Sente as pernas cansadas e pesadas? Consulte o seu médico

Dra. Joana Ferreira, Médica especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular

 

Definição
A Doença Venosa Crónica consiste num conjunto de sintomas (queixas) causados por alteração da função das veias. É uma patologia crónica e evolutiva. Nas fases iniciais, os doentes apresentam “derrames” (cujo nome técnico é telangiectasias) e nas fases mais avançadas os doentes podem apresentar úlcera venosa.

Principais sintomas
Os sintomas mais comuns são perna cansada, pesada e inchada (edemaciada). Estas queixas agravam-se quando o doente está muitas horas em pé ou com o calor. Os sintomas melhoram com a elevação dos membros inferiores. As cãibras, o prurido (“comichão”) e o calor nas pernas também são manifestações da Doença Venosa Crónica.

Diagnóstico
O diagnóstico é realizado através da história clínica do doente e do exame objetivo. O médico através das queixas do doente e observando as suas pernas consegue fazer o diagnóstico. Para comprová-lo pode solicitar exames que contribuem para o diagnóstico como o eco-Doppler. Trata-se de uma ecografia que permite perceber a morfologia e o funcionamento das veias.

Sintomas sazonais
Efetivamente, os doentes têm mais sintomas no verão ou na primavera, porque as queixas agravam com o calor. Mas a doença é crónica. Por isso, os doentes devem adotar medidas terapêuticas todo o ano.

Prevalência e implicações na qualidade de vida
Esta doença é mais frequente nas mulheres, ou seja, 60% das mulheres para 40% dos homens, e carateriza-se pela forte componente hereditária. Por outro lado, existem profissões que potenciam esta doença como as que exigem que os indivíduos se mantenham de pé durante longas horas. Muitos dos doentes têm a sua qualidade de vida severamente comprometida. De acordo com os dados disponíveis, pensa-se que a Doença Venosa Crónica é responsável por um milhão de dias de trabalho perdidos por ano. Cerca de 21% dos doentes pedem para mudar de posto de trabalho devido à sintomatologia. Esta patologia é responsável por cerca de 8% das reformas antecipadas.

Impacto da pandemia nos doentes
Com a pandemia assistimos a uma redução significativa na referenciação e no tratamento de doentes com Doença Venosa Crónica, particularmente nos períodos de confinamento. Curiosamente, nos períodos de desconfinamento verifiquei um aumento da procura. Muitos doentes, por estarem muitas horas em casa, começaram a olhar mais para as suas pernas e estavam mais atentos aos sintomas da doença venosa. Outros, por passarem elevadas horas na posição sentada apresentavam as pernas “inchadas”, razão pela qual procuraram a Cirurgia Vascular.

Prevenção
É importante um estilo de vida saudável: alimentação cuidada, evitar a obesidade, uma prática regular de exercício físico e não fumar. Existem alguns estudos científicos que demonstram que alguns medicamentos podem minimizar a evolução da doença. Os tratamentos mais invasivos, como a cirurgia, a radiofrequência ou o laser também visam evitar o agravamento da Doença Venosa Crónica. Contudo, em alguns doentes não conseguimos travar totalmente a progressão da doença.

Tratamentos disponíveis
Devemos tratar a Doença Venosa Crónica desde as suas fases iniciais. Atualmente, existem várias opções terapêuticas. O tratamento é adaptado à fase da doença e ao doente. É um tratamento personalizado. Os pacientes são frequentemente tratados com medicação para a parede das veias (fármacos venoativos) e meia elástica. Outros também fazem tratamento com escleroterapia líquida ou espuma, laser, radiofrequência ou cirurgia minimamente invasiva. O médico especialista em Cirurgia Vascular decide qual é a melhor opção para cada doente. Na maior parte das vezes um doente precisa de uma combinação de tratamentos.

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