Repolho Gastrobar: “Somos uma garrafeira que também serve comida”

O Repolho Gastrobar nasceu em Lagos e abriu portas dia 9 de janeiro deste ano, com a promessa de ser o espaço ideal para criar experiências que ligam as tapas ao vinho de excelência. Fábio Correia é o proprietário, que arriscou e quis tornar realidade um sonho antigo.

Apaixonado por hotelaria desde sempre, Fábio Correia é formador nas áreas de restauração e bar: “a minha mãe já trabalhava nesta áre e eu acabei por ingressar na Escola de Hotelaria e passar depois para formador”.
O Repolho Gastrobar nasceu de uma paixão pelos vinhos e da vontade de abrir em Lagos um espaço que permitisse desfrutar de bons exemplos vinícolas que não encontram nas grandes superfícies comerciais: “Repolho é o meu apelido. Não há nada mais tradicional e português do que este vegetal e, como queria criar um espaço tradicional, onde os produtos e a confeção seriam típicos, assumi que ‘Repolho’ era perfeito”.
O espaço onde está situado já tinha sido um restaurante, pelo que Fábio Correia sabia que o espaço era conhecido. Ainda assim, as obras feitas no espaço deram-lhe um nvo aspeto: “todo o trabalho que aqui está, de paredes forradas com madeiras, vinda de embalagens de vinho, foi feito por nós. O negócio foi concretizado em setembro e só em janeiro é que conseguimos abrir a casa”.
Com capacidade para 40 lugares, o Repolho caracteriza-se por ser um espaço agradável onde pode desfrutar apenas de um bom copo vinho e não tem obrigatoriamente de fazer uma refeição. Com isto, o objetivo passa por “implementar na sociedade o ritual de saírem do trabalho e virem divertir-se e descontrair antes de ir para casa”.

Centenas de vinhos acompanham a garrafeira
Se o vinho é o ex-libris da casa, não podemos deixar de falar sobre as várias referências que constituem a garrafeira da casa e que têm uma boa relação qualidade/preço. São elas cerca de 300, 100 por cento portuguesas e de diversas regiões do país. Somente o champagne não é nacional.
Ainda no que aos vinhos diz respeito, Fábio Correia confessa que o grande desafio foi conquistar a zona algarvia. “Os vinhos desta região estão muito presentes nas prateleiras dos supermercados e nós não queríamos apostar nesses vinhos que se encontram facilmente. Queríamos marcar pela diferença. Devido à sazonalidade, os produtores têm de colocar os vinhos nas superfícies e isso foi uma dificuldade”.
Para aumentar as opções e fazer crescer a garrafeira, o nosso entrevistado afirma que “os portos, o madeira e os vinhos de colheita tardia” são apostas que estarão na lista do Repolho Gastrobar.
Os apreciadores natos de vinho podem usufruir, no próprio espaço, do vinho a copo ou à garrafa; podem consumir no estabelecimento ou levar para casa e podem, todos os meses, contar com experiências diferentes: “temos uma prova de vinho branco e uma prova de vinho tinto. Estamos disponíveis para fazer provas para os clientes em qualquer dia, a qualquer hora. As provas são acompanhadas com as tapas e fazemos preços mais acessíveis”, prossegue.
Sendo o vinho o centro das atenções, não poderiam faltar os jantares vínicos realizados mensalmente. “Temos um enólogo convidado de uma quinta ou adega”. O feedback foi muito positivo e “conseguimos assim cativar mais clientes. Queremos fazer provas diferentes umas das outras”.
Para além da wine experience, o proprietário procurou implementar a beer experience com cervejas artesanais. Não é o foco principal, mas é mais um nicho de mercado que irá atrair vários clientes.

Tapas
Apesar de serem tradicionais, as tapas têm perdido lugar nos restaurantes. Fábio Correia pensou num conceito de partilha de comida, numa mesa repleta de pessoas que aproveitam o momento para comer, mas também comunicarem entre si. “Começamos a ver que havia clientes que vinham para almoçar e ficavam até ao jantar. Vêm mais amigos e juntam-se. É um espaço de convívio”.
Na carta, o país está representado de norte a sul, incluindo ilhas. Embora o menu seja adaptado aos produtos da época e às escolhas dos clientes, fazem parte dele os queijos e enchidos, as compotas e os patés, a farinheira e a alheira, os ovos mexidos com espargos e tomate à algarvia, o pica-pau, a sardinha, cavala, carapau, peixinhos da horta, punhetas e pataniscas de bacalhau, as tibórnias (clássica, alheira, sardinha, bacalhau) e pratos vegetarianos, como legumes à brás.
Em todos os pratos estão presentes produtos regionais e frescos, sem nunca esquecer a qualidade, que deve permanecer acima da quantidade.
Para os mais gulosos, as sobremesas não são fixas. O Repolho tem um pasteleiro na equipa que trabalha com a mesma filosofia da restante carta: produtos feitos de forma tradicional. Porém, o pudim de azeite e mel, o leite-creme e a mousse de vários sabores são algumas das sobremesas que fazem crescer água na boca.

Amigos do ambiente
Numa época em que se fala cada vez mais da relação prejudicial entre os plásticos e o planeta, o Repolho decidiu atuar no sentido de se tornar um Gastrobar amigo do ambiente: não utilizam plástico e reutilizam produtos. Exemplo disso são as cascas de laranja (utilizadas para fazer sumo de laranja) desidratadas e utilizadas nos cocktails.

Equipa – a segunda família
Uma casa não se forma sem as pessoas. Prova disso é este estabelecimento que foi criado “para o bem da equipa e foi um desejo de todos. Passo com eles muito tempo e são a minha segunda família”.
Para o novo espaço, Fábio confessa que contratar nunca foi uma dificuldade, na medida em que se tem “cruzado com pessoas que querem realmente aprender”.
A formação e as provas semanais realizadas são passos cruciais para a evolução do espaço e das pessoas que o coordenam. “Fazemos reuniões semanais para conhecer produtos novos que entram no estabelecimento. Os meus colaboradores são, na sua maioria, novos e com mentalidade aberta. Sabem que têm aqui um espaço onde podem evoluir”.

Um futuro abraçado por perspetivas risonhas
As noites temáticas (intimistas) com música ao vivo, nomeadamente fado e jazz são alguns dos projetos que estão a decorrer para perceberem qual aquele que melhor se adequa ao conceito do espaço.
Já a pensar no futuro, Fábio Correia quer continuar a trabalhar sem carta e através de recomendação. O crescimento e a aprendizagem estarão sempre de mãos dadas para vincar o conceito que tem vindo a criar. “Não queremos alterar o nosso conceito por nada”, porque “não há nada mais português do que o Repolho”, conclui.

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