu começasse a lidar mais com clientes compradores do que apenas com proprietários que era onde eu mais me movimentava. Também a forma como as equipas da JLL recebem e trabalham as leads, fez toda a diferença.

A visão da JLL destaca-se por moldar o futuro do imobiliário para um mundo melhor. Qual a perceção do alinhamento entre a sua visão profissional e os objetivos e valores da JLL? De que forma estes princípios fundamentais são incorporados no dia a dia da empresa?

A sustentabilidade é um dos principais pilarespara a JLL, já que esta facilita a nossa capacidade de trazer valor a longo prazo para os acionistas, orientar ações que tornem o imobiliário mais sustentável, tentando incorporar, claro, as normativas de ESG, que são cada vez mais incontornáveis, criar espaços de bem-estar e seguros para todos.

Sobre os valores e objetivos, a JLL tem uma preocupação bastante grande com os colaboradores e onde se inserem algumas ações como:

  1. A diversidade e inclusão, que é um dos nossos grandes pilares;
  2. A sustentabilidade, que não só trabalhamos enquanto negócio, mas também diariamente junto de todos colaboradores;
  3. A responsabilidade social corporativa, onde em todas as ações envolvemos as nossas equipas (desde ações para apoio social com várias instituições, a doações de sangue regulares, a projetos para pormos a mão na massa).

 

Para mim, o fator mais importante e que sinto em perfeito alinhamento com a JLL, é a flexibilidade. Diria que é uma das palavras que mais nos define. A JLL apoia o crescimento profissional, sob uma política de liberdade e responsabilidade. Além disso, acredita no crescimento não só vertical, mas também horizontal – temos vários exemplos de mobilidade, de pessoas que transitam entre departamentos – dá-se oportunidade às pessoas para escolherem outros caminhos.

E claro, como já referi – a liderança: a chefia tem verdadeiramente um papel crucial no desenvolvimento das equipas, enquanto negócio e enquanto pessoas.

 

Numa indústria dinâmica como a imobiliária, como mantém o foco e a determinação para alcançar o sucesso nas suas atividades diárias como Real Estate Consultant? Como se diferencia no mercado imobiliário?

Acima de tudo, é preciso gostar muito do que fazemos e querer fazer bem, desde o início – em todo o processo. É fácil, por vezes, desviarmo-nos e não seguirmos a nossa “agenda”. Como é uma atividade com variações, diria que a disciplina é muito importante. Sou focada em soluções e tenho o privilégio de ao longo da minha atividade profissional ter construído uma rede de contactos que me permite ir ao encontro de quase “todas as necessidades dos meus clientes”. Para mim não há impossíveis. Digo muitas vezes que sou uma privilegiada pelas pessoas que conheço.

A alegria com que desenvolvo o meu trabalho, o colocar-me no papel do outro, a minha capacidade de adaptação, o profissionalismo e confiança são o que me distingue. Prefiro não ganhar hoje, se achar que não é um bom negócio para o meu cliente.

Na sua posição como c na JLL, como avalia o papel das mulheres e o seu progresso na liderança dentro da indústria imobiliária? Quais os desafios e oportunidades que as mulheres enfrentam ao alcançar cargos de liderança nesta área?

As mulheres estão cada vez mais presentes nas diversas profissões que atuam no mercado imobiliário, que antes era ainda dominado predominantemente por homens. Nos dias de hoje já não é tendencialmente um setor masculino. Existe, efetivamente uma organização, a WIRE (Women in Real Estate), que se foca precisamente em ajudar a dar oportunidades a mulheres no setor imobiliário.

A nível salarial, um consultor vive de resultados – diretos das suas vendas e esforço – e, neste momento, existem já muitas mulheres com panoramas financeiros iguais ou mais elevados que os homens. Penso que esse estigma está a desaparecer cada vez mais. Estamos numa geração onde a maior parte das mulheres trabalham, e ocupam cada vez mais cargos de liderança. Se voltarmos algumas décadas atrás, tal não acontecia no tempo das nossas avós, que o seu trabalho era em casa. Mas os tempos mudam, exemplos como eu e tantas colegas, são reflexo disso.

Profissionalmente, neste ramo nunca senti dificuldades por ser mulher. Mas acredito que isto tem também a ver com a nossa postura, atitude e confiança.

Ao ser um trabalho sem horários pré-definidos, é um mito pensar que podemos fazer o que quisermos e temos muito tempo livre. Pelo contrário, para sermos bem-sucedidos temos de estar constantemente hands-on.

Com isto, não quer dizer que não organizemos a nossa agenda, mas logicamente não existe o conceito de férias com telemóveis desligados, até ao fecho efetivo do negócio. Hoje fechamos um negócio, no dia seguinte já temos de acordar com olhos postos no próximo. Este é um tipo de trabalho onde estamos alerta 24 sob 24 horas – e aqui, não há distinção entre ser homem ou mulher.

A Carla recentemente desenvolveu outro projeto de consultadoria de Moda. Pode falar-nos um pouco disso?

Tendo formação em Consultadoria de Imagem e Stylist e Costura, no dia 9 de outubro deste ano, dei início a um projeto que já há muito tempo me é querido. “Os trapos” são a minha PAIXÃO de sempre! Não me lembro sequer de os meus pais me comprarem algo sem que eu escolhesse. Sempre fiz os meus próprios conjuntos e, desde muito cedo, comecei a escolher a roupa para a minha mãe e amigas.

Adoro imaginar as conjugações de roupas e acessórios e ir às compras sozinha ou acompanhada. Sou apaixonada por acessórios, sou versátil, misturo estilos e não me imagino a vestir algo “só porque sim”, dou sempre o meu cunho pessoal à indumentária. Mesmo que seja para ficar em casa.

Gosto de imaginar e concretizar.

Só me desfaço de peças quando já não estão mesmo em condições, caso contrário ou as reinvento ou guardo para a ocasião apropriada. Isto é extensível não só a roupa, como sapatos e acessórios.
Tenho coisas minhas desde os 15 anos, adoro e tenho roupa da minha avó e da minha mãe.

Lancei este este projeto, porque sinto que o meu propósito de vida é ajudar mulheres a sobressaírem o que de melhor têm em si e brilharem ainda mais!

 

Imobiliário e moda – têm em comum o facto de estarmos a lidar com pessoas e emoções!

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