“Será um festival rico em novas experiências”
A troca de experiências e saberes aliada à interculturalidade é a essência do Festival Islâmico de Mértola que, este ano, decorre nos dias 19 e 22 de maio. Mário Tomé, Presidente da Câmara Municipal, em entrevista à Business Portugal, sublinha que este é o maior e mais importante evento do concelho, com uma dimensão que ultrapassa as próprias fronteiras do país.
O 11.º Festival Islâmico de Mértola vai decorrer entre os próximos dias 19 e 22 de maio. Em que consiste esta iniciativa e qual a sua importância para o município?
De génese marcadamente cultural, com fortes raízes territoriais, o Festival Islâmico de Mértola assenta a sua base no trabalho de investigação arqueológica desenvolvida ao longo de mais de 40 anos em Mértola, em particular, a investigação referente ao período Islâmico. Neste evento, são assinaladas e exaltadas estas raízes e influências islâmicas de Mértola, promovendo-se, igualmente os valores do diálogo intercultural, da paz e da tolerância entre povos. O ponto auge acontece nos quatro dias do souk, mercado de rua nas ruas de Mértola cobertas de panos e caniços, há semelhança de um qualquer mercado de rua numa cidade de Marrocos. No souk, os cabedais, as djellabas, o incenso, o sândalo, o chá de menta, as especiarias, o artesanato e a mistura de vozes dão cor, aroma e melodia às ruas. Além do souk, o festival apresenta um programa diverso com concertos, oficinas, palestras, exposições, dança, animação de rua e gastronomia.
Este é um evento marcante para toda a região, muito esperado após os três anos de interregno devido às restrições da pandemia. É também, sem menor dúvida, o maior e mais importante evento de Mértola, com uma dimensão que ultrapassa as próprias fronteiras do país e com uma logística complexa e desafiante. É esta riqueza cultural e comprometimento de todos os trabalhadores da autarquia em conjunto com a comunidade, que permite receber milhares de visitantes nos dias do certame, tornando-o extremamente relevante em todos os campos do quotidiano.
Seja no impacto económico no concelho, pelas receitas que deixa na economia local, seja pela promoção cultural do território assente nesta herança islâmica. Esperamos que este ano possamos repetir o sucesso das edições anteriores.
O festival regressa à vila para voltar a celebrar a interculturalidade intrínseca da relação histórica de Mértola com o mundo islâmico. Que novidades estão reservadas para este ano?
Este ano, o festival estará um pouco diferente com a aposta numa nova configuração. Com o mote da Alcáçova ao Arrabalde, o festival irá manter a sua traça nas ruas do Centro Histórico, ocupando a Rua da Igreja de acesso ao Largo da Igreja Matriz de Mértola, sendo alargado para a envolvência do Largo Vasco da Gama e ruas que lhe dão acesso, já na parte “nova” da vila. Apesar desta nova configuração, da Alcáçova ao Arrabalde, o Festival Islâmico de Mértola continua a apresentar em 2022, um souk tradicional com ruas cobertas de panos e caniços, regressando também os concertos com nomes já confirmados como Al Qasar, Hey Douglas, Tamikrest, Trio Alcatifa entre muitos outros. Será um festival rico em novas experiências.
O Festival Islâmico volta a apostar no mercado de rua – souk, na música, nas exposições, nas conferências, no teatro e na gastronomia? Depois de no ano transato o festival ter sido adiado por causa da pandemia, este ano vai ser ainda mais especial este reencontro entre Mértola e os visitantes?
É uma marca deste festival. É verdade que a componente mais visível acaba por ser o próprio souk, mas o festival é muito mais do que isso. A troca de experiências e saberes, aliados à interculturalidade que pretendemos reforçar é a essência do festival que queremos promover!
Saiba mais em www.festivalislamicodemertola.com
Para além do certame que pretende mais uma vez reforçar os laços da herança islâmica e a identidade cultural que liga todos os países do Mediterrâneo, para aqueles que querem visitar Mértola, o que não podem mesmo perder? O que é que este concelho tem para oferecer aos seus visitantes?
Mértola, felizmente, é uma terra com muito para explorar. Seja a visita ao seu passado milenar através do seu Centro Histórico e dos núcleos museológicos, seja numa visita à área mineira de São Domingos e respetiva exploração da Rota do Minério ou ainda um passeio pelo Parque Natural do Vale do Guadiana que lhe permitirá a possibilidade de observar linces, águias e outras espécies que encontraram neste território o local ideal para se fixarem.
O que não podem mesmo perder é a oportunidade de visitar, com tempo, este concelho!
Eleito em setembro do ano transato, o que é que os mertolenses podem esperar de si enquanto presidente? Que objetivos espera cumprir durante o seu mandato? Que mensagem gostaria de deixar?
Podem esperar que seja a pessoa que sempre conheceram. Próximo de todos e todas, sempre com muita abertura e frontalidade. Estarei a lutar por Mértola, como sempre estive, mas agora numas funções um pouco diferentes. O passado de Vice-Presidente preparou-me para este desafio e Mértola concordou com o resultado que obtivemos nas urnas.
Seria normal enquanto Presidente da Câmara de Mértola dizer que a minha prioridade seria de captar e fixar pessoas, contudo prefiro referir que é uma das duas prioridades mais urgentes, a outra é elevar todos os dias os níveis da qualidade de vida dos mertolenses que cá residem e vivem diariamente em Mértola. Captar e fixar pessoas acaba por ser o resultado de um incremento de qualidade ao nível do emprego e da habitação. Nesse prisma, a Estratégia Local de Habitação, que pressupõe, de forma global, a capacidade de colocarmos habitação no mercado a preços controlados, e a construção da nova Zona Empresarial e Logística são duas das vertentes poderão contribuir para uma melhoria significativa destes indicadores que tanto necessitamos. Juntando a isto a conclusão e entrada em funcionamento do Lar de São Miguel do Pinheiro e da Estação Biológica de Mértola, o futuro de Mértola será, não tenho a menor dúvida disso, melhor e promissor.
Por fim, gostaria apenas de salientar a matriz muito própria de Mértola com uma identidade única e isso é inabalável. Existem problemas estruturantes que nos afetam, como baixa densidade populacional ou elevada vulnerabilidade às alterações climáticas e o risco real de desertificação física e humana) mas esse facto não será a desculpa para nos resignarmos, muito pelo contrário. Somos um território resiliente que toma nas suas mãos a ação, ensaiando soluções na pequena, média e grande escala, no curto, médio e longo prazo, em prol de todos os mertolenses.